Foi um belo banquete, ontem. Se é que posso dar esse nome ao jantar de natal. Infelizmente o meu bom senso foi agredido, pois tive que me sentar e ouvir um ritual cristão.
Interessante, aliás, é que o sermão foi retirado de um livro chamado pérolas diárias. Será que não seria uma pérola negra demais dizer que o Natal é uma comemoração originada na cultura pagã, celebrando o deus sol?
E cadê a solidariedade de um feriado criado exclusivamente para o consumo excessivo, que amplia a segregação social e, conseqüentemente, não tem nada de bonito?
Eu estava quieto na minha. Mas a agressão foi grande demais: colocaram um CD com músicas evangélicas para eu ouvir. Um insulto para mim, que já estou a algum tempo tentando trabalhar nessa minha aversão ao cristianismo.
Mas essa praga está em todas as esquinas, em todas as ruas. Não há como eu me livrar do ódio ao cristianismo se sempre tem um maldito reforçando esse sentimento com alguma gritaria ou algum discurso obviamente idiota, que os ouvintes parecem considerar totalmente razoável.
Que fique claro, no início desse texto, que se trata de uma catarse: só estou escrevendo isso pra aliviar minha raiva, o que não quer dizer que o conteúdo em si seja falso.
Minha intenção aqui é demonstrar, numa análise da estrutura lógica do pensamento cristão, que ele se baseia numa farsa, se desenvolve numa falácia e chega no absurdo.
Primeiro devemos considerar as premissas.
1) Deus existe.
2) É onisciente, onipresente, onipotente e bom.
3) Jesus morreu pelos pecados do homem.
4) A bíblia é sua palavra.
1 – A mim parece mais do que óbvio que esse argumento simplesmente não pode ser justificado, tendo em vista que vai para além do empirismo. Há certos argumentos usados pelos cristãos, no entanto, que eu gostaria de comentar.
Em primeiro lugar, muitos usam uma falácia básica, que é tornar úteis para a sua causa as teorias da física (ou uma distorção dela). Presumem que deve haver uma força criadora, porque não há como tudo ter surgido do nada. Depois dessa pressuposição, dão um enorme salto e dizem que essa força é Deus, e que ele é o que a Bíblia mostra.
Ora, nós nunca estudamos nada relativo à criação. Tudo o que observamos são mudanças na matéria que já existe. Assim, nossa lógica no que se refere á matéria em si nunca englobou nada parecido com criação. Daí decorre que a física não poderia justificar a criação, já que isso não é algo observável. Nunca presenciamos a criação, apenas a transformação.
Daí decorre que nada nos garante que o universo teve que ser criado em primeiro lugar. Ele poderia muito bem ter sempre existido: a força criadora poderia ser o próprio universo. E mesmo que tenha sido criado, considerando essa possibilidade real, embora incomprovável, nada nos garante que tal força seja inteligente da maneira que entendemos o conceito de inteligência (qual?).
Outro argumento comum utilizado pelos cristãos, geralmente com o intuito de fugir do assunto e encerrar o diálogo, é o de que o indivíduo precisa “sentir” para entender. Só que esse sentir, o qual eu mesmo experimentei, é completamente irracional: é uma sensação boa que pode ser interpretada de diversas maneiras. Daí decorre que, mesmo sentindo o que eles chamam de presença de Deus, eu posso dar a essa sensação outro nome. Acontece que eles têm a sensação e a interpretam com as premissas cristãs, que aceitam sem nunca terem sentido nada. E depois têm a cara de pau de usar essa mesma sensação para comprovar a premissa de que Deus existe.
É uma falácia lógica parecida com a usada para comprovar a bíblia: a conclusão é a premissa, o ciclo é fechado e a mente do indivíduo também. Ele só pode fazer, depois disso, alguns ornamentos para tornar o argumento menos inteligível, o que coage os mais ignorantes a aceitar sem questionar com medo de serem segregados como burros demais pra entenderem os “mistérios de Deus”. Mal sabem que assim eles demonstram sua estupidez integralmente.
Mesmo que essa sensação tenha origem em Deus, não há conteúdo racional nela: não há dogmas, não há bíblia, não há profecias e nem dízimo. Isso é o significado que o individuo já carrega consigo e que vomita sobre a sensação para dar a ela algum sentido (porque é preferível dar um sentido idiota do que não dar nenhum).
