2070

Eu estava na minha casa, que havia se tornado um abrigo. “O perigo espreita”, diziam as pessoas.
Eu não entendia bem o queriam dizer com isso, provavelmente se tratava da gripe suína. No entanto, algo me intrigou profundamente. Estávamos trazendo mais pessoas para dentro de casa, como se isso fosse, efetivamente, reforçar a nossa proteção.
No quintal dos fundos chegamos num beco que estava sendo como que consagrado pro pessoas com roupas brancas e varas douradas com lamparinas da ponta na mão. Isso em plena luz do dia.
Era a minha casa, e a minha família estava comigo junto com alguns estranhos. Decidi investigar.
Saí de casa e pude perceber, em meio as poucas pessoas que ainda andavam nas ruas um certo terror, que simplesmente não tomava conta de mim. De repente alguém gritou:

- Eles chegaram!

Vi uma grande armadura azulada, parecendo ser feita de aço, montada numa carruagem sem cavalos que era acompanhada por uma moto da mesma cor. Vinham em minha direção, e, num instante, eu estava montado naquela mesma moto. Acelerei e pulei o muro do quintal dos fundos. O muro estava baixo como costumava ser logo que me mudei.
O homem da armadura azul veio falar comigo.

- Chegou o tempo de purificação, e aqueles que são muito ansiosos e egoístas serão levados daqui para viveram noutro lugar até que se recuperem e possam voltar. É o ano 2070.

Eu não disse nada, pois era como se eu já soubesse que isso estava por vir. É por isso que eu não tinha medo. Eu não seria levado.
Pessoas apareceram na minha frente, oriundas de luminosidade e desapareceram logo em seguida. Entre elas havia crianças, adultos, adolescentes, velhos. Pessoas de todas as etnias e classes sociais. Estava sendo selecionadas segundo o nível de vibração da alma.
Todas as pessoas que estavam na minha casa desapareceram, inclusive uma irmã minha. Só sobraram minha mãe, minha irmã e o marido dela, que sorriam. Os outros foram levados e eles sorriam. Sabíamos que era para o melhor de todos.

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