Tenho uma ferida aberta
Ela pulsa, emana perfume
Mas apesar da dor...
É ela que me faz respirar
A ferida separa um lado do outro
Nada poderia uni-los, sará-la
Mas é ela que me põe em movimento
A dor move a vida, parece
Eu passo pelos lugares
O sangue vai pingando
Parece até infinito
Ele se dilui no mar do cotidiano
Pragmatismos me distraem
Conhecimentos me arrebatam
Mas nada disso seria possível
Sem o perfume de saudade
Dessa ferida aberta que tenho no peito...
Foi de início como a lança do destino
Não poderia ser de outra maneira
Atravessou a minha alma
Pôs tudo em chamas
Depois a ferida secou
Já até ameaçava sarar
Quando foi reaberta brutalmente
Veio pra ficar...
Então eu aperto e deixo sangrar
Que é pra sentir o aroma
Há alguma força no universo
Que não me deixa esgotar...
Chamemos isso de amor...