Águas passadas


A noite estava escura. Chovia, mas estava quente. Saiu de casa carregado por um impulso de não se sabe o que. Nem sabia pra onde estava indo, mas lembrou que sempre que saia assim acabava lá pro fim da praia. Subiu, como sempre as escadas altas que levavam à cachoeira e lá do topo não conseguia ver nada por conta de um poste jogando luz em seus olhos. Mas nem queria ver nada mesmo.

Desceu na água gelada e sentou no ultimo degrau. Era grande, nem dava pra subir por ali. A água caia e passava por suas pernas. Onde ele sentou, acabou formando um ponto sem água. Foi só ele chegar que a água se retirou. Que ironia...
Era uma corrente baixa. Do tamanho de um dedo, mais ou menos. Dava pra deitar naquele chão cheio de lodo e sentir a água gelada fluindo. Seria esse um real motivo de sofrimento, talvez. Quem sabe a água não seria a fonte de purificação?
As gotas da chuva já estava cessando, mas já haviam se acumulado nos olhos. Ele só via vultos.

Lembrava que quando menino era tudo menos complicado, só mais doído. Agora já nem sabia se doía por saber que deve doer ou se dói de fato. As árvores viraram nuvens que respingavam o que sobrara da chuva, parecia até uma clepsidra do relógio natural, pingava cada gota fazendo questão de chocar-se contra as rochas do pensamento. Esse aí saía da cachola devagarinho, ia rastejando pelos musgos até achar uma altura boa para pular para o ombro, aproveitava uma cicatriz ganhada de uma queda da mangueira plantada nessas chácaras que só avó tem para penetrar sangue adentro, só parando no coração.

A água gelada eriçava as costas enquanto contornava cada curva de pele para reencontrar-se consigo mesma, já o lago parecia borburlhar de tão agitado, talvez fosse isso. Lago borbulhante faz a cabeça borbulhar também. E a dele já estava fervida há muito tempo. Tinha perdido um chinelo, o do pé esquerdo, por que sempre tinha que acontecer com as coisas canhotas da gente?

Levantou a cabeça devagar e viu o chinelo caindo pelos degraus. Caiu num canto que era impossível visualizar. Andar descalço sempre foi bom, de qualquer maneira. E aquele chinelo estava velho. Soltou o outro do pé, mas ele agarrou perto e não foi. Como certas feridas que, diferente das outras não são levadas pela correnteza do tempo. Tem algumas que ficam. Perder esse seria uma desculpa pra comprar um novo, mas voltar só com um provavelmente seria motivo pra vir procurar o outro e continuar com o velho. Mas o velho tinha que ir embora, então ele o lançou no meio do mato.

Sei queixo tremia. Tudo tremia naquela água gelada. Será que com alguém ali junto seria tão frio? Será que seriam dois tremendo? Ou seria o calor de um o bastante para o outro?

Ele nunca abraçou ninguém dentro d’agua, então não sabia, mas quis acreditar que sim.

- a vida é dura. – disse ele em voz alta

Parecia imaginar que alguém o ouvia. No fundo se sentia um covarde isolado e se lamentando. Só que as crianças da áfrica não serviam pra amenizar seu sofrimento: pelo contrário. Saber que há pessoas sofrendo tanto o fazia sofrer ainda mais. Tinha em seus ombros o próprio peso e também o do mundo.

Acerca da farsa que é a estrutura do pensamento cristão


Foi um belo banquete, ontem. Se é que posso dar esse nome ao jantar de natal. Infelizmente o meu bom senso foi agredido, pois tive que me sentar e ouvir um ritual cristão.
Interessante, aliás, é que o sermão foi retirado de um livro chamado pérolas diárias. Será que não seria uma pérola negra demais dizer que o Natal é uma comemoração originada na cultura pagã, celebrando o deus sol?

E cadê a solidariedade de um feriado criado exclusivamente para o consumo excessivo, que amplia a segregação social e, conseqüentemente, não tem nada de bonito?
Eu estava quieto na minha. Mas a agressão foi grande demais: colocaram um CD com músicas evangélicas para eu ouvir. Um insulto para mim, que já estou a algum tempo tentando trabalhar nessa minha aversão ao cristianismo.

Mas essa praga está em todas as esquinas, em todas as ruas. Não há como eu me livrar do ódio ao cristianismo se sempre tem um maldito reforçando esse sentimento com alguma gritaria ou algum discurso obviamente idiota, que os ouvintes parecem considerar totalmente razoável.
Que fique claro, no início desse texto, que se trata de uma catarse: só estou escrevendo isso pra aliviar minha raiva, o que não quer dizer que o conteúdo em si seja falso.

Minha intenção aqui é demonstrar, numa análise da estrutura lógica do pensamento cristão, que ele se baseia numa farsa, se desenvolve numa falácia e chega no absurdo.

Primeiro devemos considerar as premissas.

