Sobre o comunismo numa sociedade alienígena



Esse post na verdade é uma prévia de um livro que estou escrevendo: Os visitantes 2.

De repente Felipe não pôde se conter e começou a falar.

- Mas me diga, como é a sua sociedade? Vocês são comunistas?
- Entendo que essa seja uma classificação local, mas não a conheço perfeitamente. Sei que se trata de uma forma de organização social, então posso explicar como é e depois você diz que é comunismo ou outra coisa. - respondi
- Certo, continue.
- Em primeiro lugar, minha civilização não troca. Essencialmente porque não há nenhuma necessidade para isso. Assim, não temos dinheiro, mercado, investimento, pobreza, escravidão e todos os outros efeitos decorrentes da escassez de recursos. Além disso, o processo de decisões é muito mais complexo do que o local, já que a expectativa de vida é maior e nossa memória é relativamente ilimitada. Assim, separamos as decisões segundo preferências: há tantas decisões a serem tomadas que é impossível uma pessoa decida em todos os casos. Mesmo que ela fique sem dormir, perderá algumas decisões, isso sem falar que não terá tempo pra pensar. Assim, cada habitante com sua cosmologia e seus valores, tomam decisões em suas áreas de preferência no momento. Algumas questões são mais polêmicas, como a possibilidade da criação de consciência, e nessa a maioria quer votar, mas há outras questões técnicas relativas às mais diversas áreas do conhecimento que são tratadas apenas por quem tem interesse no assunto. Apesar de que existem grupos separados muito por diferenças psicológicas, nenhum habitante possui necessidade de ter poder dentro da sociedade.
- Mas não é natural que o ser humano queira experimentar a sensação de poder?
- Não sei te responder. Mas nas nossas simulações há realidades virtuais de todas as naturezas, o que inclui dominação tanto de natureza sexual quanto política. E mesmo sabendo que é tudo de mentira, os jovens tendem a levar isso muito a sério. Mandam e obedecem como se realmente tivessem algum poder, quando na realidade todos sabem que um homem sozinho não é nada. Em minha opinião isso é natural nos primeiros anos da vida. Eu por exemplo, era o líder de um exército, todos obedecendo a hierarquia como se ela fosse real, pelo simples fato de que ninguém conseguia me vencer num combate corpo a corpo. Entrei em incontáveis batalhas e quase conquistei toda aquela realidade virtual antes de perceber que eu estava jogando minha vida no lixo. Há habitantes da minha idade que ainda vivem nessa. É lamentável.
- Entendo. Mas você disse que há diferenças psicológicas que separam os homens. Isso não cria conflitos?
- Conflitos ideológicos, claro, mas nunca nenhum tipo de agressão ou censura.
- Porque não?
- Olha, há diversas explicações. Há quem diga que nós somos naturalmente superiores a vocês, ou quem diga que nem existe um conflito psicológico. Eu, no entanto, creio em uma explicação que pode ser difícil de entender dentro dos seus parâmetros.
- Tente explicar.
- O que observo é que, conforme o tempo passa, um artista se torna pensador, um pensador se torna artista. Por maior que seja a quantidade de grupos diferentes, conforme o tempo passa a mente vai procurando se expandir, desenvolver-se a todo o seu potencial. Por isso os interesse artísticos, intelectuais, sentimentais e até os dos sentidos vão variando conforme o tempo passa: porque a mente quer se completar.
- Entendo. Mas me fale sobre a segunda das duas primeiras explicações que você citou. Que dizem aqueles que acreditam que não há conflitos psicológicos?
- Esses são o bundões.
- Hahahahahahah! – Roberto me olhou com um olhar surpreso
- Isso é um termo pejorativo? – perguntou Felipe dando uma risada leve
- para alguns é. Para os Bundões, no entanto, é uma honra. Na verdade esse nome não possui uma conotação normalmente pejorativa na minha linguagem.
