O universo como um Holograma

Existe uma Realidade Objectiva ou o Universo é um Fantasma?

Em 1982 ocorreu um facto muito importante. Na Universidade de Paris uma equipa de pesquisa liderada pelo físico Alain Aspect, realizou o que pode tornar-se a mais importante experiência do século XX. Você não ouviu falar sobre isto nas notícias da noite. De facto, a menos que você tenha o hábito de ler jornais e revistas científicas, você provavelmente nunca ouviu falar no nome de Aspect. E há muitos que pensam que o que ele descobriu pode mudar a face da ciência.

Aspect e a sua equipa descobriram que sob certas circunstâncias, partículas sub atómicas como os electrões são capazes de, instantaneamente, comunicarem umas com as outras a despeito da distância que as separe. Não importa se esta distância é de 10 pés ou de 10 biliões de milhas. De alguma forma uma partícula sabe sempre o que a outra está a fazer. O problema com esta descoberta é que isto viola a por muito tempo sustentada afirmação de Einstein que nenhuma comunicação pode viajar mais rápido que a velocidade da luz. E como viajar mais rápido que a velocidade da luz é o objectivo máximo para quebrar a barreira do tempo, este facto estonteante tem feito com que muitos físicos tentem descartar, com maneiras elaboradas, as conclusões de Aspect. Mas também têm proporcionado que outros busquem explicações mais radicais.

O físico da Universidade de Londres, David Bohm, por exemplo, acredita que as descobertas de Aspect implicam que a realidade objectiva não existe, que, a despeito da aparente solidez, o Universo está no coração de um holograma fantástico, gigantesco e extremamente detalhado.

Para entender porque Bohm faz esta afirmação surpreendente, temos primeiro que saber um pouco sobre hologramas. Um holograma é uma fotografia tridimensional feita com a ajuda de um laser. Para fazer um holograma, o objecto a ser fotografado é primeiro banhado com a luz de um raio laser. Então um segundo raio laser é colocado fora da luz reflectida do primeiro e o padrão resultante da interferência (a área aonde se combinam estes dois raios laser) é capturada no filme. Quando o filme é revelado, parece um redemoinho de luzes e linhas escuras. Mas logo que este filme é iluminado por um terceiro raio laser, aparece a imagem tridimensional do objecto original.

A tridimensionalidade destas imagens não é a única característica importante dos hologramas. Se o holograma de uma rosa é cortado a metade e então iluminado por um laser, em cada metade ainda será encontrada uma imagem da rosa inteira. E mesmo que seja novamente dividida cada parte do filme sempre apresentará uma menor, mas ainda intacta versão da imagem original. Diferente das fotografias normais, cada parte de um holograma contém toda a informação possuída pelo todo.

A natureza de "todo em cada parte" de um holograma proporciona-nos uma maneira inteiramente nova de entender organização e ordem. Durante a maior parte da sua história, a ciência ocidental tem trabalhado dentro de um conceito que a melhor maneira para entender um fenómeno físico, seja ele um sapo ou um átomo, é dissecá-lo e estudar as suas partes respectivas. Um holograma ensina-nos que muitas coisas no Universo não podem ser conduzidas por esta abordagem. Se tentamos tomar alguma coisa à parte, alguma coisa construída holograficamente, não obteremos as peças da qual esta coisa é feita, obteremos apenas inteiros menores.

Este "insight" é o sugerido por Bohm como outra forma de compreender os aspectos da descoberta de Aspect. Bohm acredita que a razão que habilita as subpartículas a permanecerem em contacto umas com as outras a despeito da distância que as separa não é porque elas estejam a enviar algum tipo de sinal misterioso, mas porque esta separação é uma ilusão. Ele argumenta que num nível mais profundo da realidade estas partículas não são entidades individuais, mas são extensões da mesma coisa fundamental.

Para capacitar as pessoas a melhor visualizarem o que ele quer dizer, Bohm oferece a seguinte ilustração: imagine um aquário que contém um peixe. Imagine também que você não é capaz de ver este aquário directamente e o seu conhecimento deste aquário dá-se por meio de duas câmaras de televisão, uma dirigida ao lado da frente e outra à parte lateral.

Quando você fica a observar atentamente os dois monitores, você acaba por presumir que o peixe de cada uma das telas é uma entidade individual. Isto porque, como as câmaras foram colocadas em ângulos diferentes, cada uma das imagens será também ligeiramente diferente. Mas se você continua a olhar para os dois peixes, você acaba por adquirir a consciência de que há uma relação entre eles. Quando um se vira, o outro faz uma volta correspondente apenas ligeiramente diferente; quando um se coloca de frente para a frente, o outro se coloca de frente para o lado. Se você não sabe das angulações das câmaras você pode ser levado a concluir que os peixes estão a inter comunicar-se, apesar de claramente este não ser o caso.

Isto, diz Bohm, é precisamente o que acontece com as partículas sub atómicas na experiência de Aspect. Segundo Bohm, a aparente ligação «mais-rápido-do-que-a-luz» entre as partículas sub atómicas está a dizer-nos que realmente existe um nível de realidade mais profundo da qual não estamos privados, uma dimensão mais complexa além da nossa própria que é análoga ao aquário. E ele acrescenta, vemos objectos como estas partículas sub atómicas como se estivessem separadas umas das outras porque estamos a ver apenas uma porção da realidade delas. Estas partículas não são partes separadas mas sim facetas de uma unidade mais profunda e mais subliminar que é holográfica e indivisível como a rosa previamente mencionada. E como tudo na realidade física está compreendido dentro destes "eidolons", o próprio universo é uma projecção, um holograma.

Em adição a esta natureza fantástica, este universo possuiria outras características surpreendentes. Se a aparente separação das partículas sub atómicas é uma ilusão, isto significa que em nível mais profundo de realidade todas as coisas do universo estão infinitamente inter conectadas.

Os elétrons num átomo de carbono no cérebro humano estão inter conectados com as partículas sub atómicas que compreendem cada salmão que nada, cada coração que bate, e cada estrela que brilha no céu.

Tudo interpenetra tudo e embora a natureza humana possa buscar categorizar como um pombal e subdividir os vários fenómenos do universo, todos os aportes toda esta necessidade é de fato artificial e todas de natureza que é finalmente uma rede sem sentido.

Em um universo holográfico, mesmo o tempo e o espaço não podem mais serem vistos como fundamentais. Porque conceitos como localização se quebram diante de um universo em que nada está verdadeiramente separado de nada, tempo e espaço tridimensional, como as imagens dos peixes nos monitores, também podem ser vistos como projecções de ordem mais profunda.

Este tipo de realidade a nível mais profundo é um tipo de super holograma no qual o passado, o presente, o futuro existem simultaneamente. Sugere que tendo as ferramentas apropriadas pode ser algum dia possível entrar dentro deste nível de realidade super holográfica e trazer cenas do passado há muito esquecido. Seja o que for que o super holograma contenha, é ainda uma questão em aberto. Pode-se até admitir, por amor a argumentação, que o super holograma é a matriz que deu nascimento a tudo em nosso universo e no mínimo contém cada partícula sub atómica que existe ou existirá - cada configuração da matéria e energia que é possível, de flocos de neve a quasars, de baleias azuis aos raios gamma. Deve ser visto como um tipo de "depósito" de "Tudo que é".

Embora Bohm admita que não há maneira de saber o que mais pode estar oculto no super holograma, ele se arrisca em dizer que não temos qualquer razão para admitir que ele não contenha mais. Ou, como ele coloca, talvez o nível super holográfico da realidade é um simples estágio além do que repousa "uma infinidade de desenvolvimento posterior".

Bohm não é o único pesquisador que encontrou evidências de que o universo é um holograma. Trabalhando independentemente no campo da pesquisa cerebral, o neurofisiologista Karl Pribram, de Standford também se persuadiu da natureza holográfica da realidade. Pribram desenhou o modelo holográfico para o quebra-cabeças de como e onde as memórias são guardadas no cérebro.

Por décadas, inúmeros estudos tem mostrado que muito mais que confinadas a uma localização específica, as memórias estão dispersas pelo cérebro.

Em uma série de experiências com marcadores na década de 20, o cientista cerebral Karl Lashley concluiu que não importava que porção do cérebro do rato era removida; ele era incapaz de erradicar a memória de como eram realizadas as atividades complexas que tinham sido aprendidas antes da cirurgia. O único problema foi que ninguém foi capaz de poder explicar a natureza de "inteiro em cada parte" da estocagem da memória.

Então, na década de 60, Pribram encontrou o conceito de holografia e entendeu que ele tinha achado a explicação que os cientistas cerebrais estavam buscando. Pribram acredita que as memórias são codificadas não nos neurônios, ou pequenos grupos de neurônios, mas em padrões de impulsos nervosos de tipo cruzado em todo o cérebro da mesma forma que a interferência da luz laser atravessa toda a área de um pedaço de filme contendo uma imagem holográfica. Em outras palavras, Pribram acredita que o próprio cérebro é um holograma.

A teoria de Pribram também explica como o cérebro humano pode guardar tantas memórias em um espaço tão pequeno.