1)    Deus existe.
2)    É onisciente, onipresente, onipotente e bom.
3)    Jesus morreu pelos pecados do homem.
4)    A bíblia é sua palavra.

1 – A mim parece mais do que óbvio que esse argumento simplesmente não pode ser justificado, tendo em vista que vai para além do empirismo. Há certos argumentos usados pelos cristãos, no entanto, que eu gostaria de comentar.

Em primeiro lugar, muitos usam uma falácia básica, que é tornar úteis para a sua causa as teorias da física (ou uma distorção dela). Presumem que deve haver uma força criadora, porque não há como tudo ter surgido do nada. Depois dessa pressuposição, dão um enorme salto e dizem que essa força é Deus, e que ele é o que a Bíblia mostra.

Ora, nós nunca estudamos nada relativo à criação. Tudo o que observamos são mudanças na matéria que já existe. Assim, nossa lógica no que se refere á matéria em si nunca englobou nada parecido com criação. Daí decorre que a física não poderia justificar a criação, já que isso não é algo observável. Nunca presenciamos a criação, apenas a transformação.

Daí decorre que nada nos garante que o universo teve que ser criado em primeiro lugar. Ele poderia muito bem ter sempre existido: a força criadora poderia ser o próprio universo. E mesmo que tenha sido criado, considerando essa possibilidade real, embora incomprovável, nada nos garante que tal força seja inteligente da maneira que entendemos o conceito de inteligência (qual?).
Outro argumento comum utilizado pelos cristãos, geralmente com o intuito de fugir do assunto e encerrar o diálogo, é o de que o indivíduo precisa “sentir” para entender. Só que esse sentir, o qual eu mesmo experimentei, é completamente irracional: é uma sensação boa que pode ser interpretada de diversas maneiras. Daí decorre que, mesmo sentindo o que eles chamam de presença de Deus, eu posso dar a essa sensação outro nome. Acontece que eles têm a sensação e a interpretam com as premissas cristãs, que aceitam sem nunca terem sentido nada. E depois têm a cara de pau de usar essa mesma sensação para comprovar a premissa de que Deus existe.

É uma falácia lógica parecida com a usada para comprovar a bíblia: a conclusão é a premissa, o ciclo é fechado e a mente do indivíduo também. Ele só pode fazer, depois disso, alguns ornamentos para tornar o argumento menos inteligível, o que coage os mais ignorantes a aceitar sem questionar com medo de serem segregados como burros demais pra entenderem os “mistérios de Deus”. Mal sabem que assim eles demonstram sua estupidez integralmente.
Mesmo que essa sensação tenha origem em Deus, não há conteúdo racional nela: não há dogmas, não há bíblia, não há profecias e nem dízimo. Isso é o significado que o individuo já carrega consigo e que vomita sobre a sensação para dar a ela algum sentido (porque é preferível dar um sentido idiota do que não dar nenhum).

A Bíblia também é usada, de maneira sofrível, como forma de demonstrar que Deus existe. E é precisamente Deus que dá alguma credibilidade a ela: O ciclo fechado e meramente abstrato, sem nenhum tipo de empirismo.

Outro argumento absurdo é o de que, pelo simples fato de que o cristianismo é antigo, deve ser verdadeiro, porque se fosse uma mentira não se manteria por tanto tempo (E isso é uma falácia lógica formal). Acredito que é bem fácil citar religiões mais antigas que o cristianismo e que ainda existem. De fato, o cristianismo só se mantém diante de outras religiões por dois motivos: porque é uma religião “demonizadora” e fundamentada em sofrimento.
Noutras palavras, o cristianismo torna herético e profano todo o conteúdo religioso que não seja o seu. É precisamente essa a idéia que deu fundamento às cruzadas e que motiva crentes a irem para a áfrica livrar a população local das crenças demoníacas. Aliás, para um cristão é totalmente razoável o fato de que a áfrica está miserável: é falta de Deus.

Já ouvi pessoalmente uma mulher cristã dizer que a Inglaterra é um país rico porque é cristão e que a áfrica é como é por conta da idolatria e do culto á demônios. E mesmo para cristãos cultos, não há como negar que isso é razoável se estivermos partindo das premissas cristãs.
Outro ponto que sustenta o cristianismo é sua raiz no sofrimento: é uma religião dos oprimidos, que são sempre a maioria. Funciona como a hydra, que foi enfrentada por Hercules: quando se corta uma cabeça, nascem duas. E o cristianismo é assim: sempre que alguém se revolta contra os absurdos e as barbaridades do cristianismo e decide lutar contra essa religião, eles mostram na bíblia que Deus previu as perseguições e usam isso como argumento para justificar sua religião. Lamentavelmente, isso é aceito como prova por muitas pessoas. Podemos ver isso claramente nos cristãos que morreram sem reagir nos coliseus quando o cristianismo era perseguido. Era como coçar sarna: quanto mais você tenta ferir, mas espalha a praga.

