Sobre mestres, conselhos e crescimento pessoal

Quando uma criança é pequena, se faz necessário que seja disciplinada e que tenha referencia externa, já que é nova, não se desenvolveu e, portanto, não tem discernimento sensitivo sobre as coisas. Pode acabar se matando por causa de sua própria ignorância.


Depois a criança se desenvolve na questão sensitiva a ponto de descobrir as sensações. A partir daí começa uma busca compulsiva pela satisfação do impulso de ter sensações boas. Quer doces à todo o custo. Brinquedos, jogos. Brinca de todas as maneiras.

Quando chega à fase adulta as brincadeiras já foram substituídas por outros impulsos. Impulso de posse, de satisfação sexual e de diversos complexos mal-resolvidos. Dessa forma, as mazelas acumuladas na infância voltam sob forma de neurose para o indivíduo.

Mas o ser humano é exímio em buscar subterfúgios. Não aceita que grande parte de seus problemas internos são causados por falta de consciência. Ao invés de buscar a si mesmo, busca um mestre para dar-lhe conselhos, e daí decorre que sua vida se torna um equívoco.

O mestre é um líder religioso, um livro de auto-ajuda, um deus personificado. É algo externo que promete a solução dos problemas. Diante de todas as privações materiais e psicológicas, isso é tudo o que o indivíduo quer. Alguém que tome suas responsabilidades.

Quando falo de responsabilidade não me refiro ao sustento dos filhos, e nem tampouco à pagar os impostos. Não é nada prático. Falo de responsabilidade pelo próprio crescimento e autoconhecimento. Uma responsabilidade que ninguém é obrigado a seguir e que muito poucos conhecem.

Como diz Gibran:

“O professor que caminha na sombra do templo, entre os seus discípulos, não dá a sua sabedoria, mas antes a sua fé e amor.
Se for realmente sábio, não vos convida a entrar na casa da sua sabedoria, mas antes vos conduz ao limiar do vosso próprio espírito.”

Ou ainda, como dito nas Pequenas lições:

Um homem não pode libertar o outro
Não pode amar pelo outro
Não pode tornar o outro sereno e nem pleno.
A salvação é individual.

Nenhum Deus, nenhum homem, nenhuma estrela.
Nada tira dos homens a responsabilidade,
De amar porque liberta
E libertar porque ama

Noutras palavras, a sabedoria não pode ser transmitida. O desenvolvimento e a “salvação” são individuais. Vejam que quando falo de salvação não me refiro a qualquer visão religiosa. Falo de salvar-se das determinações mesquinhas do Ego.

Quando um homem toma o lugar de mestre e começa a dar conselhos ele, na verdade, não faz mais do que falar de si mesmo. É exatamente o que eu estou fazendo aqui. Falando de mim. Cada um que o ouvir interpretará o conselho segundo sua própria visão, porque um homem não pode ver o mundo segundo a ótica do outro.

A partir daí chega-se numa conclusão desconcertante: ser mestre é enganar os outros, e ser discípulo é enganar-se a si mesmo. Porque por melhor que seja a intenção do mestre, ele só transmite amor ao próximo.

Nenhum homem pode ter a pretensão de se responsabilizar pelo crescimento dos outros, e é por isso que os conselhos são inúteis. Porque quando uma pessoa ouve um conselho, por mais agradável que ele pareça, ela não assimila seu significado sem ter vivido algo análogo, e se ele já viveu, provavelmente o conselho será inútil. Se for de alguma utilidade será de lembrete.

A sabedoria real vem de dentro do homem e nunca de fora. Eis o motivo pelo qual não existem mestres ou conselhos a serem seguidos: segue-te a ti mesmo, busca teu próprio crescimento e seja livre!

Apesar de isso parecer um conselho, não especifico como isso deve ser feito. É minha contradição. Se desejar seguir-me, toma a tua capa e segue-te a ti mesmo. Seja teu próprio mestre e ouça teu próprio espírito.

1 comentários:

Anônimo disse...

É meu amigo mestres tem sempre um grande valor em nosso desenvolvimento intelectual, que sejamos bons mestres como os que tivemos, abraços.

Ps.: a fotin do papa ficou buita, kkkk