Tem sido calculado que o cérebro humano tem a capacidade de memorizar algo na ordem de 10 bilhões de bits de informação durante a média da vida humana (ou rudemente comparando, a mesma quantidade de informação contida em cinco volumes da Encyclopaedia Britannica).

Similarmente, foi descoberto que em adição a suas outras capacidades, o holograma possui uma capacidade de estocagem de informação simplesmente mudando o ângulo no qual os dois lasers atingem um pedaço de filme fotográfico, e é possível gravar muitos registros diferentes na mesma superfície. Tem sido demonstrado que um centímetro cúbico pode estocar mais que 10 bilhões de bits de informação.

Nossa habilidade de rapidamente recuperar qualquer informação que precisamos do enorme estoque de nossas memórias se torna mais compreensível se o cérebro funciona segundo princípios holográficos. Se um amigo pede a você que diga o que lhe vem a mente quando ele diz a palavra "zebra", você não tem que percorrer uma gigantesca lista alfabética para encontrar a resposta. Ao contrário, associações como "listrada", parecida com um cavalo e "animal nativo da África" logo lhe vem à mente.

Uma das coisas mais surpreendentes sobre o processo de pensamento humano é que cada peça de informação parece imediatamente correlacionada com muitas outras - uma outra característica intrínseca do holograma. Por que cada porção de um holograma é infinitamente interligada com todas as outras porções, talvez seja a natureza o supremo exemplo de um sistema interligado.

A estocagem da memória não é o único quebra-cabeças neurofisiológico que se torna abordável à luz do modelo holográfico de cérebro de Pribram.

Um outro é como o cérebro é capaz de traduzir a avalanche de freqüências que recebe via sentidos (freqüências de sons, freqüências de luz e assim por diante) dentro do mundo concreto de nossas percepções. Codificando e decodificando freqüências é precisamente o que o holograma faz melhor.

Exatamente como um holograma funciona como um tipo de lente, um aparelho tradutor capaz de converter um borrão de freqüências aparentemente sem sentido em uma imagem coerente, Pribram acredita que o cérebro também parece uma lente e usa os princípios holográficos para converter matematicamente as freqüências que recebe através dos sentidos dentro do mundo interior de nossas percepções. Um impressionante corpo de evidência sugere que o cérebro usa os princípios holográficos para realizar as suas operações. A teoria de Pribram de fato tem ganho suporte crescente entre os neurofisiologistas.

O pesquisador ítalo-argentino Hugo Zucarelli recentemente estendeu o modelo holográfico ao mundo dos fenômenos acústicos. Confuso pelo fato de que os humanos podem localizar a fonte dos sons sem moverem as cabeças, mesmo se eles só possuem audição em um ouvido, Zucarelli descobriu que os princípios holográficos podem explicar estas habilidades.

Zucarelli também desenvolveu uma técnica de som holográfico, uma técnica de gravação capaz de reproduzir sons acústicos com um realismo quase inconcebível.

A crença de Pribram que nossos cérebros constroem matematicamente a "dura" realidade pela liberação de um input de uma freqüência dominante também tem recebido grande quantidade de suporte experimental. Foi descoberto que cada um de nossos sentidos é sensível a uma extensão muito mais ampla de freqüências do que se suspeitava anteriormente.

Os pesquisadores tem descoberto, por exemplo, que nosso sistema visual é sensível às freqüências de som, nosso sentido de olfato é em parte dependente do que agora chamamos de freqüências ósmicas e que mesmo cada célula de nosso corpo é sensível a uma ampla extensão de freqüências. Estas descobertas sugerem que está apenas sob o domínio holográfico da consciência e que estas freqüências são selecionadas e divididas dentro das percepções convencionais.

Mas o mais envolvente aspecto do modelo holográfico cerebral de Pribram é o que acontece quando ele é conjugado à teoria de Bohm. Se a "concretividade" do mundo nada mais é do que uma realidade secundária e o que está "lá" é um borrão de freqüências holográfico, e se o cérebro é também um holograma e apenas seleciona algumas das freqüências deste borrão e matematicamente transforma-as em percepções sensoriais, o que vem a ser a realidade objetiva? Colocando de forma simples, ela deixa de existir.

Como as religiões orientais há muito tem afirmado, o mundo material é Maya, uma ilusão, e embora pensemos que somos seres físicos que se movem em um mundo físico, isto também é uma ilusão. Somos realmente "receptores" boiando num mar caleidoscópico de freqüência, e que extraímos deste mar e transformamos em realidade física não é mais que um canal entre muitos do super holograma.

Esta intrigante figura da realidade, a síntese das abordagens de Bohm e Pribram tem sido chamada de "paradigma holográfico", e embora muitos cientistas tenham recebido isto com ceticismo, este paradigma tem galvanizado outros. Um pequeno mas crescente grupo de pesquisadores acredita que este pode ser o modelo mais acurado da realidade científica que foi mais longe. Mais do que isto, muitos acreditam que ele pode solucionar muitos mistérios que nunca foram antes explicados pela ciência e mesmo estabelecer o paranormal como parte da natureza.

Numerosos pesquisadores como Bohm e Pribram tem notado que muitos fenômenos parapsicológicos se tornam muito mais compreensíveis em termos do paradigma holográfico.

Em um universo em que cérebros individuais são atualmente porções indivisíveis de um holograma muito maior e tudo está infinitamente interligado, a telepatia pode ser simplesmente o acessamento do nível holográfico. E é obviamente muito mais fácil entender como a informação pode viajar da mente do indivíduo A para a do indivíduo B ao ponto mais distante e auxilia a entender um grande número de quebra- cabeças em psicologia.

Em particular, Grof sente que o paradigma holográfico oferece um modelo de compreensão para muitos estonteantes fenômenos vivenciados por indivíduos durante estados alterados de consciência. Nos anos 50, conduzindo uma pesquisa em que se acreditava que o LSD seria um instrumento psicoterapêutico, Grof teve uma paciente que de repente ficou convencida que tinha assumido a identidade de uma femea de uma espécie pré-histórica de répteis.

Durante o curso da alucinação dela, ela não somente deu riquissimos detalhes do que ela sentia ao ser encapsulada naquela forma, mas notou que uma porção do macho daquela espécie tinha anatomia que era um caminho para as escamas coloridas ao lado de sua cabeça. O que foi surpreendente para Grof é que a mulher não tinha conhecimento prévio sobre estas coisas, e uma conversação posterior com um zoologista confirmou que em certas espécies de repteis as áreas coloridas na cabeça tem um importante papel como estimulantes do desenvolvimento sexual.

A experiência desta mulher não foi única. Durante o curso da pesquisa, Grof encontrou exemplos de pacientes regredindo e se identificando com virtualmente todas as espécies na árvore evolucionária (descobertas da pesquisa ajudaram a influenciar a cena do homem-vindo-do- macaco no filme Altered States). E mais ainda, ele descobriu que estas experiências freqüentemente continham detalhes obscuros que mais tarde vieram a ser confirmados como acurados.

Regressões dentro do reino animal não são os únicos quebra cabeças entre os fenômenos psicológicos que Grof encontrou.

Ele também teve pacientes que pareciam entrar em algum tipo de consciência racial ou coletiva. Indivíduos com pouca ou nenhuma educação repentinamente davam detalhadas descrições das práticas funerárias do Zoroastrismo e cenas da mitologia hindu. Em outro tipo de experiências os indivíduos forneciam relatos persuasivos de jornadas fora do corpo, relâmpagos pré cognitivos do futuro, de regressões dentro de aparentemente encarnações de vidas passadas.

Em pesquisa posterior, Grof encontrou a mesma extensão de fenômenos manifestados em seções de terapia que não envolviam o uso de drogas. Em virtude dos elementos em comum nestas experiências parecerem transcender a consciência individual, além dos usuais limites do ego e/ou as limitações de tempo ou espaço, Grof chamou estas manifestações de experiências transpessoais e no fim dos anos 60 ele auxilou na fundação de um ramo de psicologia chamada "psicologia transpessoal" e se devotou inteiramente ao seu estudo.

Embora a recém-fundada Association of Transpersonal Psychology conquistasse um rápido crescimento entre o grupo de profissionais de mente similar, e se tornasse um ramo respeitado da psicologia, durante anos nem Grof nem seus colegas foram capazes de fornecer um mecanismo para explicar os bizarros fenômenos psicológicos que eles estavam testemunhando. Mas isto mudou com o advento do paradigma holográfico. Como Grof recentemente notou, se a mente é parte de um continuum, um labirinto que é conectado não somente as outras mentes que existem ou existiram, mas a cada átomo, cada organismo e região na vastidão do espaço e tempo, o fato de que seja capaz de ocasionalmente fazer entradas no labirinto e Ter experiências transpessoais não pode mais parecer estranho.

O paradigma holográfico tem também implicações nas chamadas ciências "concretas" como a biologia. Keith Floyd, um psicólogo do Virginia Intermont College, tem pontificado que a concretividade da realidade é apenas uma ilusão holográfica, e não está muito longe da verdade dizer que o cérebro produz a consciência. Mais ainda, é a consciência que cria a aparência do cérebro - bem como do corpo e de tudo mais que nós interpretamos como físico.