Foi um tipo de maldição que ninguém conhecia. Uma força que cresce quando é perseguida e que usa a morte para se reproduzir.
Será mesmo que o cristianismo se mantém porque Deus está trabalhando?
Pra mim parece que o cristianismo só existe porque é uma praga bem resistente.

2 – Acredito que nem é necessário me aprofundar muito nas características de Deus, porque nem há comprovação de que ele existe em primeiro lugar. Mesmo assim, como estou escrevendo isso por mera catarse, vou explorar tais argumentos.

Em primeiro lugar, usemos a lógica abstrata: se Deus é onisciente e onipotente, isso que dizer que não existe, para ele, a barreira do tempo. Assim, Ele está no passado, no presente e no futuro.

No entanto, ele criou uma “palavra” que tem como intuito “salvar o homem”. Ora, por que motivo ele tentaria salvar homens que ele mesmo criou já sabendo que seriam condenados?
E, em última análise, de quem o homem seria salvo senão do próprio Deus, já que tudo é criação dEle(inferno, diabo, etc.)? E que pecados o homem tem que evitar senão aqueles que Deus mesmo criou?

Como pôde Deus mandar o rei Saul matar crianças de peito se é bom? Porque Ele mesmo não os matou com relâmpagos? E, aliás, já que esse povo entrou em seu caminho, porque ele permitiu que ele viesse a existir, já que sabia do destino inevitável?

Deus não sabia, então não pôde se previnir. Daí decorre que não é onisciente e nem onipresente: não sabe do futuro porque nunca quebrou a barreira do espaço/tempo e nunca saiu do presente. Deus mandou matar as crianças, que mais tarde veio santificar, então não é bom (seria mais caridoso nunca tê-las criado). E Deus não podia destruir os amalequitas, tendo que, então, usar o rei Saul (afinal, Deus não passava de um profeta disfarçado com truques estúpidos).

Noutras palavras, mesmo se Deus existisse, tais eventos precisariam de sofismas para terem alguma aceitação, porque são uma fraude. Tudo ali indica que, pela antropomorfização, pelos sentimentos humanos e pelo pensamento humano (preso no espaço/tempo) não há nenhum deus falando, mas apenas um homem (ou alguns homens) que inventa coisas ou que tem delírios proféticos.

3 – Como essa uma das partes mais absurdas do cristianismo, sendo, curiosamente, a parte principal, separei uma parte do texto só para demonstrar essa farsa com cuidado.
Como já demonstrei, nós fomos condenados pelo senso de justiça criado por Deus e Ele já sabia da nossa condenação antes de nos criar. Daí decorre que se temos que ser salvos de algo é do próprio Deus, opressor e egocentrista.

Mas não para por aí o absurdo: Nós somos obrigados a responder pelo erro de outra pessoa, sendo que nascemos inocentes (segundo a premissa cristã). Não preciso dizer como é absurda a idéia de um filho pagar pelos erros do pai. Quanto mais pagarmos pelos erros de pessoas que nem sabemos se existiram de verdade (sem presumir que a bíblia seja verdadeira literalmente).

E a parte mais absurda chega agora: depois de sermos condenados por um erro que nunca foi nosso e que foi definido como erro pelo nosso próprio salvador (algoz), ele mandou o próprio filho para morrer (sendo imortal) pelos nossos pecados.

Pra colocar de forma mais simples, poderíamos dizer que isso seria como se um juiz decidisse absolver um criminoso entregando o próprio filho para morrer em seu lugar. O que tem a ver a morte do filho com os supostos crimes do bandido? Porque a morte do filho salva o vigarista?
Ora, é claro que na antiguidade eles matavam cordeiros como uma forma de sacrificar parte do que tinham, a fim de, com tal penitência, expiar os pecados. É estúpido, mas era o que era.
Só que Jesus nunca foi um cordeiro (uma propriedade do pecador, que ele entregaria como forma de penitência) e nunca morreu. Afinal, era imortal!

Toda esse estória é tão absurda que eu ainda fico indignado com a freqüência com a qual é aceita pelas pessoas sem nenhum juízo racional a respeito: Deus inventou o erro, nos criou para errar, nos condenou com sua própria criação e se propôs a nos salvar dele mesmo mandando o próprio filho para ser sacrificado. Não é necessário ter boa vontade para acreditar nisso: o que se precisa é ser idiota!

