O poder e o fim do mundo

A religião perdeu o seu poder. É o que costumam no dizer. Na época do iluminismo a mente humana se emancipou. Mas o que é a mente humana? Só consegue alcançar a emancipação por esforço próprio! Se formos pensar bem, a religião ainda é um método alienante aplicado de forma conveniente.

Se por um lado se prega que a religião é o fundamento da moral, e que sem ela a humanidade estaria reduzida à selvageria, por outro as pessoas simplesmente não percebem que a religião está pregando, atualmente, em muitas vertentes, uma ideologia que sustenta o sistema selvagem no qual vivemos.

É claro que, como demonstrei no primeiro post desse blog, a moral não pode ser efetivamente fundamentada pela metafísica religiosa, pois o pensamento crítico simples tornaria a moral ineficaz. Para quebrar essa moral o indivíduo só precisaria de uma risada, só precisaria perceber a fraude da metafísica religiosa.

Mas o tema aqui não é debater a moral, e sim o contexto em se coloca, de forma conveniente, teorias sobre o anticristo e o fim do mundo.

Primeiro é bom deixar claro que nada garante a um indivíduo que lê a bíblia que as coisas escritas ali são profecias para os tempos de hoje. Aliás, é fundamental entendermos que, no processo histórico, todas a profecias foram “cumpridas” inúmeras vezes. Uma curta argumentação demonstra isso. A bíblia é um livro que pode ser interpretado de diversas maneiras. Pessoalmente, creio que há interpretações bonitas e úteis para a humanidade, mas a linguagem vaga empregada nesse livro dá abertura a interpretações funestas.

Recentemente correu o boato mundialmente de que querem criar microchips para controlar a população mundial, localizando os indivíduos. Para isso dariam a garantia de que esse sistema era apenas uma forma de manter o dinheiro de cada indivíduo seguro. Ignorando a discussão filosófica que demonstra que o dinheiro é uma farsa, vamos à base epistemológica, com a qual interpretaremos isso.

Minha primeira reação foi uma risada. Pensei: “mas que burrice, é claro que isso pode ser falsificado e é claro que o dinheiro poderá ser roubado. Não é mais fácil controlar as “finanças” através de uma avaliação rápida do material genético do que com microchips?”

A partir daí cheguei a uma conclusão simples: o sistema teria a utilidade de controlar o lugar em cada pessoa do mundo está. Isso é dá aos indivíduos que dominam a tecnologia um poder enorme, pois poderão saber onde cada pessoa do mundo está. Não só isso. Como o microchip funcionaria como forma de controle monetário, uma pessoa poderia simplesmente ter o chip desativado e se tornar indigente. Ou seja, isso impediria qualquer pessoa de reagir, de lutar contra o sistema.

A tentativa de justificar esse microchip com o fato de que ele estaria monitorando a saúde do indivíduo é risível, já que nós já temos mecanismos internos que detectam a maior parte das doenças. Mesmo assim, porque um aparelho monitorador de saúde precisaria ter um dispositivo que permite que a pessoa seja rastreada?

Não precisa.

Quando entrei em contato com essa informação fiquei indignado. Obviamente, meu sentimento foi de que isso deve ser combatido, pois eu estou partindo da premissa de que todos os cidadãos (incluindo eu mesmo) devem lutar por uma sociedade mais justa e igualitária.

É aí que a religião entra em cena, com seu maldito poder alienante. Foram lançados filmes chamados “deixados para trás”, que tratavam desses eventos como sendo o cumprimento de uma profecia. Segundo o paradigma apresentado, o homem que estaria por trás disso é o diabo. Por mais ridículo que seja, esse pensamento poderia ser útil, se não fosse acoplado a outro funesto. O de que Jesus voltará e levará os fiéis.

Em contato com essas informações as pessoas pensam: “É o fim dos tempos, Jesus voltará e me levará daqui.” E o que isso estimula?

Indiferença!

Afinal, de que adianta lutar contra o diabo se a profecia diz que ele tomará o mundo? De que adianta preservar um planeta se nós seremos levados dele? É tudo uma perda de tempo, segundo esse paradigma!

Diante disso, os indivíduos entram em contato com outra informação. A de que só serão levados para longe desse mundo que está prestes a ser dominado pelo “diabo” se forem fiéis. Em outras palavras, só se eles se mantiverem debaixo da orientação(manipulação) da religião é que serão salvos. O paradigma vai num nível tão podre que diz ao indivíduo que Deus está vigiando cada uma de suas ações, e isso acaba se tornando uma guerra mental.

No final, muitos se rendem, porque estão num mundo injusto(todos estamos) e na igreja prometem algo melhor a eles(que nunca virá). Nesse sentido a religião se torna um importante fator alienante, e uma das engrenagens que mantém a sociedade estagnada. Hoje em dia não se pensa em Deus como algo maior à que estamos conectados. Não. Hoje Deus é um sujeito que vai te dar tudo aquilo que aqui você não tem se você fechar seus olhos e sua mente. Se você não comer da fruta da ciência do bem e do mal. Na igreja eles idolatram a ingorancia e a servidão. Nós nunca saímos da idade média!

Meu conselho é: nunca caia nessa idéia. A situação do mundo é crítica demais para permitirmos que a ilusão da religião tome conta do mundo. A crença é, sim, válida, mas nunca em contexto coletivo. Não aceite a religião do outro, e não pense que alguma coisa justifica a indiferença.

Esse é só um dos exemplos de como a religião distorce a realidade e a mente das pessoas, criando ambiente alienadores e fazendo parecer que a convicção, quando na verdade ela é uma prisão.

Eu não quero o fim da religião. Até porque, isso seria uma ilusão. O que quero é o fim da manipulação da opinião acerca do mundo. Que a ciência deixe de ser combatida, e que a igreja passe a formar ativistas ao invés de pregar o fim do mundo. Se a humanidade vai sucumbir ou não ainda é escolha nossa!

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