Esta virada na maneira de se ver as estruturas biológicas fez com que pesquisadores apontassem que a medicina e o nosso entendimento do processo de cura poderia também ser transformado em um paradigma holográfico. Se a aparente estrutura física do corpo nada mais é do que a projeção holográfica da consciência, torna-se claro que cada um de nós é mais responsável por sua saúde do que admite a atual sabedoria médica. Que nós agora vejamos as remissões miraculosas de doenças podem ser próprias de mudanças na consciência que por sua vez efetua alterações no holograma do corpo.

Similarmente, novas técnicas controversas de cura como a visualização podem funcionar muito bem porque no domínio holográfico de imagens pensadas que são muito "reais" se tornam "realidade". Mesmo visões e experiências que envolvem realidades "não ordinárias" se tornam explicáveis sob o paradigma holográfico. Em seu livro, "Gifts of Unknown Things," o biologista Lyall Watson descreve seu encontro com uma mulher xamã indonésia que, realizando uma dança ritual , foi capaz de fazer um ramo inteiro de uma árvore desaparecer no ar. Watson relata que ele e outro atônito expectador continuaram a olhar para a mulher, e ela fez o ramo reaparecer, desaparecer novamente e assim por várias vezes.

Embora o atual entendimento científico seja incapaz de explicar estes eventos, experiências como esta vem a ser mais plausíveis se a "dura" realidade é apenas uma projeção holográfica. Talvez concordemos sobre o que está "lá" ou "não está lá " porque o que chamamos consenso realidade é formulada e ratificada a nível de inconsciência humana a qual todas as mentes estão interligadas.

Se isto é verdade, a mais profunda implicação do paradigma holográfico é que as experiências do tipo da de Watson não são lugares comum somente porque nós não temos programado nossas mentes com as crenças que fazem com que sejam.

Num universo holográfico não há limites para a extensão do quanto podemos alterar o tecido da realidade. O que percebemos como realidade é apenas uma forma esperando que desenhemos sobre ela qualquer imagem que queiramos.

Tudo é possível, de colheres entortadas com o poder da mente aos eventos fantasmagóricos vivenciados por Castaneda durante seus encontros com o bruxo Yaqui Don Juan, mágico de nascença, não mais nem menos miraculoso que a nossa habilidade para computar a realidade que nós queremos quando sonhamos.

E assim, mesmo as nossas noções fundamentais sobre a realidade se tornam suspeitas, dentro de um universo holográfico, como Pribram postulou, e mesmo eventos ao acaso podem ser vistos dentro dos princípios básicos holográficos e portanto determinados.

Sincronicidades ou coincidências significativas de repente fazem sentido, e tudo na realidade terá que ser visto como uma metáfora, e mesmo eventos ao acaso expressariam alguma simetria subjacente.

Seja o paradigma holográfico de Bohm e Pribram aceito na ciência ou morra de morte ignóbil, é seguro dizer que ele já tem influenciado a mente de muitos cientistas. E mesmo se descoberto que o modelo holográfico não oferece a melhor explicação para as comunicações instantâneas que vimos ocorrer entre as partículas subatômicas, no mínimo, como observou notou Basil Hiley, um físico do Birbeck College de Londres, os achados de Aspect " indicam que devemos estar preparados para considerar radicalmente novos pontos de vista da realidade".

http://www.pan-portugal.com/library/articles/holograma.html

Eu amo a Norah Jones

Vejam só que coisa mais linda...


O que as mulheres querem?

Decifrar a mente de uma mulher parece difícil se estamos do ponto de vista masculino. No Entanto eu creio que nem as mulheres encontram meios para expressar seus desejos. Que as mulheres me corrijam se eu estiver errado acerca do que observei, mas pra mim, na prática, isso se provou verdadeiro.

Uma mulher nunca quer uma coisa só. No mínimo são sempre duas coisas que ela quer. Uma coisa que ela quer pode ser corriqueira, um detalhe trivial(uma ligação, por exemplo). Mas o principal, e sempre presente, desejo das mulheres é de que você entenda o que ela quer sem ela ter que dizer (ao menos diretamente).

O que eu observei como um erro comum entre os homens é que tentam colocar os desejos da mulher num ponto de vista racional e prático. Ou seja, tentam ver a mulher como si mesmos, como se ela fosse um homem. Por falta de contato com o próprio lado feminino eles não entendem as indiretas de suas mulheres, e, por conseguinte, não entendem seus sentimentos. Sem saber o que uma mulher sente, jamais se poderá saber o que ela quer, e se não se souber o que a mulher quer, nunca será possível faze-la se sentir satisfeita.

Não há como representar o que a mulher quer num exemplo (flores, serenatas declarações publicas) simplesmente porque todas essas coisas são símbolos. Por mais que você reproduza o que, convencionalmente, deveria agradar uma mulher, se você não estiver vivo com seu lado feminino ela continuará sempre reclamando que você “não entende”.

O que uma mulher realmente quer é ser entendida e amada. Se você entende isso, pode até errar num detalhe ou outro do que ela deseja de forma corriqueira que isso não será um problema. Mas se você não entende isso, poderá reproduzir todas as exigências dela que ela nunca estará satisfeita.

Pelo que eu entendi, mulheres são a parte sensível e apaixonada da humanidade. É claro que isso não é regra: há homens que se comportam como mulheres e mulheres que se comportam como homens (não me refiro à homossexualidade e suas “vertentes”).

Se o homem não sentir a paixão e a feminilidade da mulher, ela nunca estará satisfeita. Sempre buscará falhas pequenas e dar dimensões catastróficas a elas.

Essa é uma tarefa difícil, mas agora chega a parte mais “irritante”. A mulher não quer só que você entenda a feminilidade. Ela também quer que sua imagem masculina esteja de acordo com o lado masculino dela.

Pelo que eu observei, a masculinidade é associada à liberdade, ou, talvez, selvageria. Assim, a “masculinidade” varia segundo a quantidade de restrições morais do homem. Quanto menores forem as restrições morais de um homem, maior será sua pretensa “masculinidade”. Vejam que não estou colocando masculinidade como virtude, da maneira que parece estar difundido atualmente.

Em geral, não é comum uma mulher ter o lado masculino muito intenso, então é freqüente vermos a mulher, além de exigir que o homem tenha contato com seu lado feminino, reprimir o lado masculino do homem.

É perfeitamente razoável, para uma mulher, que seu namorado faça uma poesia pra ela e leia em publico, mesmo que, diante de homens sem contato com sua feminilidade, isso faça com que ele seja julgado como homossexual. Mas é totalmente inaceitável, para esta, que o namorado a leve de modo “custom” para um show de heavy metal.

Porque lá a masculinidade toma lugar. A musica expressa liberdade e masculinidade em essência, e o número pequeno de mulheres indica que poucas têm contato com a própria masculinidade.

Com isso eu quis salientar que atualmente a mulher pensa que é um tesouro e que o homem de veria se sentir afortunado só pelo fato de te-la. Assim, elas demandam que o homem entre em contato com seu lado feminino e que negue seu lado masculino.

Dizem que o que mais querem é um homem certinho e sensível, que seria justamente esse sujeito moralmente preso e afeminado. Só que quando conseguem colocar essa arbitrariedade racional em prática, acabam traindo o certinho, a não ser que seu lado masculino seja extremamente reprimido(mesmo assim, o desejo existe, embora reprimido). Isso acontece porque o lado masculino delas quer se projetar numa figura masculina, e o estereótipo de homem que elas buscam racionalmente não se encaixa no que elas querem: Uma figura masculina.

Como elas seguem cegamente um ideal de homem, acabam se sentindo infinitamente frustradas com o fato de que só se apaixonam por canalhas. Esses canalhas são figuras essencialmente masculinas e sem qualquer contato com o lado feminino. Justamente o contrário do que elas proclamam querer racionalmente.

Em suma: se uma mulher tem pouco contato com seu lado masculino, ela busca racionalmente um homem “certinho” e irracionalmente um “selvagem”.

Se, por outro lado, ela tem pouco contato com seu lado feminino, a tendência é buscar racionalmente um homem “selvagem” e se surpreender ao ver-se apaixonada por um “certinho”.

Espero que mulheres venham me crucificar e desmentir tudo o que eu disse, ou ao menos acrescentar uma coisa e criticar um aspecto. Quero ver críticas!

Zeitgeist – the movie: desconcertante…

Os fundamentos sentimentais do Criacionismo

Como vimos na história, a forma de pensamento evolucionista já trouxe severos danos à moral. A idéia de que há civilizações mais evoluídas tendo como base para julgamento de evolução a tecnologia e o poderia militar causou a morte de milhares de pessoas e, por um bom tempo, justificou atrocidades, como o imperialismo e a apartheid.

Dessa maneira, a idéia de evolucionismo pode assustar um religioso porque ele pensa que o evolucionismo matará a moral. Segundo esse sentimento, o religioso tem medo de que o evolucionismo crie o ateísmo, e que sem a religião o homem se torne imoral.