4 – Um pouco pior do que a farsa do sacrifício de Jesus, a bíblia é a maior farsa do cristianismo.
Como demonstrei, é sustentado que ela é a palavra de Deus. E ao mesmo tempo é ela mesmo que prova a existência de Deus. Assim, se eu criar um livro sobre o unicórnio rosa invisível e disse que foi o próprio unicórnio que o inspirou, então o unicórnio existe e o livro é sagrado.
O mais funesto detalhe sobre esse livro é que ele é usado por cristãos como fonte de informação! Ou você nunca viu um cristão confirmar qualquer absurdo quando são apresentados fundamentos bíblicos?
Através desse livro, o homem se convence de que está sempre culpado, que é miserável e precisa do auxílio de deus (ególatra), que tem que pagar dízimo, fechar sua mente para idéias contrárias, pregar o cristianismo, perseguir e demonizar outras religiões, e pior que tudo isso: ele é forçado a negar sua própria natureza, que, estranhamente, foi criada por deus. É obrigado a fechar os olhos, negando sua razão, e ao se entregar ao ascetismo, lutando contra impulsos naturais, como o sexo. E o inferno é a ferramenta de coação. Uma ferramenta estúpida, mas assustadora e tristemente eficaz.
Na verdade esse livro é uma das maiores pragas que já existiram nesse planeta. Alienador, castrador: ele controla com facilidade as massas imbecis que caminham pelo mundo e trás lucro a que souber utilizá-lo.

Não vou ser irresponsável ao ponto de não demonstrar cada uma dessas acusações. Só espero que os leitores consigam entender minha lógica cíclica: não sou bom com pensamentos lineares, então há coisas que já foram ditas e serão aqui reforçadas.

Depois de ignorar todas as falhas do cristianismo, que torna a bíblia legítima, começam as conseqüências funestas dessa religião. O sentimento de culpa corrói o indivíduo, impedindo que sua razão se desenvolva. O senso crítico só é permitido quando se encontra dentro dos limites do que o cristianismo já prescreveu como verdadeiro. Se ele ousar sair dessas premissas, muitas vezes não será necessária nenhuma força externa, porque o verme cristão da culpa irá corroê-lo. O medo do inferno, que é um mito originado na bíblia, sustenta tal sentimento de culpa e coage o indivíduo a nunca sair do pensamento cristão. Assim, isso se torna uma prisão para o pensamento humano e para seu desenvolvimento intelectual.

Como o ser humano é essencialmente social, é comum que ele precise se integrar com outros para que não se sinta demasiadamente pequeno e impotente. Nos dias de hoje, tal sentimento é comum, porque nossa sociedade é individualista e se baseia em interesses materiais para seu funcionamento: De um modo geral, as pessoas só vivem perto umas das outras por necessidade. Assim, muitos se encontram sozinhos no meio da multidão, já que as pessoas não passam de ferramentas.

Essa ferida aberta pelo nosso sistema deixa um buraco na alma do indivíduo, que o cristianismo trata de associar à falta de Deus. E quando o indivíduo se engloba na igreja, acaba fazendo parte dessa comunidade e tem seu vazio preenchido. Afinal, se fosse por conta de Deus, o mais razoável seria o indivíduo buscar a Deus por conta própria ao invés de se submeter a uma instituição. Eu nem imagino quantas pessoas estão na igreja simplesmente porque é lá que se firmaram e não saem pelo medo da solidão. Mas sei bem como a segregação à qual são submetidos os “desviados”. No início tentam converter o indivíduo de todas as maneiras, com músicas e com frases de efeito. Tentam novamente usar os próprios membros e a sensação de pertencer à comunidade. Se nada disso funciona, o indivíduo simplesmente deixa de existir. Deixam “Deus lidar com ele”, e se ele começar a falar contra o cristianismo, devem manter distância dele, porque está sendo usado pelo inimigo(Diabo). Isso no caso dos cristãos mais pacíficos, porque os mais selvagens podem tomar medidas mais drásticas: a agressividade de alguns cristãos beira o terrorismo, sendo que a máxima dessa religião é “amai ao próximo como a ti mesmo”.

Assim, mesmo que os membros do grupo tenham alguma simpatia pelo indivíduo, ela não se manifestará senão em orações, que não podem remover a solidão e a revolta do excluído.
Com fundamento na bíblia (que piada), o líder espertinho lança o dízimo em questão. Cria músicas que endeusam a prática, mostram como é importante para o crescimento da obra de Deus (que, aliás, criou tudo e, conseqüentemente, tudo possui). Mas o principal absurdo colocado nesse sentido é o de que quem dá dízimo se torna prospero.
Sempre procuram um exemplo para dizer que o dinheiro rende mais quando se paga o dízimo, mas nunca se lembram que a maior parte das pessoas que o pagam nunca saem da miséria: as comunidades cristãs se multiplicam feito praga onde há pobreza. Nunca lembram da enorme massa ignóbil que está cagando pra todos sofismas cristãos, mas que só dá a Deus pra receber de volta (e nunca recebem). Aliás, lembram sim. É muita coisa pra esquecer. Apenas não falam sobre isso por ser ruim para os negócios. Só cantam musiquinhas, dizem que Deus ficará contente e que o que o “servo” doar (colocar no bolso do ladrão) retornará para ele multiplicado em dez vezes.