A Bíblia também é usada, de maneira sofrível, como forma de demonstrar que Deus existe. E é precisamente Deus que dá alguma credibilidade a ela: O ciclo fechado e meramente abstrato, sem nenhum tipo de empirismo.
Outro argumento absurdo é o de que, pelo simples fato de que o cristianismo é antigo, deve ser verdadeiro, porque se fosse uma mentira não se manteria por tanto tempo (E isso é uma falácia lógica formal). Acredito que é bem fácil citar religiões mais antigas que o cristianismo e que ainda existem. De fato, o cristianismo só se mantém diante de outras religiões por dois motivos: porque é uma religião “demonizadora” e fundamentada em sofrimento.
Noutras palavras, o cristianismo torna herético e profano todo o conteúdo religioso que não seja o seu. É precisamente essa a idéia que deu fundamento às cruzadas e que motiva crentes a irem para a áfrica livrar a população local das crenças demoníacas. Aliás, para um cristão é totalmente razoável o fato de que a áfrica está miserável: é falta de Deus.
Já ouvi pessoalmente uma mulher cristã dizer que a Inglaterra é um país rico porque é cristão e que a áfrica é como é por conta da idolatria e do culto á demônios. E mesmo para cristãos cultos, não há como negar que isso é razoável se estivermos partindo das premissas cristãs.
Outro ponto que sustenta o cristianismo é sua raiz no sofrimento: é uma religião dos oprimidos, que são sempre a maioria. Funciona como a hydra, que foi enfrentada por Hercules: quando se corta uma cabeça, nascem duas. E o cristianismo é assim: sempre que alguém se revolta contra os absurdos e as barbaridades do cristianismo e decide lutar contra essa religião, eles mostram na bíblia que Deus previu as perseguições e usam isso como argumento para justificar sua religião. Lamentavelmente, isso é aceito como prova por muitas pessoas. Podemos ver isso claramente nos cristãos que morreram sem reagir nos coliseus quando o cristianismo era perseguido. Era como coçar sarna: quanto mais você tenta ferir, mas espalha a praga.
Foi um tipo de maldição que ninguém conhecia. Uma força que cresce quando é perseguida e que usa a morte para se reproduzir.
Será mesmo que o cristianismo se mantém porque Deus está trabalhando?
Pra mim parece que o cristianismo só existe porque é uma praga bem resistente.
2 – Acredito que nem é necessário me aprofundar muito nas características de Deus, porque nem há comprovação de que ele existe em primeiro lugar. Mesmo assim, como estou escrevendo isso por mera catarse, vou explorar tais argumentos.
Em primeiro lugar, usemos a lógica abstrata: se Deus é onisciente e onipotente, isso que dizer que não existe, para ele, a barreira do tempo. Assim, Ele está no passado, no presente e no futuro.
No entanto, ele criou uma “palavra” que tem como intuito “salvar o homem”. Ora, por que motivo ele tentaria salvar homens que ele mesmo criou já sabendo que seriam condenados?
E, em última análise, de quem o homem seria salvo senão do próprio Deus, já que tudo é criação dEle(inferno, diabo, etc.)? E que pecados o homem tem que evitar senão aqueles que Deus mesmo criou?
Como pôde Deus mandar o rei Saul matar crianças de peito se é bom? Porque Ele mesmo não os matou com relâmpagos? E, aliás, já que esse povo entrou em seu caminho, porque ele permitiu que ele viesse a existir, já que sabia do destino inevitável?
Deus não sabia, então não pôde se previnir. Daí decorre que não é onisciente e nem onipresente: não sabe do futuro porque nunca quebrou a barreira do espaço/tempo e nunca saiu do presente. Deus mandou matar as crianças, que mais tarde veio santificar, então não é bom (seria mais caridoso nunca tê-las criado). E Deus não podia destruir os amalequitas, tendo que, então, usar o rei Saul (afinal, Deus não passava de um profeta disfarçado com truques estúpidos).
Noutras palavras, mesmo se Deus existisse, tais eventos precisariam de sofismas para terem alguma aceitação, porque são uma fraude. Tudo ali indica que, pela antropomorfização, pelos sentimentos humanos e pelo pensamento humano (preso no espaço/tempo) não há nenhum deus falando, mas apenas um homem (ou alguns homens) que inventa coisas ou que tem delírios proféticos.