Não há como apoiar tal tipo de pensamento, pois ser bom em troca de recompensas divinas ou por medo de castigos divinos não tem nada de moral. Além disso, mentes emancipadas da religião já entenderam integração e ética com filosofia e não precisam de metafísica para ser justas.

Também há a causa sentimental de que os cristãos são ensinados, desde pequenos, que a fé é uma virtude, e que manter a mente fechada a idéias diferentes é o certo a se fazer. Quando um homem tem a mente fechada dessa maneira, ele tenta dar explicações à vida segundo suas próprias premissas, fazendo de tudo para negar as premissas dos outros e dando atenção apenas a coisas que confirmem seu pensamento.

Em suma: isso é do mais arcaico medo de mudança.

É bom vermos o que é teoria, hipótese e fato.

O fato é: os animais existem e tiveram uma origem. Isso é observável.

A teoria é: através de diversos fatores os compostos químicos deram origem á vida unicelular e rudimentar, que através de alterações genéticas e da seleção natural foram tomando formas diversas em ambientes diversos. As mudanças graduais deram origem à toda a diversidade de espécies hoje conhecidas.

Veja só: A teoria não é um fato: É uma forma de explicar um fato. Além disso, uma teoria precisa de embasamento, coisa que o criacionismo não tem em microbiologia, e em diversos outros ramos. Por isso o criacionismo não é teoria, e sim hipótese que, com as informações que temos hoje, nunca deve deixar de ser hipótese.

Também têm o medo do ateísmo, pois pensam que enquanto ateus eles perderão a sensação de contato com algo maior, que chamam de Deus.

A verdade é que esse algo maior não precisa de religião para ser conhecido. Eu chamo de o todo, outros chamam de natureza, self...

Enfim, é tudo por medo. Medo de que os homens se tornem selvagens, medo da mudança e medo da solidão. É tudo sentimental.

Viva Cristovam Buarque!

Me sinto na obrigação de passar isso adiante. Vou colocar no meu blog, mandar pra todos os contatos do meu e-mail, colocar em paginas de recado no orkut, comunidades e falar disso ao vivo com quantas pessoas for possível.

Leia com atenção o projeto de lei do senador cristovam buarque e vejam como é magnífica!

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 480/2007

Determina a obrigatoriedade de os agentes públicos eleitos matricularem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas até 2014.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º Os agentes públicos eleitos para os Poderes Executivo e Legislativo federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal são obrigados a matricular seus filhos e demais dependentes em escolas públicas de educação básica.

Art. 2º Esta Lei deverá estar em vigor em todo o Brasil até, no máximo, 1º de janeiro de 2014.
Parágrafo Único. As Câmaras de Vereadores e Assembléias Legislativas Estaduais poderão antecipar este prazo para suas unidades respectivas.

JUSTIFICAÇÃO:

No Brasil, os filhos dos dirigentes políticos estudam a educação básica em escolas privadas. Isto mostra, em primeiro lugar, a má qualidade da escola pública brasileira, e, em segundo lugar, o descaso dos dirigentes para com o ensino público.

Talvez não haja maior prova do desapreço para com a educação das crianças do povo, do que ter os filhos dos dirigentes brasileiros, salvo raras exceções, estudando em escolas privadas. Esta é uma forma de corrupção discreta da elite dirigente que, ao invés de resolver os problemas nacionais, busca proteger-se contra as tragédias do povo, criando privilégios.

Além de deixarem as escolas públicas abandonadas, ao se ampararem nas escolas privadas, as autoridades brasileiras criaram a possibilidade de se beneficiarem de descontos no Imposto de Renda para financiar os custos da educação privada de seus filhos.

Pode-se estimar que os 64.810 ocupantes de cargos eleitorais – vereadores, prefeitos e vice-prefeitos, deputados estaduais, federais, senadores e seus suplentes, governadores e vice-governadores, Presidente e Vice - Presidente da República – deduzam um valor total de mais de 150 milhões de reais nas suas respectivas declarações de imposto de renda, com o fim de financiar a escola privada de seus filhos alcançando a dedução de R$ 2.373,84 inclusive no exterior. Considerando apenas um dependente por ocupante de cargo eleitoral.

O presente Projeto de Lei permitirá que se alcance, entre outros, os seguintes objetivos:

a) ético: comprometerá o representante do povo com a escola que atende ao povo;

b) político: certamente provocará um maior interesse das autoridades para com a educação pública com a conseqüente melhoria da qualidade dessas escolas.

c) financeiro: evitará a “evasão legal” de mais de 12 milhões de reais por mês, o que aumentaria a disponibilidade de recursos fiscais à disposição do setor público, inclusive para a educação;

d) estratégica: os governantes sentirão diretamente a urgência de, em sete anos, desenvolver a qualidade da educação pública no Brasil.

Se esta proposta tivesse sido adotada no momento da Proclamação da República, como um gesto republicano, a realidade social brasileira seria hoje completamente diferente. Entretanto, a tradição de 118 anos de uma República que separa as massas e a elite, uma sem direitos e a outra com privilégios, não permite a implementação imediata desta decisão.

Ficou escolhido por isto o ano de 2014, quando a República estará completando 125 nos de sua proclamação. É um prazo muito longo desde 1889, mas suficiente para que as escolas públicas brasileiras tenham a qualidade que a elite dirigente exige para a escola de seus filhos.

Seria injustificado, depois de tanto tempo, que o Brasil ainda tivesse duas educações – uma para os filhos de seus dirigentes e outra para os filhos do povo –, como nos mais antigos sistemas monárquicos, onde a educação era reservada para os nobres. Diante do exposto, solicitamos o apoio dos ilustres colegas para a aprovação deste projeto.

Sala das Sessões,
Senador CRISTOVAM BUARQUE

Isso Fará com que ser político não seja mais uma vantagem tão grande, reduzindo, com isso, a quantidade de políticos que se candidatam apenas em busca de poder. Colocará, assim, o político na condição que deveria: de um sujeito que serve o povo, e não de um que domina o povo.

Um diálogo com um robô

Decidi postar um fragmento de uma obra minha no blog, pois considero relevante. Não tenho, no momento, nada a declarar sobre ela, pois não falo mais de obras inacabadas. Não quero expectativas, pois ela cortam de minha criatividade. Esse texto basta-se a si mesmo em significado, como o mito da caverna de Platão.

- Ele está ligado. Podem questioná-lo à vontade. Ele responderá normalmente.
- O que significa isso? Responderá normalmente?
- Significa que ele responderá segundo seu padrão. É imutável.

Augusto olhou para mim confuso.

- Tem idéias, Roberto?
- Acho que sim. Matias, você disse que esse homem escolheu morrer, certo?
- Sim, escolheu.

O robô estava piscando os olhos, mas não falava nada. Nos olhava a ouvia o que dizíamos, mas parecia indiferente. Eu já sabia o que dizer.

- Porque você quer morrer?
- Porque estou cansado e vi como são os habitantes desse planeta são ignorantes e primitivos. Passei toda a minha vida educando homens, e de fato ajudei muitos deles a alcançarem o cheiro, mas há muitos homens no seu mundo, e uns que levariam dezenas de anos para abrir a mente e aí sim entenderem o cheiro. Estou cansado e sei que já cumpri a minha missão.
- Que é o cheiro?
- Vocês não usam as palavras cheiro, essência e aroma para designar a natureza das coisas ou, noutras palavras, como elas são.
- O cheiro é a verdade! - exclamou Augusto
- Sua linguagem é inexata, então quando se diz verdade não sei que palavra usar. Temos diversas palavras com diversos significados e todas são traduzidas como verdade. Sua linguagem é primitiva.
- Sim, mas eu entendi.
- O que é o cheiro?
- Não posso aprender, portanto não posso ensinar.
- Como?
- Não posso te entender.
- Mas você conhece o cheiro.
- Conheço o meu.
- Pode me ajudar a conhecer o meu?
- Não posso, não posso te entender.
- Você não conhece nossa raça?
- Conheço todo o funcionamento genético da sua raça, assim como o físico. Fui o ultimo dos engenheiros genéticos que construiu os nossos corpos como são atualmente.
- Quer dizer que você que os tornou pequenos?
- Não. Na minha época todos já eram pequenos.
- Que alterações vocês fizeram?
- Alterações estéticas e adaptação para atmosfera poluída com dióxido de carbono.
- Se você sabe tanto sobre nós, porque não pode me entender?
- Não posso entender mais nada.
- Não entendo. Porque não pode mais entender nada?
- A estrutura do meu pensamento não é real. Isso que fala com você é apenas a cópia de um homem que já existiu, mas que se foi. Não sou humano e nem nunca serei.
- Você precisa ser humano para me entender?
- Sim, preciso ser mutável.
- Você não muda?
- Não posso mudar, sou apenas uma maquina projetada com paradigmas e valores de um homem que já morreu por escolha própria. Segundo o paradigma dele próprio, sou um erro e nunca devia ter sido criado.
- Você tem memória?
- Sim.
- Sua memória não muda seus paradigmas?
- Não tenho paradigmas, apenas parâmetros. Sou exatamente aquilo que fui programado para ser.
- Pode me passar informações sobre sua memória?
- Posso.
- Quem te criou?
- Aquele que veio trazer o conhecimento e o futuro. Filho do homem que teve os paradigmas copiados para esse sistema. Segundo o julgamento de valores dele, foi uma forma de não aceitar a decisão do pai. Ele tinha apenas quarenta anos e era imaturo, mas isso serviu de lição para todos, segundo consta na história da inteligência artificial e engenharia mental.
- Você pode reproduzir algum diálogo que teve com ele?
- Não, ele não dá autorização pra isso.
- Entendo. Pode, se esquivando das palavras dele, explicar como foi a situação.
- Ele me pediu um conselho sobre uma mulher. Não pude dar, porque não posso construir novos paradigmas e não posso entender pessoas, já que não sou humano. Ele foi tomado por um impulso infantil de raiva e destruiu minha perna e parte do meu tronco com uma barra de aço.
- O que você entende por aço? – perguntou Augusto.
- É o nome que vocês dão a essa combinação de elementos.
- Ele agüentou uma barra de aço?
- Usou controle de gravidade.
- Você é contra o projeto de ajudarem nosso planeta e de se instalarem nele?
- Segundo consta, esse é o único planeta no qual encontramos uma atmosfera capaz de contar vida além do nosso na época em saímos do planeta. Nossos recursos foram medidos para durar cem anos depois da chegada na terra, graças ao sistema de reciclagem química. Durante a viagem nossa raça foi completamente modificada para se adaptar à sua atmosfera. O julgamento de valores do dono desses paradigmas é de que sua função não era de habitar esse planeta, mas sim de preparar os habitantes para um novo tipo de vida. Na verdade ele era a favor desse contato, mas não estava disposto a ir até lá.