Roubar assim é bem mais fácil do que bater carteiras ou usar armas, não? Usando todo um mecanismo imundo que já existe desde que o homem aprendeu que pode mentir para o outro em troca de benefício material pessoal.

Para se sustentar, é claro, o indivíduo precisa não só fechar a mente e continuar repetindo exaustivamente as mesmas besteiras pra si mesmo: ele também faz isso para com os outros, imaginando que, ao ouvir, os outros acreditarão. E não está errado: porque a maioria das pessoas simplesmente acredita sem nenhum tipo de questionamento. Só porque alguém falou e essa pessoa é “confiável”. Às vezes nem isso: só porque muita gente disse, não importando quem sejam as pessoas.

O mais engraçado (pra não dizer trágico) é que alguns protestantes pregam porque dizem que só quando todas as pessoas tiverem ouvido a palavra de Deus é que Jesus (a ovelha sacrificada) voltará para levar os cristãos que foram fortes na fé (que se alienaram com maior força de vontade) sendo o paraíso a recompensa para os alienados, manipulados e estúpidos, que nem mesmo percebem que o paraíso, no qual não há barreiras, eles mesmos sofreriam com um tédio eterno, enquanto que a dor do inferno passaria com o hábito nalguns milênios.

Outra coisa notável é como usam os eventos da modernidade para afirmar que profecias se cumpriram e que “A bíblia estava correta”. Sobre isso nem há muito o que dizer: a linguagem utilizada pela bíblia permite diversas interpretações. Isso sem falar no fato de que ela já foi tão alterada que provavelmente nós não vemos hoje um terço do que esse livro já foi. Por mais que, de qualquer maneira, não possua qualquer valor para além do simbólico e psicológico.
E o mais deprimente é que, quando se percebe que os “sinais do fim” se cumprem, acaba por sentir em seu íntimo algo como alegria, pois eles não se importam com esse mundo e pensam que serão arrebatados pela ovelha imortal que morreu para pagar pelos erros alheios.

E por último e mais terrível, prega a negação do que o ser humano é em essência: dizem para não fazermos sexo antes do casamento, o que era razoável antes de termos a camisinha como forma de controle de natalidade e de refrear a praga de DSTs (Isso nunca funcionou de verdade, porque o impulso sempre foi mais forte). Com isso, nos ensinam e ter medo do que somos e a sofrermos por conta da nossa própria natureza. O homem não pode pensar e não pode transar sem se sentir culpado. Por causa disso, surgem casamentos falsos, onde a pessoa simplesmente quer ser autorizada a transar e a relação não vai para além disso. Quando ele percebe a farsa que é seu casamento, quer destruí-lo (mesmo inconscientemente) e começam as brigas, que, é claro, são atribuídas ao Diabo. Aí começa a terapia cristã de casais, que tem como objetivo salvar um casamento que já iniciou fadado ao fracasso. Aliás, o romantismo apresentado nessas terapias é tão ridículo que dá vontade de rir (cenas de beijos recortadas de filmes famosos com música gospel no fundo).

Não existe pensamento criativo dentro do cristianismo, já que há os limites do dogma para o que pode ser pensado. Quando sempre temos que ter cuidado para não blasfemar e para não violar a sagrada moral cristã, acabamos reprimindo nossa criatividade, que não se submete ao maniqueísmo. Precisamente por isso que os maiores artistas demonstram estar além da prisão cristã, enquanto que quem está preso não conseguiria sair do lugar com uma obra de arte: mais cedo ou mais tarde o cristianismo impediria o indivíduo de ser criativo, porque em sua concepção algo surgiria que o cristianismo não aceita. Aliás, algo natural (o cristianismo considera a natureza um erro, e precisamente por isso tenta fugir dela com paraísos e ascetismo).

A arte é limitada, a sexualidade é limitada, a ciência é limitada, a filosofia é limitada. Tudo por causa de premissas que nunca foram provadas em primeiro lugar, que dão base a um desenvolvimento repleto de falácias e que nem levam às conclusões propostas sem um enorme salto (que acontece por meio da fé).
A fé move o ser humano à estupidez. E não adianta querer colocar sofismas na frente da fé e dizer que ela se alia à razão: o que vemos da fé é que ela aliena as pessoas e faz com que elas acreditem em qualquer besteira que disserem. Pela fé no monstro do espaguete voador, no unicórnio rosa ou em Deus, o indivíduo pode ser curado psicologicamente. Porque a mente do ser humano atua sobre seu corpo de forma muito intensa. Não Deus, Psicossomática, placebo...
Afinal, não é só no cristianismo que vemos curas milagrosas e sincronicidades, mas em praticamente todas as religiões. Aliás, as mesmas religiões que o cristianismo atribui ao diabo. Os milagres delas, por conveniência são fruto da ação do diabo (que quer matar, roubar e destruir, como Deus fez com o Egito) e os que os cristãos recebem são de Deus.