- Mas então o que significa?
- Pra isso terei que voltar no tempo e te explicar muitas coisas. Tudo bem pra você?
- Certo, explique.
- Pois bem, depois de uma era muito parecida com a digital em que vocês vivem, chegamos na era meta-biológica, em que dominamos a tecnologia biológica em eu nível físico.
- Há um nível para além do físico? – perguntou Roberto.
- Hoje sabemos que há um nível molecular na tecnologia biológica natural do nosso corpo. Há toda uma lógica envolvendo as moléculas do corpo que muitas vezes vão para além do nível físico propriamente dito. Há quem diga que é devido a isso que ocorrem os efeitos psicossomáticos, já que conseguimos impedi-los com nossa tecnologia, mas eu tenho minhas dúvidas.
- Certo, continue. – disse Felipe
- Pois bem, ao desenvolvermos essa tecnologia, conseguimos fabricar partes do cérebro. Criamos partes para as mais diversas funções e conseguimos driblar as mais diversas formas de defesa do organismo. Inicialmente, conseguimos curar todas as doenças mentais de natureza física, mas depois essa tecnologia começou a trazer mudanças de paradigma. Começamos a criar partes cerebrais com o intuito de aumentar nossa capacidade neurológica, já que aparentemente não era possível alterar o cérebro. Os primeiros testes foram um sucesso: conseguimos criar aparatos de memória e raciocínio que se integraram ao nosso cérebro. Para falar na sua linguagem, é como se tivéssemos colocado uma calculadora e um HD adicionais no nosso cérebro.
- Vocês evoluíram! – disse Felipe eufórico
- Há quem diga que sim, mas deixe-me continuar.
- Certo, adiante.
- Isso tornou comum a todos os cidadãos a linguagem das fórmulas matemáticas, que parecia pra muitos complexa demais para ser entendida, e ajudou muito o nosso progresso intelectual em diversas áreas que exigiam grande quantidade de informação. Conseguimos, depois disso, interpretar padrões mais complexos que exigiam esforço mental extremo. No entanto, o que foi percebido é que isso não aumentava a criatividade dos indivíduos. Antes, era comum que um indivíduo que entendia bem a linguagem das fórmulas matemáticas conseguir desenvolver uma teoria nova, mas isso diminuiu drasticamente em termos estatísticos. As pessoas que só entendiam as fórmulas por causa do aumento na capacidade cerebral simplesmente não tinham idéias novas: a concepção, o avanço científico, parecia vir apenas daqueles que eram capazes de entender essa linguagem sem necessidade de usar os aparatos cerebrais.
- Mas por quê? – perguntou Roberto
- Segundo minhas fontes e minhas próprias observações, isso é porque a capacidade de processamento lógico foi aumentada, mas esses avanços possuem origem ilógica.
- Mas o que? Como?! – perguntou Felipe
- Isso ainda é pouco claro, mas nós observamos muitos indivíduos e percebemos que as idéias geniais vinham de outra área do cérebro, normalmente negligenciada por muitos. Chamavam-naela de intuição e diziam que é a função cerebral do misticismo.
- Passaram-se 15 anos em que o senso comum intelectual não aceitava tal possibilidade e simplesmente negava pelo fato de que os ditos místicos a utilizavam para trazer implicações espiritualistas. Até que um dia um homem decidiu tentar expandir essa área do cérebro com meta-biologia e perdeu o juízo. Mesmo depois que o dispositivo foi removido ele continuava sempre repetindo uma estória fantasiosa na qual havia uma guerra pela mente as pessoas, que homens de outros mundos nos manipulavam usando a força mental. Um dia ele cometeu suicídio, alegando que os alienígenas demandavam o sacrifício dele.
- Que coisa horrível! – disse Roberto. – Mas e os Bundões? Parece que você foi falando e esqueceu deles!