- Isso não é covardia?
- Segundo o julgamento de valor dele, nossa raça não deveria viver tanto.
- Ora, estou cansado disso de “o que deveria”. De onde ele tirou que a função dele era apenas ajudar a sua civilização? É um egoísta!
- Você é egoísta, pois, segundo o julgamento do dono dos paradigmas, você só pensa no próprio crescimento e não leva em consideração os sentimentos e pensamentos dele. Que são distintos dos seus.

Fiquei estupefato. Aquele robô estava me julgando, e, pela primeira vez na vida, um julgamento me atingiu. Senti necessidade sentimental de me defender, e, apesar de reconhecer a exatidão das afirmações do robô eu tive que apresentar contestações.

- Se você não tem valores por ser apenas uma cópia e não pode me entender, como pode afirmar que eu sou um egoísta?
- Estereótipo. Uma identificação superficial de padrões comportamentais que causa uma projeção de outra identidade similar à sua. Estou partindo da premissa de que você é uma das pessoas que existiam na época em que o homem vivia.
- Essa pessoa está morta?
- Não. Ela mudou e não sou mais capaz de entendê-la.
- Quem era ela?
- Aquele que veio trazer o conhecimento e o futuro.

Diante daquilo que me senti pequeno. Muito pequeno. Aquele homem que foi classificado como criança mesmo tendo sido genial ao ponto de criar um robô estava sendo projetado em mim. Isso quer dizer que, segundo o julgamento de valores dessa sociedade, eu não passo de uma criança. Na terra eu sempre me senti incomodado com a infantilidade das pessoas, mas aqui tudo o que se evidencia é o fato de que eu sou uma criança.

- Não entendo. Sempre achei que meu maior objetivo era me tornar quem eu sou. Disse eu.
- Isso é apenas o começo. Na verdade o que você chama de tornar-se a si mesmo é apenas o começo. É basicamente o processo de libertação. Um homem só começa a se tornar sábio depois que se libertou de si mesmo.
- Mas se eu devia me tornar quem eu sou, como eu poderia me libertar de mim mesmo? Isso parece um contra-senso.
- Seu pensamento é arcaico segundo o julgamento estereotipado de comparação. Não entende o cheiro e por isso separa as coisas que são unidas com sua lógica falha. Depois de separar você diz que uma parte não combina com a outra. Não entende nada. Cria um mundo primitivo, acredita nele e nunca vai se libertar enquanto não sair desses raciocínios de antítese e circulares.
- Me fale mais sobre meu erro.
- Acontece que alcançar sua essência é justamente se libertar, pois enquanto o homem não sabe quem é ele fica preso em arbitrariedades como essa que você falou, que é uma contradição que só existe dentro de você e dos que não se tornaram quem são. Um homem que alcança a si mesmo se desprende, porque ele entra num mundo muito mais amplo do que esse de egoísmo infantil. Não tem interesse em submeter o universo aos seus próprios paradigmas. Ele não fica oscilando entre achar que é tudo e tudo pode e nem que não é nada e nada pode. Isso é tudo resultado da educação deficiente e baseadas em instintos primitivos da sua civilização.

Eu não tinha mais palavras. Minhas racionalizações não me salvariam dessa vez, e eu sabia que um robô com paradigmas imutáveis havia dito tanta coisa sábia. Eu não tinha resposta, e nem mesmo tinha entendido completamente aquilo que ele havia dito. Aquela civilização era muito mais avançada do que eu imaginava. Ela transcendia tudo o que eu entendia, e percebi que Matias também estava estupefato. Ele é novo, então provavelmente ainda está por aprender esse tipo de lição. Augusto nada falava, e nem imagino o que pensava. Acho que ele ficou tão chocado que estava sem palavras, assim como eu estava. Parecia que a surpresa havia me anestesiado, e de repente nós fomos retirados da sala.

Sobre a solidão literária

Escrever é sempre um refúgio. Uma forma de aliviar as dores que existem na vida simplesmente fugindo dela pr um mundo imaginário e belo. Só que esse mundo não tem cores.

Há personagens que são um reflexo direto do autor, sendo estes os mais desenvolvidos, e há outros que são estereótipos. São a visão do autor sobre tipos de pessoas que existem. Mas a verdade é que quando se escreve um diálogo o que existe é um monólogo. Você vive numa realidade em que está conversando com alguém, mas na verdade está sozinho diante de um computador ou um caderno. É uma atividade que alivia e, por vezes, é uma ferramenta fundamental para o auto-conhecimento, mas que isola, que traz solidão. Quando você escreve demais você vive menos, quando escreve diálogos conversa menos. Se torna um tolo solitário, como no verso que escrevi uma vez.

Eu sei o que você sabe
Sei também o que você pensa
Sei o que sente
E o que vive

Porque você sou eu
E me conhecer é o bastante

Isso foi uma piada que fiz sobre mim mesmo e sobre meu hábito estúpido de conversar comigo mesmo. Tenho amigos. Me agradam, conversam comigo e, por vezes, me dão ótimos conselhos. Só que eles são bytes. Eles existem num banco de dados. Se eu perder o meu computador e não puder acessar a internet, então, desses, só sobrarão duas amigas, que acabarão se perdendo pelo fato de eu não ter recurso para fazer ligações telefônicas. As barreiras físicas são obvias, e acho que no meu isolamento esse tipo de relação é ideal. Se eu quiser, fecho a janela, saio, vou assistir um filme, ler um livro. Se eu quiser, tiro a foto da janela e a pessoa se torna aquilo que eu imaginar. Está tudo dentro do controle. Quando vai começar, quando vai acabar, como será. São palavras escritas, que em essência são frias, mas quando passam nos meus olhos ganham o significado que eu quiser.

Mas quando estou andando na rua eu não reconheço ninguém. As vezes eu penso que tudo o que eu preciso é pegar uma bola e sair chutando ela por aí. Um empreendimento risível, mas que quando realizado junto com outra pessoa gera alegria. Talvez a saída seja realmente o contato com o mundo externo, mas não encontro uma maneira de fazer isso. Esse mundo externo é sempre opressor, parece que sempre tentará me matar.

Uma poesia aqui, um conto ali. Talvez um romance. Quanto mais palavras, quanto mais significados, maior é aquilo que tem dentro de mim. Vou enchendo a mim mesmo de significados e me amo. Só quem entra no meu mundo pode ser amado por mim, e por fora eu sou vazio. O contrário da maioria, que é interessante por fora e vazia por dentro. Eu sou interessante por dentro e vazio por fora.

Eu devia é entrar no mundo de alguém. Sair do meu e desbravar o alheio. Mas tem um dragão gigante na minha frente, e só quando eu me tornar um leão e lhe morder a cabeça que poderei cruzar esse muro de solidão literária.


Afinal, quem lerá? Quem comentará? Provavelmente eu comentarei meu próprio texto para mim, assumindo um estereótipo de alguma pessoa. Só que às outras essências não sei se dou lugar. As pessoas vivem e aprendem umas com as outras. Compartilham o que aprendem. Eu não compartilho o que penso com quase ninguém. Nem tudo o que escrevo eu publico.