Com minha catarse completa, deixo aqui registrado que o cristianismo é uma praga e precisa ser eliminado do universo. Mas no fundo eu penso que isso é só um sintoma. Se tirarmos o cristianismo, teremos outra religião, ideologias sociológicas ou qualquer outra besteira que o ser humano quiser usar para se esconder em convicções e fingir que tudo está seguro.
Convicções são prisões.
Bem disse Nietzsche...
O ser humano tem medo de liberdade.
Bem disse Fromm.
Está alienado de si mesmo e projeta o que tem dentro de si no mundo de for.
Bem disse Jung...

Os sábios sempre surgem e sempre apontam os erros. Não estou falando novidades aqui. E também não é novidade que a imbecilidade inflará o ego e não aceitará a derrota.

Foi só um momento


Foi um dia longo pra nós dois. Mas foi bom. Passeamos por aí. Não conheço o nome dos lugares pra me lembrar e nem importa também. O que importa é que foi um bom passeio.
E eu nem gosto de passear.
Chegamos à casa dela. Barulho de cachorro vindo do quintal. Adoro cachorro.
Entramos no quarto dela e eu deitei na cama. Tão fofa. Não era daquelas que arrebentam a coluna. Era boa mesmo. Melhor que a da minha mãe, que sempre achei que fosse a melhor do mundo.
Ela abriu o notebook, mas fechou. Sentou na cama e me olhou.

- Olha, Silvana, eu não sei não. Você é bonita demais. Isso pode acabar de uma maneira que você não vai gostar. A não ser que seja plano seu desde o começo.

Ela não falou nada. Só respondeu com um sorriso carinhoso e maldoso. Sorriso de criança levada que ela tem. Bonito demais.
Deitou como uma perna em cima da minha. Cabeça no meu peito. O pé dela ficou na minha canela e ela roçou um pouco. Até a sola é macia.
A respiração dela batia no meu pescoço. Isso sempre me deixa maluco. Acho que já falei isso pra ela, até. Foi tudo premeditado, e eu gostei.

- Dá um calafrio quando você solta o ar quentinho.
- Incomoda?
- Não. Só dá um calafrio. É bom.

Ela subiu um pouco. Todo o corpo dela se arrastou pelo meu.
Abriu a boca e deixou o ar sair no meu pescoço. Eu até ouvi o barulho do vento no ouvido.
Minha cabeça levantou espontaneamente. Olhei pra madeira que fica na parte de cima da cama e logo fechei os olhos, quando ela beijou meu pescoço.
Perdi o controle.
Agarrei o corpo dela com força. Puxei pra cima de mim. Meus braços a envolveram pela costela, subindo até o pescoço. Ela colocou as mãos por baixo das minhas costas e subiu com elas até meus ombros. Beijou meu pescoço e esfregou a boca com a língua. Adoro aqueles lábios carnudos dela.
Foi até o meu ouvido e depois esfregou o rosto dela no meu. A pelo macia dela contra minha barba falhada por fazer. Tão macia...
Fiquei ainda mais extasiado.
Passou com a boca na minha, mas não ficou. Foi até o outro ouvido.
Desci minhas mãos pelas costas dela até a cintura e ela colocou a mão esquerda no meu rosto.
Levantou a cabeça e me olhou nos olhos. Pra minha cara de retardado. Sempre faço essa cara.
Sorriu, acho que gostou da minha cara. Na verdade aquele foi nosso primeiro beijo. E foi tão intenso. Foi bem do jeito que eu gosto. Lento, sem pressa nenhuma. Aproveitando cada instante. Ela mordeu meus lábios.
Eu não podia acreditar naquilo. Bem que eu sabia que mais cedo ou mais tarde aconteceria, mas ainda assim soava como um sonho.

- ô Silvana! Teu cachorro fugiu! – gritou a mãe dela

Chegou mais cedo em casa. Estragou nosso clima, mas tudo bem. Agora tudo mudou. Sim, agora nós somos um. Não estou com pressa. Foi só um momento, mas mudou a minha vida pra sempre. Pra melhor.