3 – Como essa uma das partes mais absurdas do cristianismo, sendo, curiosamente, a parte principal, separei uma parte do texto só para demonstrar essa farsa com cuidado.
Como já demonstrei, nós fomos condenados pelo senso de justiça criado por Deus e Ele já sabia da nossa condenação antes de nos criar. Daí decorre que se temos que ser salvos de algo é do próprio Deus, opressor e egocentrista.
Mas não para por aí o absurdo: Nós somos obrigados a responder pelo erro de outra pessoa, sendo que nascemos inocentes (segundo a premissa cristã). Não preciso dizer como é absurda a idéia de um filho pagar pelos erros do pai. Quanto mais pagarmos pelos erros de pessoas que nem sabemos se existiram de verdade (sem presumir que a bíblia seja verdadeira literalmente).
E a parte mais absurda chega agora: depois de sermos condenados por um erro que nunca foi nosso e que foi definido como erro pelo nosso próprio salvador (algoz), ele mandou o próprio filho para morrer (sendo imortal) pelos nossos pecados.
Pra colocar de forma mais simples, poderíamos dizer que isso seria como se um juiz decidisse absolver um criminoso entregando o próprio filho para morrer em seu lugar. O que tem a ver a morte do filho com os supostos crimes do bandido? Porque a morte do filho salva o vigarista?
Ora, é claro que na antiguidade eles matavam cordeiros como uma forma de sacrificar parte do que tinham, a fim de, com tal penitência, expiar os pecados. É estúpido, mas era o que era.
Só que Jesus nunca foi um cordeiro (uma propriedade do pecador, que ele entregaria como forma de penitência) e nunca morreu. Afinal, era imortal!
Toda esse estória é tão absurda que eu ainda fico indignado com a freqüência com a qual é aceita pelas pessoas sem nenhum juízo racional a respeito: Deus inventou o erro, nos criou para errar, nos condenou com sua própria criação e se propôs a nos salvar dele mesmo mandando o próprio filho para ser sacrificado. Não é necessário ter boa vontade para acreditar nisso: o que se precisa é ser idiota!
4 – Um pouco pior do que a farsa do sacrifício de Jesus, a bíblia é a maior farsa do cristianismo.
Como demonstrei, é sustentado que ela é a palavra de Deus. E ao mesmo tempo é ela mesmo que prova a existência de Deus. Assim, se eu criar um livro sobre o unicórnio rosa invisível e disse que foi o próprio unicórnio que o inspirou, então o unicórnio existe e o livro é sagrado.
O mais funesto detalhe sobre esse livro é que ele é usado por cristãos como fonte de informação! Ou você nunca viu um cristão confirmar qualquer absurdo quando são apresentados fundamentos bíblicos?
Através desse livro, o homem se convence de que está sempre culpado, que é miserável e precisa do auxílio de deus (ególatra), que tem que pagar dízimo, fechar sua mente para idéias contrárias, pregar o cristianismo, perseguir e demonizar outras religiões, e pior que tudo isso: ele é forçado a negar sua própria natureza, que, estranhamente, foi criada por deus. É obrigado a fechar os olhos, negando sua razão, e ao se entregar ao ascetismo, lutando contra impulsos naturais, como o sexo. E o inferno é a ferramenta de coação. Uma ferramenta estúpida, mas assustadora e tristemente eficaz.
Na verdade esse livro é uma das maiores pragas que já existiram nesse planeta. Alienador, castrador: ele controla com facilidade as massas imbecis que caminham pelo mundo e trás lucro a que souber utilizá-lo.
Não vou ser irresponsável ao ponto de não demonstrar cada uma dessas acusações. Só espero que os leitores consigam entender minha lógica cíclica: não sou bom com pensamentos lineares, então há coisas que já foram ditas e serão aqui reforçadas.
Depois de ignorar todas as falhas do cristianismo, que torna a bíblia legítima, começam as conseqüências funestas dessa religião. O sentimento de culpa corrói o indivíduo, impedindo que sua razão se desenvolva. O senso crítico só é permitido quando se encontra dentro dos limites do que o cristianismo já prescreveu como verdadeiro. Se ele ousar sair dessas premissas, muitas vezes não será necessária nenhuma força externa, porque o verme cristão da culpa irá corroê-lo. O medo do inferno, que é um mito originado na bíblia, sustenta tal sentimento de culpa e coage o indivíduo a nunca sair do pensamento cristão. Assim, isso se torna uma prisão para o pensamento humano e para seu desenvolvimento intelectual.