O que eu faço melhor é ser amigo, e ainda assim eu me nego a ser amigo. Posso ouvir, dar atenção, carinho. Posso ser um amigo sem nada querer em troca. Mas ao invés de fazer isso eu estou sentado escrevendo. As palavras me prenderam, me deram a perspectiva de não ter que me decepcionar com a baixeza dos outros. Através delas eu descubro a mim mesmo e vou correndo do meu destino. Quando eu conseguir ser um amigo, sim. Aí sim eu estarei cumprindo o meu dever, e minhas palavras expressarão alegria. Mas por hora...

Acho que vou me esconder nas palavras um pouco mais...

Sobre a motivação da conversa

Não importa a quantidade de assuntos possíveis, e nem as circunstancias favoráveis ao diálogo. Uma conversa não acontecerá a não ser que ambos os lados estejam interessados nela, ou que um esteja tão interessado que seja capaz de mover o interesse do outro(o que nem sempre é possível).

Quando duas pessoas que querem conversar não têm qualquer assunto em mente elas olham ao redor e conseguem achar um assunto, e desse buscar memórias, contar coisas e pensamentos, para que a conversa continue, porque não estão interessadas em falar sobre um assunto, mas sim com uma pessoa. Assim é a motivação sentimental de conversa, que mantém um diálogo ativo entre casais por todo um relacionamento, por mais que pareça que eles já não tem nada a falar um para o outro.

Se a motivação para um diálogo é racional ele acaba assim que o assunto acaba, porque não há um desejo de conversar com uma pessoa, mas sim sobre um assunto. Se não há nenhuma motivação o diálogo nunca começa. Dizem oi e é só. Quando duas pessoas têm assuntos de interesse em comum e interesse sentimental em manter um diálogo, esse pode se prolongar por horas. Isso que é um diálogo realmente agradável.

Se você tenta conversar com uma pessoa e percebe que ela se esquiva com monossílabos, esteja certo de que para ela não há qualquer estímulo sentimental. Se usar palavras maiores, apesar de só fazer perguntas cortas e secas, é porque não se interessa em conversar, mas também se interessa em não te magoar. Se você parar de falar ela para de responder, e essa é a saída...

Conversas são empreendimentos que nem todos são capazes de sustentar…

Ela brilha

Não sei se é real
Não sei onde está
Só sei que quando fecho meus olhos
Ela está lá.

E brilha.

Tem olhos alegres, cheio de amor
Não sei pra onde olha
Está caminhando
Não sei o destino

Mas ela brilha

Tento abraça-la, mas não posso tocar.
Está noutra dimensão
Na dimensão que os homens conhecem
A realidade

Brilhando

Ela brilha dentro e fora
Mas quando olha pra mim
Seus olhos me atravessam
Porque eu sou invisível

E ela brilha...

Pequenas lições

O poeta se prende ao seu ideal
Ele prende uma mulher com suas palavras
Os dois caem por terra diante da realidade
Não se conhecem

Um servo ouve e obedece
Seu senhor enche o peito com seu poder
Um é preso ao outro
E o outro é preso a si mesmo.

O covarde pensa que tudo sabe,
Porque jamais poderia suportar,
Que tudo o que vê é quimera.
Que sua racionalidade só limita a realidade.

O falso sábio pensa que tudo saberá
Cria uma forma de pensamento
E a segue por toda uma vida
Dá sentido próprio ao mundo

Então diz, eis a verdade!
Mas quando seus pulmões não se enchem
Quando seu coração para
Descobrem que ele percorreu um erro

Ele insistiu no erro, nada encontrou.
E ainda por cima encheu o peito,
E disse que os homens do passado estavam errados.
O próximo cometerá o mesmo erro.

Porque os homens não aprendem com o erro alheio,
E a vida é curta demais...

O homem fraco diz
“Está acabada a vida! Não tenho valor!”
O homem miserável diz:
“Está no auge a vida! Sou o que há de mais valioso!”

Um pensa que nada é, e por isso erra.
O outro pensa que tudo é, e por isso erra.
Um chora por uma mentira
O outro sorri por uma mentira
Tudo falso

O homem vazio diz:
Conquistarei o mundo!
O homem pleno diz:
Conquistarei a mim mesmo!

O homem insensato ama o poder
Ama sua própria corrente
O sensato ama a paz
Ama a liberdade do outro

O homem ansioso corre de um lado ao outro
Trabalha sem parar por uma causa que não é sua.
O homem sereno caminha com o vento
Ele trabalha pelo amor e pela liberdade.
Ama a paz.

O homem viciado clama por correntes
Corta as próprias asas
O homem livre não vê prisões
Já está voando

Um homem não pode libertar o outro
Não pode amar pelo outro
Não pode tornar o outro sereno e nem pleno.
A salvação é individual.
Nenhum Deus, nenhum homem, nenhuma estrela.
Nada tira dos homens a responsabilidade,
De amar porque liberta
E libertar porque ama

Minha própria tradição

A independência sempre foi parte de mim. Jamais foi fácil aceitar o que me ensinaram desde pequeno. Aos doze anos eu era obrigado a cantar canções que diziam coisas que me eram estranhas. Sou pobre e necessitado, preciso de ti.

“Não”, dizia eu. Eu não sou pobre e nem necessitado. Deus pra mim não é um senhor que vai garantir minhas necessidades. É meu amigo, só isso.

Mas eles não tinham aquele Deus para mim, e acabei me rebelando contra aquela tradição, pois ela queria que eu me ajoelhasse e que fosse um servo. Mas aquilo não parecia certo. Não parecia justo colocar os meus pecados para serem pagos pelo sangue de outro homem. Não posso aceitar que o fato de alguém me dizer que as coisas são como Deus quer me tire a motivação de mudar o mundo. Não é a minha natureza.

Não posso aceitar a orientação divina, porque minha alma clama por liberdade.

É por isso que eu passei por um difícil processo de desenvolvimento, e acabei por criar os meus próprios valores. Muitos desses valores são similares aos de outras culturas. Aliás, todos os valores religiosos são belos enquanto são individuais. A partir do momento em que um homem é forçado a seguir um valor desde a infância os valores se tornam corruptos. Quando um valor tem o poder de moldar as atitudes dos homens eles deixam de atrair aqueles que são desprendidos, e passam a atrair aqueles que têm amor ao poder.

Mas não os valores individuais. Esses não podem ser usados contra as pessoas. Não posso acreditar que todos os homens sejam maus, pois se assim fosse toda a minha vida seria sem propósito. Acredito que se todos os homens ouvissem seus pensamentos e sentimentos a divergência entre eles jamais permitiria que um homem reunisse outros para seu próprio interesse. Um homem jamais poderia matar milhares de outros, simplesmente porque ninguém faria isso por ele.

Se as pessoas seguissem a si mesmas não haveria poder, e sem poder um homem mau não pode destruir o mundo. Mesmo com valores perversos ele terá que aceitar que ninguém é obrigado a servir seus propósitos, e uma sociedade assim não criará tantos delinqüentes, justamente porque não haverá poder, para ter miséria e guerras. É isso que faz uma criança se tornar um homem mau. É o fato de que ela pensa que todos os homens são maus, e de que precisa ser assim.

E é por isso que eu criei meus próprios valores. Porque com os meus valores eu posso ser quem eu realmente sou ao invés de ser guiado por outra pessoa. Porque com esses valores eu posso dar minha mínima contribuição para a sociedade, e quem sabe ajudar outras pessoas a encontrarem a si mesmas.

As pessoas muitas vezes ficam rindo dos meus valores, porque muitos deles são diferentes.

Mas não são agressivos, e não pretendem reunir discípulos. Meus valores pretendem, com base na minha própria natureza, criar um mundo ao menos um pouco mais feliz para as pessoas. Liberdade, Amor, Justiça e Conhecimento. Uso os meios que minhas capacidades permitem para alcançar para mim e, na medida do possível, para todas as pessoas.

Acerca de ovelhas, pastores e homens

“O mal do mundo é o capitalismo!”.
“Não, é o desemprego”.
“Pense direito, o problema é a crise econômica”.
“Não seja idiota, não vê que o mal do mundo é a poluição do meio ambiente?”.