- Bem, é aí que eles entram. Depois desse evento muitos esqueceram a possibilidade de evoluirmos com esse avanço tecnológico, mas alguns criaram uma sofisticada teoria, segundo a qual bastaria multiplicarem devidamente o raciocínio consciente que ele se tornaria mais eficaz e exato do que aquele intuitivo, que sempre se mostrava muito nebuloso. Eles afirmavam que o avanço científico pela intuição era muito lento e que teorias novas eram pouco claras por ser esse meio de entendimento demasiadamente limitado.
- Tá, mas onde a bunda deles entra nessa história? – perguntou Felipe
- Pois bem, o que houve é que não há espaço no crânio para tal capacidade mental, então eles desenvolveram um tipo de tecido meta-cerebral que não precisa de um crânio rígido como proteção. Assim, substituíram todo o tecido adiposo das nádegas por esse tecido e criaram, efetivamente, dois novos cérebros pro corpo, um de memória e outro de raciocínio. Isso causou muita polêmica, várias piadas sobre egocentrismo, sobre ter a cabeça na bunda, e eles não reagiram. Apenas continuaram buscando provar o que diziam. Era assustadora a capacidade que eles ganharam de percepção, mobilidade motora. Foi criada uma categoria especial nos esportes porque os outros não podiam competir com eles. Aprendiam todas as disciplinas quase que instantaneamente, e o líder deles começou a desenvolver robôs capazes de executar basicamente todas as funções práticas das pessoas. Esses robôs se comportavam de forma parecida com o ser humano, com a diferença de que nunca mudavam a não ser que reprogramados. A partir desse momento, as funções que não exigiam criatividade se tornaram obsoletas e a nossa produtividade estava tão avançada que ficou decidido que eliminaríamos todo o mercado.
- Então vocês já tiveram mercado? – perguntou Felipe
- Sim. Enquanto houve escassez nós precisamos do mercado.
- Certo, mas vamos recapitular. Você começou a falar isso tudo no intuito de nos explicar sobre a opinião segundo a qual não há diferença psicológica entre os homens, certo? Ou já se perdeu desse raciocínio?
- De maneira alguma me perdi. Estou chegando lá. Se você quiser, no entanto, posso falar de outros assuntos. Entendo que você tem questões sobre sexualidade retidas.
- Como você sabe disso?
- Difícil te explicar. Entenda da seguinte maneira: os seus pensamentos causam leves modificações moleculares e assim meus robôs podem detectar aqueles que estão mais urgentemente na consciência.
- Então vocês possuem telepatia?
- Não é bem telepatia. Teoricamente essa faculdade existiria sem a necessidade dos robôs. Nós temos algo como uma pseudo-telepatia, controlada pelos dispositivos de controle dos robôs. Isso fica evidente diante do fato de que as questões que não estão na consciência são pouco claras. E ainda assim, eu não faço idéia de quantas idéias existem para além dessa que estão agregadas nela.
- como assim? – perguntou Felipe
- Acontece que sempre que pensamos algo, há algum tipo de motivação emocional ou mesmo outras idéias, e uma estrutura de linguagem, que são de alguma forma “implícitos” e que não podem ser detectados por estarem numa forma em que, muitas vezes, nem a própria pessoa entende. Apesar de que hoje em dia há uma grande controvérsia sobre isso, pois os Bundões declaram ter entendido a essa estrutura completamente e dizem que ela é apenas muito complexa para ser compreendida sem o cérebro adicional. Particularmente, eu não acredito nisso, porque eles não percebem a estrutura deficiente do próprio pensamento. Agora sim cheguei ao ponto de antes.
- Nossa, isso é tão... incrível... – disse Felipe
- Pois bem, a tese que eles sustentam é a de que há apenas pessoas em diferentes estágios de desenvolvimento cerebral e que, portanto, naturalmente todos nós acabaremos mudando o nosso pensamento em direção ao deles quando “evoluirmos”.
- Mas que presunção ridícula! – disse Roberto – Será que eles não percebem que isso é um absurdo?
