Acerca de ovelhas, pastores e homens

“O mal do mundo é o capitalismo!”.
“Não, é o desemprego”.
“Pense direito, o problema é a crise econômica”.
“Não seja idiota, não vê que o mal do mundo é a poluição do meio ambiente?”.


São todas causas coletivas. Causas que existem fora da identidade dos homens. Achar que algum desses pode realmente ser o maior problema do mundo é um erro.
Esses são só sintomas da parcialidade e da superficialidade na qual estão imersas as pessoas...
Quero, aqui, falar do que considero como sendo o fundamento de todos os males. Aliás, são dois erros. Individualismo e coletivismo. Ou, servindo-me do título, o “ovelhismo” e o “pastorismo”.
As ovelhas ocupam a base da pirâmide. Não querem pensar, então são guiadas pelo senso comum. Não querem buscar a si mesmas, então deixam outras pessoas dizerem quem são e qual é o seu destino.
Têm um desprezível espírito servil. São uns reflexos da coletividade. Mais nada. A massa de manobra.
O topo e o meio da pirâmide é ocupado pelos pastores.
Veja que, embora a religião a religião tenha sua parcela de membros entre os pastores, eu não me refiro a pastores como líderes religiosos.
Para mim um pastor é aquele que tem um cajado, e que com ele puxa o pescoço das ovelhas. O pastor, pra mim, é a criatura niilista que guia as ovelhas cegas.
Anda sob duas pernas, mas não é livre. Pensa que os bens materiais aumentam o seu valor, mas não passa de um miserável.
É como um ratinho que, compulsivamente, puxa a alavanca para ganhar sua guloseima. Estão presos a um impulso primitivo de auto-afirmação através do poder sob o próximo. É um escravo de seu caráter infantil e deprimente. Não é livre e nem tem amor. É tão desprezível quanto as ovelhas que guia.
O nosso mundo é como é porque há pastores governando(porque precisam dominar) e porque há ovelhas sendo guiadas(porque precisam de um guia). Precisamos é de uma reforma na alma!
As ovelhas se ocupam de sua auto-afirmação risível. Buscam exibir suas proporções físicas, ser conhecidas por muitas pessoas, ter muitos bens de consumo. Tudo idiota.
Até na vaidade são guiadas.
Erros sobre erros são defendidos com sofismas vazios. Vivemos numa sociedade primitiva!
Liberdade nesse mundo é algo raro. Algo separado apenas para os verdadeiros homens, que não são pastores nem ovelhas. São homens, e isso basta.
Um homem livre de verdade já se libertou das amarras do desejo cego e insaciável. Já se libertou da necessidade servil de ter o destino determinado por algum tipo de força maior, seja palpável ou imaginária.
Um homem livre é aquele que já se libertou do mundo e de todas as suas ilusões. Esse sim é livre. Há homens que são mais livres do que outros, mas nem por isso são totalmente livres. A liberdade é diretamente proporcional ao grau de desapego á matéria.
Um homem de verdade já passou pela fase niilista de negação de todos os valores, e também já passou pela areia movediça, que é o momento em que todas as premissas vindas de fora perdem a validade, para darem lugar ao conjunto de premissas extremamente mutáveis que são as próprias. Neles não existe um pensamento idêntico ao dos outros, porque o pensamento alheio não tem qualquer força deliberativa para eles. O ideal do próximo é avaliado e julgado segundo os valors do homem, que são pessoais e intransferíveis.
Um homem livre não domina o outro, seja por querer se sentir seguro ou por auto-afirmação.
Admite que é o único do seu tipo, e por isso não tem a necessidade doentia de fazer do mundo um reflexo de si mesmo.
Ele ama ao próximo sem, para isso, ter que ver neste algo de si próprio. Sabe que as diferenças criam lições para seu coração e sua mente, e por isso ama essas diferenças de todo o seu coração.
Ele não usa nenhum de suas qualidades(se aceitar que tem alguma) para se exibir, porque para ele a vaidade não tem nenhum valor.
Se mais da metade das pessoas que vivem nesse mundo já fossem humanas, então as leis se tornariam irrelevantes, porque elas se tornam mais rigorosas na medida em que as pessoas demonstram precisar disso.
Não vejo maneira coletiva de ajudar a humanidade. Não existe um Diabo. Um homem ou alguns homens perversos. Não é o sistema que é o problema, mas a alma das pessoas.
O mundo só mudará quando os homens mudarem.

1 comentários:

Anônimo disse...

Como já disse Frank Sinatra meu amigo, that´s life.

Abraços