São todas causas coletivas. Causas que existem fora da identidade dos homens. Achar que algum desses pode realmente ser o maior problema do mundo é um erro.
Esses são só sintomas da parcialidade e da superficialidade na qual estão imersas as pessoas...
Quero, aqui, falar do que considero como sendo o fundamento de todos os males. Aliás, são dois erros. Individualismo e coletivismo. Ou, servindo-me do título, o “ovelhismo” e o “pastorismo”.
As ovelhas ocupam a base da pirâmide. Não querem pensar, então são guiadas pelo senso comum. Não querem buscar a si mesmas, então deixam outras pessoas dizerem quem são e qual é o seu destino.
Têm um desprezível espírito servil. São uns reflexos da coletividade. Mais nada. A massa de manobra.
O topo e o meio da pirâmide é ocupado pelos pastores.
Veja que, embora a religião a religião tenha sua parcela de membros entre os pastores, eu não me refiro a pastores como líderes religiosos.
Para mim um pastor é aquele que tem um cajado, e que com ele puxa o pescoço das ovelhas. O pastor, pra mim, é a criatura niilista que guia as ovelhas cegas.
Anda sob duas pernas, mas não é livre. Pensa que os bens materiais aumentam o seu valor, mas não passa de um miserável.
É como um ratinho que, compulsivamente, puxa a alavanca para ganhar sua guloseima. Estão presos a um impulso primitivo de auto-afirmação através do poder sob o próximo. É um escravo de seu caráter infantil e deprimente. Não é livre e nem tem amor. É tão desprezível quanto as ovelhas que guia.
O nosso mundo é como é porque há pastores governando(porque precisam dominar) e porque há ovelhas sendo guiadas(porque precisam de um guia). Precisamos é de uma reforma na alma!
As ovelhas se ocupam de sua auto-afirmação risível. Buscam exibir suas proporções físicas, ser conhecidas por muitas pessoas, ter muitos bens de consumo. Tudo idiota.
Até na vaidade são guiadas.
Erros sobre erros são defendidos com sofismas vazios. Vivemos numa sociedade primitiva!
Liberdade nesse mundo é algo raro. Algo separado apenas para os verdadeiros homens, que não são pastores nem ovelhas. São homens, e isso basta.
Um homem livre de verdade já se libertou das amarras do desejo cego e insaciável. Já se libertou da necessidade servil de ter o destino determinado por algum tipo de força maior, seja palpável ou imaginária.
Um homem livre é aquele que já se libertou do mundo e de todas as suas ilusões. Esse sim é livre. Há homens que são mais livres do que outros, mas nem por isso são totalmente livres. A liberdade é diretamente proporcional ao grau de desapego á matéria.
Um homem de verdade já passou pela fase niilista de negação de todos os valores, e também já passou pela areia movediça, que é o momento em que todas as premissas vindas de fora perdem a validade, para darem lugar ao conjunto de premissas extremamente mutáveis que são as próprias. Neles não existe um pensamento idêntico ao dos outros, porque o pensamento alheio não tem qualquer força deliberativa para eles. O ideal do próximo é avaliado e julgado segundo os valors do homem, que são pessoais e intransferíveis.
Um homem livre não domina o outro, seja por querer se sentir seguro ou por auto-afirmação.
Admite que é o único do seu tipo, e por isso não tem a necessidade doentia de fazer do mundo um reflexo de si mesmo.
Ele ama ao próximo sem, para isso, ter que ver neste algo de si próprio. Sabe que as diferenças criam lições para seu coração e sua mente, e por isso ama essas diferenças de todo o seu coração.
Ele não usa nenhum de suas qualidades(se aceitar que tem alguma) para se exibir, porque para ele a vaidade não tem nenhum valor.
Se mais da metade das pessoas que vivem nesse mundo já fossem humanas, então as leis se tornariam irrelevantes, porque elas se tornam mais rigorosas na medida em que as pessoas demonstram precisar disso.
Não vejo maneira coletiva de ajudar a humanidade. Não existe um Diabo. Um homem ou alguns homens perversos. Não é o sistema que é o problema, mas a alma das pessoas.
O mundo só mudará quando os homens mudarem.

A batalha celestial

Eu tinha uma espada vermelha. Havia ódio nessa espada, sempre que a tocava eu o sentia.

- Porque!? Porque você fez isso!?

Era eu gritando com uma garota que nem reconheci na hora. O que sei é que eu sentia ódio, e que o ódio vinha da espada, não dela.

Ela não respondeu, mas abaixou a cabeça e chorou. Um choro daqueles de tristeza profunda, que não nos fazem berrar, porque a tristeza é tão grande que suga a energia.

Larguei essa espada e vi que tinha outra. Larguei também a outra e pulei. Cresci, ganhei três pares de asa e acabei descendo numa floresta. Nenhuma luz entrava ali a não ser a de duas espadas que eu tinha. Eram brilhantes, flamejantes. Eu vi olhos em todos os lados. Eram pequenos monstros. Pareciam goblins, mas eram negros e tinham sorrisos odiosos. Queriam me destruir, eu sabia disso. Peguei minhas espadas de fogo e lutei. Todos me atacaram de uma vez só, mas eu pude me defender deles. Soube que não era bom lutar no escuro então voei para cima. Assim que ultrapassei o ponto das arvores pude ver como eram as criaturas. Tinhas asas como de morcego. Alguns tinha buracos nas asas, mas ainda assim voavam de forma ágil. Um me atacou, e quando minha espada o tocou ele se tornou fumaça e cinza. E assim foi com todos os outros, enquanto eu fazia acrobacias para me esquivar de seus ataques. Depois de derrotar a todos eles eu ouvi uma trombeta

- A batalha começou! Lutem!

Eu subi, e passei pelas nuvens. A assim que ultrapassei todas, eu vi outros exatamente como eu. Cada um lutando contra outro idêntico, só que negro. Eram os demônios!

Um gigante bem do meu tamanho me atacou. Tinha quatro espadas, duas idênticas às que eu joguei fora e outros duas parecidas com as minha de fogo, só que negras. Nenhuma luz se refletia naquelas espadas, e ela soltava fumaça. Ele tinha apenas um olho.

- Vou te destruir!

- Nunca!

Lutamos e a luta parecia nunca dar vantagem e nenhum. Ele não me feria, e nem eu a ele. Lutavamos furiosamente, havia fogo dentro de mim.

De uma hora pra outra algo magnífico aconteceu. As nuvens foram afastadas de uma praia, e eu vi outro exatamente como eu, mas pelo menos cem vezes maior, lutando contra um dragão negro de sete cabeças. De alguma forma eu olhei para aquilo com apenas um olho, e mantive o outro focado no meu inimigo, mas ele só tinha um olho, e não me via. Ataquei e o matei. Virou fumaça negra.

Ninguém lutava contra mim, então fui atacando outros, eu era o unico que não tinha inimigo, e apenas um inimigo não podia enfrentar dois de nós. Todos aqueles que já não tinham um inimigo se uniam a mim para libertar os outros de seus demônios.

- Mate-o, Miguel!

O anjo Miguel tinha dificuldades, e nós já havíamos vencido nossos inimigos. Nosso grito de guerra penetrou dentro da minha alma. Pude sentir um poder nunca sentido antes.

- Ataquem o dragão!

Assim que eu gritei isso o dragão levantou todas as cabeças para o céu e gritou. O vento nos impedia de voar em sua direção, e uma explosão lançou longe a Miguel, e a todos nós. Fui lançado contra uma pedra, e a quebrei com o impacto do meu corpo. Virei fumaça branca, e subi às nuvens.

- Lutaremos novamente, e da próxima vez venceremos. Juntos mataremos o dragão, e o mundo será de Deus!

Foi o que um dos meus companheiros disse.

Acerca da miséria capitalista

Progresso é o que eles dizem... Mas que progresso?

A única coisa que eu vejo é estagnação. Esse sistema é como a idade média. Castra a humanidade como a igreja o fez. Vende ilusões e todo mundo compra.

Só precisam ver um homem sorrindo e falando que haverá progresso e que tudo vai melhorar para entregarem seu pouco poder. Seu voto...

Pensei que o mundo melhoraria quando o homem tomasse consciência de que a única coisa de que precisa para ser feliz é o amor, e que buscar a vida toda por dinheiro nunca seria útil. Foi o que pensei...

Mas de que valem essas minhas palavras (supondo que sejam verdadeiras) pra um menino de rua, que nem ler sabe? Pra ele o meu blog seria só uma tele estranha, com um monte de letras que ele não entende. E o que eu posso fazer?

Graças a esse sistema, algo perto de nada.

Se eu quiser ajudar, precisarei de dinheiro, e se quiser dinheiro vou ter que tomar de alguém, porque o capitalismo é a evolução do roubo. Se fizerem mais, ele passa a valer menos: esse sistema foi criado para que uns gananciosos estúpidos pudessem dar lugar á sua megalomania. Não haverá progresso enquanto não acabarem com essa desgraça.

A tecnologia só avança à medida que é lucrativa. Pesquisas só são dignamente financiadas se são lucrativas. Você vale o que você tem. O quanto pode consumir.

Mas se você é um moleque de rua, que não sabe ler e não tem nada, então você não existe. Você não é nada...

“sabe quantas pessoas são empregadas por essa empresa, por todas as empresas? O dinheiro precisa girar, a economia está em crise, a bolsa de valores, fizeram dumping em tal lugar, o neo(imperialismo)liberalismo isso e aquilo”

É o que me dizem, um monte de palavras que só significam uma coisa: as formas de se roubar se tornam cada vez mais sofisticadas… E são aceitas!

Mas isso é tudo falso. Esse sistema é falso!

Não há progresso, nós temos recursos para todos, temos tecnologia para viver melhor. E o que fazemos?

Criamos uma sociedade doente, onde uns roubam os outros e acham isso justo. Quando alguém decide ser honesto e roubar de verdade esse é julgado.

“vá trabalhar” é o que dizem... Deveriam dizer: venda a sua energia vital. Venda a sua alma para o patrão e assim terá seu sustento. Se você decidir ir contra será excluído, desprezado.