- Mas como você pode saber? – disse Felipe. – Não é obvio que esses indivíduos possuem um enorme conhecimento, que excede em muito o nosso?
- Pode até ser, mas isso se chama racionalização.  Essa afirmação é simplesmente ousada demais, isso é inflação do Ego!
- O que você nos diz, Matias? – perguntou Felipe
- Eu vou parafraseando um bom amigo meu, o místico do novo mundo: “Parecem uma criança que construiu asas e tentou voar até o arco-íris em busca do tesouro que nunca encontrará.”. Eles pensam que vão mostrar a todos que não existe nada irracional porque não suportam a idéia de que sua fantasia racionalista esteja errada. O mais ridículo são os argumentos obviamente Ad Hoc que eles usam para justificar os fatos que contradizem essas premissas diretamente.
- Mas que fatos são esses? - perguntou Roberto
- Bem, eis alguns. Os anciãos, que possuem mais conhecimento e experiência, simplesmente não apóiam isso. Em resposta, eles dizem que esse argumento é um apelo à autoridade e que os anciãos estão apegados à tradições mortas. Esse argumento não é completamente destituído de sentido, mas eu aprendi a respeitar esses anciãos por seus conhecimentos e já vi diversas evidências de que eles conhecem algum tipo de realidade superior que não nos exibem porque falta em nós a maturidade para entender.
- Certo, então nesse ponto é possível aceitar o ponto deles. Estaríamos num impasse, certo? – perguntou Felipe
- Estaríamos se as evidências psicológicas não fossem tão absurdamente contrárias a essas proposições.
- Como assim? – perguntou Roberto
- Muitos desses pensadores abandonam o grupo e começam a ter vivências irracionais, se tornam músicos, escritores, poetas. Até místicos! E muitos artistas se tornam pensadores, e parece que o tempo todo nós vamos mudando entre a posição deles e outras dos mais diversos tipos. De forma alguma nós ascendemos entre um grau mínimo, o mais distante do deles possível, e um grau máximo, o deles. E parece regra que quando os homens chegam na idade dos 150 anos essas questões são abandonadas. Somente o filho do sábio insiste nisso depois dessa idade. Antes, a mim parece que nós vamos caminhando pelos mais diversos tipos de vivências até alcançarmos uma espécie de maturidade mental, que exige tanto a vivência do que é lógico quanto daquilo que irracional, ilógico, sem sentido.
- ora, primeiro que você repetiu o apelo à autoridade no meio do seu argumento. E segundo, que respostas eles dão a esse argumento? – disse Felipe
- Apesar de todos concordarem que o argumento é “furado”, há basicamente duas posições diferentes. A primeira, sustentada por pensadores que nunca foram artistas, é que o argumento é simplesmente falso por causa da ausência de material empírico. A segunda, sustentada pelos pensadores que já foram artistas, é a de que a mente procura sim se desenvolver, mas as outras faculdades não se envolvem com o saber e que, portanto, os argumentos dos pensadores são razoáveis quando isso envolve a evolução do pensamento. Daí, como o pensamento e o conhecimento são a coisa mais importante que existem, a posição dos pensadores fica justificada.
- Em resposta a isso, o que você diz? – perguntou Felipe
- Contra o primeiro argumento, que é uma falha epistemológica. Eles simplesmente imaginam que encontraram os critérios corretos para a observação dos fenômenos quando não fazem nada além de projetar nos fenômenos uma necessidade psicológica de coerência. Assim, tendo eles determinado o que pode e o que não pode ser um fato de maneira ilegítima, jamais poderiam perceber esse fenômeno, porque entra em contradição com sua visão estreita de mundo.
- Mas e a resposta dos que já foram artistas? Não parece razoável? – Perguntou Roberto.