Como o ser humano é essencialmente social, é comum que ele precise se integrar com outros para que não se sinta demasiadamente pequeno e impotente. Nos dias de hoje, tal sentimento é comum, porque nossa sociedade é individualista e se baseia em interesses materiais para seu funcionamento: De um modo geral, as pessoas só vivem perto umas das outras por necessidade. Assim, muitos se encontram sozinhos no meio da multidão, já que as pessoas não passam de ferramentas.
Essa ferida aberta pelo nosso sistema deixa um buraco na alma do indivíduo, que o cristianismo trata de associar à falta de Deus. E quando o indivíduo se engloba na igreja, acaba fazendo parte dessa comunidade e tem seu vazio preenchido. Afinal, se fosse por conta de Deus, o mais razoável seria o indivíduo buscar a Deus por conta própria ao invés de se submeter a uma instituição. Eu nem imagino quantas pessoas estão na igreja simplesmente porque é lá que se firmaram e não saem pelo medo da solidão. Mas sei bem como a segregação à qual são submetidos os “desviados”. No início tentam converter o indivíduo de todas as maneiras, com músicas e com frases de efeito. Tentam novamente usar os próprios membros e a sensação de pertencer à comunidade. Se nada disso funciona, o indivíduo simplesmente deixa de existir. Deixam “Deus lidar com ele”, e se ele começar a falar contra o cristianismo, devem manter distância dele, porque está sendo usado pelo inimigo(Diabo). Isso no caso dos cristãos mais pacíficos, porque os mais selvagens podem tomar medidas mais drásticas: a agressividade de alguns cristãos beira o terrorismo, sendo que a máxima dessa religião é “amai ao próximo como a ti mesmo”.
Assim, mesmo que os membros do grupo tenham alguma simpatia pelo indivíduo, ela não se manifestará senão em orações, que não podem remover a solidão e a revolta do excluído.
Com fundamento na bíblia (que piada), o líder espertinho lança o dízimo em questão. Cria músicas que endeusam a prática, mostram como é importante para o crescimento da obra de Deus (que, aliás, criou tudo e, conseqüentemente, tudo possui). Mas o principal absurdo colocado nesse sentido é o de que quem dá dízimo se torna prospero.
Sempre procuram um exemplo para dizer que o dinheiro rende mais quando se paga o dízimo, mas nunca se lembram que a maior parte das pessoas que o pagam nunca saem da miséria: as comunidades cristãs se multiplicam feito praga onde há pobreza. Nunca lembram da enorme massa ignóbil que está cagando pra todos sofismas cristãos, mas que só dá a Deus pra receber de volta (e nunca recebem). Aliás, lembram sim. É muita coisa pra esquecer. Apenas não falam sobre isso por ser ruim para os negócios. Só cantam musiquinhas, dizem que Deus ficará contente e que o que o “servo” doar (colocar no bolso do ladrão) retornará para ele multiplicado em dez vezes.
Roubar assim é bem mais fácil do que bater carteiras ou usar armas, não? Usando todo um mecanismo imundo que já existe desde que o homem aprendeu que pode mentir para o outro em troca de benefício material pessoal.
Para se sustentar, é claro, o indivíduo precisa não só fechar a mente e continuar repetindo exaustivamente as mesmas besteiras pra si mesmo: ele também faz isso para com os outros, imaginando que, ao ouvir, os outros acreditarão. E não está errado: porque a maioria das pessoas simplesmente acredita sem nenhum tipo de questionamento. Só porque alguém falou e essa pessoa é “confiável”. Às vezes nem isso: só porque muita gente disse, não importando quem sejam as pessoas.
O mais engraçado (pra não dizer trágico) é que alguns protestantes pregam porque dizem que só quando todas as pessoas tiverem ouvido a palavra de Deus é que Jesus (a ovelha sacrificada) voltará para levar os cristãos que foram fortes na fé (que se alienaram com maior força de vontade) sendo o paraíso a recompensa para os alienados, manipulados e estúpidos, que nem mesmo percebem que o paraíso, no qual não há barreiras, eles mesmos sofreriam com um tédio eterno, enquanto que a dor do inferno passaria com o hábito nalguns milênios.
