Era época de calmaria. Não se ouvia falar em vento há tempos. Uma semente caiu no chão e germinou, mas havia pouca terra. Logo abaixo dessa terra havia uma grande rocha. Era indestrutível, intransponível.
A semente não tem olhos, e por isso, assim que se encontrou na terra, começou a crescer. Suas raízes se aprofundaram e começaram a surgir suas primeiras folhas. Logo surgiram galhos e também ramos.
A raiz tocou a rocha, e com isso parou de se aprofundar.
Por algum motivo ela pensou que a rocha se moveria, mas pedras não têm vontade. Elas não fazem escolhas e nós não decidimos nada por elas também.
A semente, que já era planta, continuou a ascender. Ela queria tocar as nuvens. As outras plantas se espantaram, pois o crescimento foi muito rápido. Ela crescia desenfreadamente, e nada entrava em seu caminho.
A terra era pouca, mas muito fértil. Se não fosse pela pedra, seria o melhor de todos os terrenos que existem.
A planta se tornou arvore, e ganhou um grosso tronco. Tinha filhas e frutos. Todos a admiravam.
Ela continuou crescendo. Não olhava para os lados, só para cima. Queria as nuvens. Ainda esperava a pedra decidir sair de baixo.
Depois se esqueceu da pedra e foi tão alto que seu topo ultrapassou a altura do norro, na base do qual ela havia germinado.
Veio uma forte ventania. Os ventos do destino finalmente chegaram. As outras árvores se mantiveram erguidas. Tinha raízes profundas.
Mas não a semente, que virou planta e depois arvore. Ela foi empurrada pelo vento e caiu. Caiu por terra.
Outras sementes a viam como referência. ‘Devemos ser grandes’, diziam elas.
Mas agora a semente caiu do céu, e o sonho acabou.
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