- Primeiro que eles começam com a premissa de que o conhecimento é a coisa mais importante que existe. Pra mim, isso simplesmente não é verdade, porque considero o amor mais importante. Depois, eles presumem que é somente através de meio lógicos e racionais que podemos alcançar o conhecimento, sendo que isso não foi comprovado até hoje. Claro que eles não podem negar sua antiga natureza de artistas, então dão algum lugar à existência do argumento no qual eu creio, mas distorcem tudo de maneira tão grosseira que parece que nunca foram artistas. Toda a sua obra, a qual se dedicaram com tanto prazer, abandonam, e parece que jogam a criatividade no ralo para absorver informações ao infinito através dos bundões recém adquiridos. E por incrível que pareça eu considero isso válido como um período do desenvolvimento psicológico: desenvolver o pensamento e a consciência. Apenas não apoio a unilateralidade deles, só isso.
- Mas há algum argumento contra eles? – perguntou Roberto
- Bem, há a psicossomática.
- Como assim? – perguntou Felipe
- Acontece que eles precisam estar continuamente combatendo efeitos psicossomáticos e até hoje não encontraram a formula segundo a qual podem evitar isso que consideram um efeito colateral dos outros centros neurológicos. Na verdade hão há evidência, em nível molecular ou biológico, de que há algum conflito entre os dispositivos e o cérebro original. Antes, parece que isso está comprovando uma teoria que eles não aceitam: que é precisamente a unilateralidade da mente e a insistência numa forma de vida ilegítima que causa uma reação da mente. Assim, eles precisam constantemente compensar aquela sensação de vazio e os efeitos psicossomáticos com os robôs.
- Você está dizendo que a mente, de alguma maneira, não aceita a atitude deles? – perguntou Roberto
- Mais ou menos. Não que considere a atitude deles errada. Apenas a considera muito estreita. Para você entender por analogia, analise o sistema de homeostase do corpo. Através de diversos meios naturais o corpo busca manter um equilíbrio dinâmico e se adaptar a diferentes tipos de ambientes. Assim também é a mente, em suas diferentes funções: procura manter um equilíbrio. Mas esse sistema de equilíbrio da mente demora muito pra se formar e é mais complexo. Assim, da mesma forma que o corpo exibe sinais de deficiência vitamínica de diversas maneiras, também a mente exibe sinais psíquicos e psicossomáticos da falta de equilíbrio psicológico. Dessa maneira, a mente procura se regular por seus meios naturais e eles usam a tecnologia para impedir: eles cortam todos os possíveis sintomas da mente e, assim, continuam insistindo nisso. Um amigo meu, que já foi pensador, disse que ainda sobre uma ânsia por algo mais, que eles interpretam como ânsia por mais conhecimento, mas que ele só viu satisfeita quando se casou e começou compor músicas. Enfim, fomos muito longe nesse assunto e seria sensato, agora, tratarmos da questão a sexualidade que, a despeito de tudo o que falei, ainda está na mente de Felipe.

2 comentários:

Duan Conrado Castro disse...

Legal, legal...belo exercício do futurologia, aliás, lembrou-me o Kurweil que você tanto criticou...misturado com Jung e pitadas de espiritismo, é claro. Felipe quase teve um piti..., além de demonstar interesse por bundas...XD. "questões sobre sexualidade retidas" KKKKKKKKKKKK. Roberto e Felipe são os mesmos do Biohzard? Você vai conseguir interligar os livros Biohzard com Os visitantes 2? Vou ter que ler o resto (no livro) para saber das questões da sexualidade...

Silas disse...

Bah, nem me lembro do que critiquei do Kurweil.

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Olha, os nome eu repito porque não tenho criatividade. Tipo, se o personagem possui a mesma essência eu simplesmente repito o nome.

Não vai se interligar em roteiro, mas se você perceber há muita coisa em comum entre as duas obras.

Acho que as questões d sexualidade vão te complicar mais do que qualquer outra coisa. Especialmente no sentido de identidade sexual. Quando sair eu posto aqui.