O andarilho

Certo dia um jovem decidiu sair de seu palácio para se tornar um andarilho. Algo dentro dele o dizia para sair e conhecer o mundo, dizia que e ele se tornasse um andarilho a verdadeira felicidade iria sorrir para ele.


Então ele saiu, guiado por essa intuição, só com a roupa do corpo e sem saber para onde ia.

Seguia caminhos e nas bifurcações ouvia aquela voz dentro dele para poder escolher seu caminho e assim foi indo.


Ele achava frutos e ia se alimentando do que podia enquanto imaginava como deveria ser a felicidade. Primeiro ele pensou que seria um grande tesouro que o tornaria feliz, e depois de caminhar bastante decidiu que era um lugar que o faria feliz e depois de ainda muito caminhar ele achou que seria uma idéia que traria essa plenitude.


Ele foi seguindo até que parou diante de uma bifurcação diferente das outras. Havia uma placa dizendo: “não vá por este caminho” apontando para o lado esquerdo, mas ele era tão florido, cheiroso e cheio de frutos que ele se sentiu tentado. Sua voz interior o mandava ir por ali, mas ele sentou-se diante do caminho a refletir sobre a placa.

Se ela dizia para não ir por ali não devia haver um motivo, mas poderia muito bem não passar de leviandade esse motivo. A placa o assustou e ele se manteve fora desse caminho, sentado diante dele.


Com o tempo ele foi sentando cada vez mais perto, porque o cheiro era agradável e quanto maior a proximidade maior era a quantidade de comida que ele via. Já que estava faminto, seu desejo de caminhar por aquele caminho tão belo foi maior que seu medo da placa, então ele entrou.


Depois que ele entrou, os céus perderam sua luz e uma voz lá de cima bradou: hoje você selou o seu destino. Não obedeceu à placa e entrou no caminho. Agora deverá caminhar até o fim de seus dias nele sem saber que destino o espera.


Sem questionar, o andarilho começou a andar. Sempre sentia aquele aroma agradável das flores, o suave som do canto dos pássaros e o sol que sempre o acompanhava. Quando ele sentia fome o caminho o oferecia das mais variadas frutas e assim ele foi caminhando até entender que já havia encontrado sua felicidade. Ela estava naquele caminho.


Andando ali ele entendeu que não havia tesouro maior do que viver andando ali, pois o que importa não é possuir, mas sim se entregar ao belo sem querer que ele se entregue a você.

Entendeu, também, que não havia lugar mais agradável do que aquele caminho, pois ele precisava se mover sempre para conseguir mais alimento, e isso mantinha seu corpo forte.

E acima de tudo entendeu a maior idéia que pode levar um homem à felicidade, que é a de que não importa qual será nosso destino e sim como será a nossa caminhada, e que era aquela idéia de se renovar por todos os dias de sua vida naquele caminho que o fazia feliz.


O homem foi perdido de vista, e dizem que já faz séculos que ele continua a andar sem parar, mas deixou para trás o seu legado, um rastro de felicidade.

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