Uma maldição do passado



Nós nos encontramos no parque pela última vez. Pensei que ela nunca mais falaria comigo depois daquilo que fiz. Mas me chamou. Estranha, aquela sensação.
Noite passada eu nem acreditei no que eu fiz. Não era eu. Dormi por 16 horas e não queria levantar quando acordei. Eu queria acreditar que foi um sonho. Mas não foi, e tudo estava acabado.
Ela deixou recado com minha mãe no telefone. Queria me encontrar na praça lá em cima às dez. Perto da casa dela. Teve uma festa lá. Aniversário da mãe dela. Eu ainda tenho o convite.
Eram oito da noite. Passei o dia inteiro dormindo. Meu sonho estava bom, mas não consigo lembrar.
Eu me levantei e tomei um banho. Eu nem lembrava a última vez que eu tinha ido ao chuveiro. Tudo aquilo tirou meu foco das coisas. Como sempre, comecei a pensar no banho. Pensei na possibilidade de ela ter interpretado tudo como apenas um mal entendido. Ela confiava em mim, afinal. Como sempre, era eu inventando absurdos pro meu conforto.
Desliguei o chuveiro e tomei um banho frio. Foi bom, apesar de estarmos no inverno. Era o que eu queria.
Saí do quartinho dos fundos com a toalha. Foi até meu quarto e vesti qualquer coisa. Uma camisa de crente que sempre ficava em cima na gaveta como uma conspiração divina. Soldado de cristo. Hipocrisia do caralho eu usar aquilo.
Saí vagando pela rua. Estava deserta. Subi até a praça e a casa dela estava cheia. Carros estacionados por toda a parte, gente conversando na calçada. Gente sorrindo. Provavelmente não sabiam do que eu fiz.
Eu era um herói pra essas pessoas. Um salvador. Ir ali foi uma merda. Eu senti uma angustia horrível. Uma vontade de chorar, vomitar e se sair correndo. E também tinha medo.
Ela estava apoiada no muro de casa com o celular na mão. Estava rindo. Começou a escrever uma mensagem e nem viu que eu cheguei.
Deitei no banco da praça e olhei pro céu. Noite feia. Só nuvem no céu. Mesmo na parte escura você não via nenhuma estrela.
Meu celular tocou. Era o número dela, mas sem o nome. Eu nem estava lembrado de apagar da minha agenda.
Ela ouviu o toque e percebeu que eu estava escondido no escuro. Foi até lá. Ficou na parte clara. Irônico e verdadeiro, o contraste entre os ambientes.

- Como eu pude te amar? – perguntou ela
- Como pôde? – respondi.
- Porque você fez isso? – perguntou ela com voz de choro
- Não sei.
- Filho da puta, você tava planejando isso desde o começo.
- Não tava. Aconteceu.
- Quer dizer que um dia você simplesmente acordou querendo destruir a minha vida inteira? Aconteceu?
- É.
- Você é tão bom com as palavras. Pensei que pensaria em alguma coisa melhor pra dizer. Eu te deixei entrar na minha casa, seu merda. Você leu a porra do diário. Ninguém nunca leu aquilo além de você. Vai tomar no seu cú. Some da minha vida e não aparece mais. Nunca mais quero te ver. Você é podre e vazio. Vai morrer sozinho e infeliz.

Não falei nada. Deitei no banco novamente e olhei pro céu feio. Eu queria morrer.
Ela saiu. Foi em casa, mas depois voltou.

- Você não tem mais nada pra dizer? – disse ela
- Não. – respondi ao andar até ela.

Ela me deu um tapa na cara e cuspiu em mim. Ficou um tempo parada esperando eu dizer alguma coisa. Limpei o rosto e continuei em silêncio. Olhei pro chão e vi as sandálias dela. Ficavam bonitas nos pés pequenos que ela tinha. Eu que comprei, eram da moda e tudo. Me meti em cheque especial pra comprar. Disse pra ela que tinha sobrando, mas era mentira.
Pelo menos algo meu ela guardou.
Deu as costas pra mim. Entrou em casa e nunca mais a vi. Disseram que ela se mudou pra fazer faculdade fora.

Uma breve Crítica ao Projeto Vênus (e ao seu braço ativista: Zeitgeist)



Esse post foi retirado de um comentário meu feito na Wave de discussão do Movimento Zeitgeist. Se você quer ter acesso a esta, é só deixar seu e-mail na página de recados. tenho 17 convites disponíveis no momento e outros membros também os oferecem.

Meu ponto, ao qual não pude chegar por conta de uma falha no Wave, é que a idéia de Fresco é uma distorção e contradição no sentido social/psicológico.

Ele não fala nada sobre a possibilidade do desenvolvimento da personalidade. Pelo contrário, já ouvi da boca dele que tal coisa não existe e que o indivíduo é completamente fruto do seu meio, sendo o livre-arbítrio uma mentira.

Claro que a intenção é nobre, pois ele pretende tirar dos indivíduos a responsabilidade por seus atos e jogar a culpa na sociedade, aumentando assim a motivação para uma mudança.

Só que não se trata apenas de problemas técnicos. Essa pressuposição de que tudo no que concerne à organização social é técnico parece algo de alguém que estudou sociologia jogando sim city (o qual é programado e facilmente previsível).

Apesar das estatísticas, eu considero a vivência entre pessoas pobres mais amigável do que entre pessoas de classe media alta (nunca conheci um rico mesmo). Porque justamente na pobreza é que muitos começam a ter caridade. Quando você precisa, te ajudam, e vice-versa. Se não fosse assim muita gente poderia morrer de fome. Na classe média alta, pelo contrário, as pessoas vivem em conflitos superficiais. Isso é uma prova da minha vivência de que não é tão simples assim você atribuir à pobreza e ao instinto de sobrevivência os conflitos.