Se não tiver nada de valioso, então venda seu corpo!

Aposto que alguém lerá isso e pensará: “Eis aí mais um rebelde sem causa, quando ficar velho vai entender que nada nunca muda.” Mas eu não agüento mais isso. Tenho que fazer alguma coisa.

Se todas as pessoas tivessem um trabalho algumas não seriam assim tão ricas, porque o dinheiro não tem nenhum valor. Nós é que damos valor a esse lixo. É por isso que existe um miserável. Porque algum espertinho pensa que trabalhou mais e que merece ser rico.

Pois eu digo que ninguém merece ser rico. Ninguém tem o direito de guardar milhões consigo. Não há necessidade de um homem ter tanto. Aliás, não necessidade de haver posses.

Mas as pessoas são não só estúpidas, como mesquinhas. Se você sair hoje de sua casa e começar a falar isso alguém, ele te dirá que não financia vagabundo, ou que isso nunca vai mudar. Vai culpar os políticos, da polícia...

Mas se você disser para uma comunidade inteira que o dinheiro nada vale, e que tudo isso é de mentira, eles irão rir. São dominados e impotentes. Alguém decide até o que a maioria tem que pensar, e se eu desafiar esse sistema acabo morrendo de fome.

Somos só mais uma peça, mais uma engrenagem. Uum dia você e eu seremos substituídos por uma maquina sofisticada, porque o rico não precisará de nosso trabalho. A tendência desse sistema é destruir a natureza e as pessoas, e quando digo que o capitalismo deve acabar as pessoas riem de mim.

Dizem que anarquismo é bagunça, mas nem sabem o que isso significa. Nós já vivemos na bagunça agora, e não sei como alguém pode achar que isso é normal...

The death of hope

Lonestar where are you out tonight?
This feeling I'm trying to fight
It's dark and I think that I would give anything
For yout o shine down on me


How far you are I just don't know
The distance I'm willing to go
I pick up a stone that I cast to the sky
Hoping for some kind of sign

(Norah Jones – Lonestar)

So the seed of love have fallen from the clouds. Those who would blind it’s eyes from the dust of the world. Up over there you can see the sun. In the night, there is the moon and the stars. Even though they’re distant, they’re still shining like that doesn’t matter. But what if it does?

Maybe the seed will grow again. Maybe the rock could choose to leave, or it could just find another land spot to grow in. Or not.

What if once a three falls, the seed is lost forever? Well then the sun would burn people’s skin.

Maybe I’ll be smiling soon, or maybe not. I just wished life to be simple, but it’s only simple when you choose to lie to yourself. “Dear Karen” for us, my love… Dear karen…

A saga da semente

Era época de calmaria. Não se ouvia falar em vento há tempos. Uma semente caiu no chão e germinou, mas havia pouca terra. Logo abaixo dessa terra havia uma grande rocha. Era indestrutível, intransponível.

A semente não tem olhos, e por isso, assim que se encontrou na terra, começou a crescer. Suas raízes se aprofundaram e começaram a surgir suas primeiras folhas. Logo surgiram galhos e também ramos.

A raiz tocou a rocha, e com isso parou de se aprofundar.

Por algum motivo ela pensou que a rocha se moveria, mas pedras não têm vontade. Elas não fazem escolhas e nós não decidimos nada por elas também.

A semente, que já era planta, continuou a ascender. Ela queria tocar as nuvens. As outras plantas se espantaram, pois o crescimento foi muito rápido. Ela crescia desenfreadamente, e nada entrava em seu caminho.

A terra era pouca, mas muito fértil. Se não fosse pela pedra, seria o melhor de todos os terrenos que existem.

A planta se tornou arvore, e ganhou um grosso tronco. Tinha filhas e frutos. Todos a admiravam.

Ela continuou crescendo. Não olhava para os lados, só para cima. Queria as nuvens. Ainda esperava a pedra decidir sair de baixo.

Depois se esqueceu da pedra e foi tão alto que seu topo ultrapassou a altura do norro, na base do qual ela havia germinado.

Veio uma forte ventania. Os ventos do destino finalmente chegaram. As outras árvores se mantiveram erguidas. Tinha raízes profundas.

Mas não a semente, que virou planta e depois arvore. Ela foi empurrada pelo vento e caiu. Caiu por terra.

Outras sementes a viam como referência. ‘Devemos ser grandes’, diziam elas.

Mas agora a semente caiu do céu, e o sonho acabou.

Um monólogo/diálogo com a deusa

Uma mulher veio a mim e disse:

- Você tem o que eu busco. Porque não me dá?

- Meu coração não posso te dar. Você conhece bem as barreiras práticas em relação a isso. Minha idade é muito menor do que a sua, e logo minha imaturidade te seria irritante, enquanto que sua estética em breve me será um fardo, por causa da minha virilidade.

Ela me olhou com olhos de julgamento. Como quem diz: diga logo a verdade!

- Mas nós dois sabemos que eu sou movido é pelo coração, e que ignoraria qualquer aspecto prático para viver um amor fulminante e profundo. Sabes bem que te considero digna de receber o meu amor, embora eu não saiba se sou digno do seu. Mas eu não tenho amor para você. Tenho o amor, é verdade, mas ele já está ligado a alguém. Corre de mim um fluxo de dar-me a mim mesmo para essa pessoa.

- Me fale sobre essa pessoa e sobre esse fluxo.

- É um impulso involuntário e, muitas vezes, de natureza cíclica. Eis aí uma breve definição do impulso de sar-se a si mesmo. Fico me questionando a respeito do sentimento que tenho por ela. Tenho esse impulso irracional de querer satisfazer o coração das pessoas que por isso anseiam, e em geral elas se aproveitam disso para obter algum benefício banal e temporário. Mas nela eu vi algo diferente. Algo belo. Nesse sentido ela se mostrou semelhante a mim, e me encantei de tal forma que fui levado (e ainda estou sendo) por este impulso. Ela reagiu da mesma maneira que eu reagiria. No início se encantou, e gostou do meu carinho. O aceitou, e em certos momentos me foi tão carinhosa que nem pude acreditar que foi de verdade. Ela tem espírito, é Stela.

- E porque você está com esse olhar, então?

- Há barreiras morais entre nós dois. Barreiras que tornam nosso relacionamento romântico impossível. Pelo menos por agora. Tento contornar racionalmente. Aliás, tentei, mas concluí, hoje, que não há utilidade para a racionalidade. Não neste caso. Estou me sentindo triste, porque ela é uma ou, talvez, “a” pessoa que é realmente capaz de receber integralmente esse afeto, de me receber.É madura, sentimental, apaixonada, inteligente, íntegra. De que me valem os adjetivos?

- E eu?

- Você vem logo atrás dela, e pela quantidade de palavras que trocamos um com o outro eu diria que isso é uma façanha impressionante. Noutras circunstancias teria levado meu coração, te garanto. Mas a verdade é que sinto meu coração unido ao dela. Que me desculpem todas as mulheres que, de alguma maneira, tiveram contato comigo, mas sou obrigado a confessar que ela é o que já vi de mais belo nesse mundo. O que mais quero é me entregar a ela. Amá-la até o fim dos meus dias, e dedicar esses a ela em grande proporção. Quero um abraço, quero olha-la. Quero dar tudo, porque sei que ela pode receber. Fico atônito quando, repentinamente, ela me dá uma flor de ouro. Ela se entrega como eu, dá amor sem querer nada em troca.

- Eu também faço isso.

- Por favor, querida. Não torne as coisas assim tão difíceis para mim. Sabe que me dói não poder me entregar a você. Não queria que você estivesse assim só. Abandonada. Esse mundo não está preparado para uma presença como a tua. Mas nesse ponto não há nada que eu possa fazer. Meu coração está ligado ao dela.

- E o que ela tem de diferente das outras? O que você sente de diferente?

- Com as outras, confesso, minha relação era mais altruísta, só que com ela também penso em mim. Quero me entregar sim, mas também quero que ela se entregue a mim com toda a sua maravilhosa beleza física e espiritual. E em troca dou a mim mesmo de corpo e alma.

- Ainda não me falou o motivo do seu olhar.

- É isso que me deixa numa dicotomia entre alegria e tristeza. Fico alegre quando nossos espíritos se encontram, e triste quando abro os olhos e vejo as barreiras físicas e morais que existem entre nós. Aliás, o que mais me deixa triste é que tudo pode ser só ilusão. Ou pior, que pode ser unilateral.

- E se for ilusão?

- Vou para perto dela de qualquer maneira. A barreira física acabará, e a moral eu não sei. Mas se, lá, eu ao menos puder me entregar a ela, então assim ficarei contente. Talvez tudo isso seja uma grande ilusão, mas dentro de mim existe com tamanha intensidade que não há como negar. Sendo uma fantasia ou não, eu tenho que ir adiante. Acerca da moral eu falo como Zaratustra: “Tu deves, assim se chama o grande dragão; mas o espírito do leo diz: ‘eu quero’. O tu dever está postado em seu caminho, como animal escamoso de áureo fugor; e em cada uma de suas escamas brilha em douradas letras: ‘tu deves’”