Outra coisa notável é como usam os eventos da modernidade para afirmar que profecias se cumpriram e que “A bíblia estava correta”. Sobre isso nem há muito o que dizer: a linguagem utilizada pela bíblia permite diversas interpretações. Isso sem falar no fato de que ela já foi tão alterada que provavelmente nós não vemos hoje um terço do que esse livro já foi. Por mais que, de qualquer maneira, não possua qualquer valor para além do simbólico e psicológico.
E o mais deprimente é que, quando se percebe que os “sinais do fim” se cumprem, acaba por sentir em seu íntimo algo como alegria, pois eles não se importam com esse mundo e pensam que serão arrebatados pela ovelha imortal que morreu para pagar pelos erros alheios.
E por último e mais terrível, prega a negação do que o ser humano é em essência: dizem para não fazermos sexo antes do casamento, o que era razoável antes de termos a camisinha como forma de controle de natalidade e de refrear a praga de DSTs (Isso nunca funcionou de verdade, porque o impulso sempre foi mais forte). Com isso, nos ensinam e ter medo do que somos e a sofrermos por conta da nossa própria natureza. O homem não pode pensar e não pode transar sem se sentir culpado. Por causa disso, surgem casamentos falsos, onde a pessoa simplesmente quer ser autorizada a transar e a relação não vai para além disso. Quando ele percebe a farsa que é seu casamento, quer destruí-lo (mesmo inconscientemente) e começam as brigas, que, é claro, são atribuídas ao Diabo. Aí começa a terapia cristã de casais, que tem como objetivo salvar um casamento que já iniciou fadado ao fracasso. Aliás, o romantismo apresentado nessas terapias é tão ridículo que dá vontade de rir (cenas de beijos recortadas de filmes famosos com música gospel no fundo).
Não existe pensamento criativo dentro do cristianismo, já que há os limites do dogma para o que pode ser pensado. Quando sempre temos que ter cuidado para não blasfemar e para não violar a sagrada moral cristã, acabamos reprimindo nossa criatividade, que não se submete ao maniqueísmo. Precisamente por isso que os maiores artistas demonstram estar além da prisão cristã, enquanto que quem está preso não conseguiria sair do lugar com uma obra de arte: mais cedo ou mais tarde o cristianismo impediria o indivíduo de ser criativo, porque em sua concepção algo surgiria que o cristianismo não aceita. Aliás, algo natural (o cristianismo considera a natureza um erro, e precisamente por isso tenta fugir dela com paraísos e ascetismo).
A arte é limitada, a sexualidade é limitada, a ciência é limitada, a filosofia é limitada. Tudo por causa de premissas que nunca foram provadas em primeiro lugar, que dão base a um desenvolvimento repleto de falácias e que nem levam às conclusões propostas sem um enorme salto (que acontece por meio da fé).
A fé move o ser humano à estupidez. E não adianta querer colocar sofismas na frente da fé e dizer que ela se alia à razão: o que vemos da fé é que ela aliena as pessoas e faz com que elas acreditem em qualquer besteira que disserem. Pela fé no monstro do espaguete voador, no unicórnio rosa ou em Deus, o indivíduo pode ser curado psicologicamente. Porque a mente do ser humano atua sobre seu corpo de forma muito intensa. Não Deus, Psicossomática, placebo...
Afinal, não é só no cristianismo que vemos curas milagrosas e sincronicidades, mas em praticamente todas as religiões. Aliás, as mesmas religiões que o cristianismo atribui ao diabo. Os milagres delas, por conveniência são fruto da ação do diabo (que quer matar, roubar e destruir, como Deus fez com o Egito) e os que os cristãos recebem são de Deus.
Com minha catarse completa, deixo aqui registrado que o cristianismo é uma praga e precisa ser eliminado do universo. Mas no fundo eu penso que isso é só um sintoma. Se tirarmos o cristianismo, teremos outra religião, ideologias sociológicas ou qualquer outra besteira que o ser humano quiser usar para se esconder em convicções e fingir que tudo está seguro.
Convicções são prisões.
Bem disse Nietzsche...
O ser humano tem medo de liberdade.
Bem disse Fromm.
Está alienado de si mesmo e projeta o que tem dentro de si no mundo de for.
Bem disse Jung...
Os sábios sempre surgem e sempre apontam os erros. Não estou falando novidades aqui. E também não é novidade que a imbecilidade inflará o ego e não aceitará a derrota.