O ser humano jamais se submeterá ao tipo de automação que Fresco deseja. Ele diz que seremos livres, mas presume o behaviorismo, onde liberdade não existe lá no fundamento. Assim, ele só dará pão e circo ao povo, mas nossa existência consiste em muito mais do que isso.

Não só esse sistema jamais será capaz de acabar com os conflitos, já que eles não são motivados exclusivamente pelo sistema, como também causará a formação de rebeldes. Porque eles querem uma lavagem cerebral (desculpe o termo) porque querem uma mudança de valores e apresentam os valores deles como os ideais.

OK, alguns valores são interessantes e concordo com eles, mas principalmente na questão da religiosidade eles mandam muito mal. Com a visão behaviorista, a religiosidade não pode ser mais do um mecanismo de controle social.

Só não percebem que uma ideologia sociológica, tal como a que eles propagam, também é uma forma de controle social e de tentar passar valores universais.

Eles dizem que as coisas podem mudar, mas se mudarmos coisas fundamentais a própria idéia deles ficará meio desnaturada. Por exemplo, meu HD está lotado porque minha irmã guarda arquivos aqui. Eu passei a proibir esse estoque dela, argumentando que o computador é meu, o que é razoável. Isso é o conceito de posse: se eu estou sempre usando, é meu e só meu. Não o de propriedade, que me permitir ater dez computadores mesmo usando apenas um ou mesmo nenhum. O computador, bem como vários objetos provenientes da indústria, são personalizados e, portanto pessoais. Daí decorre que a idéia de posse é necessária, mas eles defendem que tudo seja compartilhado por todos. Obvio que adolescentes imaturos ou mesmo adultos podem fazem escândalos, dormir na casa dos outros e tudo mais. Muitas vezes, em conflitos, pessoas tomam certa propriedade por razões pessoais. Só para outra pessoa não poder ter.

Esses são pouquíssimos exemplos de como rebeldes destruiriam essa cidade rapidamente, pois jamais eles conseguirão doutrinar todo o mundo. Nem hoje em dia com a mídia Mainstream isso é possível!

O projeto Vênus precisa sim de leis. Precisa sim de um tipo especial de crédito. Minha sugestão seria um crédito que não pode ser usado em trocas entre pessoas. por exemplo, eu trabalho como professor universitário e fui avaliado como o melhor professor pelos alunos. Então eu recebo um adicional em créditos, com os quais posso obter mais recursos e melhorar minha conexão com a internet e outros serviços, como também simplesmente conseguir muita comida para fazer uma festa. Esses créditos serviriam apenas para conseguir coisas da fonte, como alimentos direto do plantio, etc. Assim, o crédito não poderia ser usado como fonte de riquezas, mas seria um limite para o acesso aos bens, porque eles nunca serão abundante so bastante para arcar com vândalos, que não vão desaparecer só porque têm uma casa bonita ao natural com tudo o que precisam.

Outro aspecto é a descentralização do poder, que é concentrado num computador. Quem já programou sabe muito bem que os parâmetros de uma máquina podem ser facilmente manipulados, e eu já vi inúmeros casos em que economistas se acusam mutuamente de explorar computadores para chegarem às conclusões que querem. Porque nas ciências sociais, você precisa usar uma premissa para construir um pensamento.

O computador do Fresco usaria a premissa comportamentalista para entender o ser humano, por exemplo, e nunca que o meio acadêmico aceitaria um absurdo desses. Não tem como colocar todas as decisões da sociedade para um computador. Não porque o próprio computador é mal, como Fresco diz que acham, mas simplesmente porque o computador não pode decidir com exatidão uma questão que não é exata. Para decisões técnicas é ótimo, mas para questões culturais será um fiasco.

Acho que o Projeto Vênus precisa ser revisto de forma profunda. Do ponto de vista técnico é perfeito. Tinha que ser: foi feito por um engenheiro. Mas do ponto de vista social, cultural e psicológico ele é um fiasco.

Nunca seremos




Agora digo isso com certeza
Nunca seremos um
É lamentável e libertador
Dolorido e estimulante

Porque eu dou
E você recebe
Nada mais
Nem peço nada

Se pedir, você foge

Você me convida para a sua casa
E me manda trazer o jantar
Se não temperei bem
Não me chama mais

Porque meu valor vem disso
Do sustento pro teu espírito
Mas isso acabou
Não me ajoelho mais

Você deixou claro
Que nunca seremos um
Que queria que eu fosse um membro
Como um braço

Bom quando é útil

Você não barganhou com a carne
Só deixou minha ilusão fluir
Eu me apaixonei pela sua máscara
Mas sua alma me desiludiu

Se você estivesse aqui
Diria o obvio
Não tem nada a dizer
Não se interessa

Decreto o fim
Não me procure mais
Não se confesse comigo
Não espere que eu te entenda