Entrei no quarto angustiado. Imaginei que a profundidade psicológica de Jane Austen pudesse ao menos me distrair. Estava errado.
Pelo contrário: ela conseguiu, justamente com os capítulos que li, reavivar meu tormento.
Eu sabia que naquele dia um passo foi dado numa direção terrível. Como um bandido que vê uma bala quase penetrar-lhe o crânio e de repente toma consciência de que mais cedo ou mais tarde uma delas o destruirá. Tudo porque eu coloquei a cabeça na luz! Eu coloquei o coração na luz!
Que erro maior?
A música que ouvi praticamente o dia inteiro sem entender bem porque de repente fez todo o sentido: seu tempo acabou, seu tempo acabou. É o que ela diz. Muito boa, a música.
A parte dolorosa desse ciclo está chegando. Eu já sinto o cheiro de sangue no ar. Meu sangue, escorrendo sem ninguém ver. Meu sangue fluindo para fora e escondido pelo silêncio.
Eu vou acabar correndo de novo. Vou fugir pelas ruas e dirão que sou louco. Tudo de novo. “Como que aquele sujeito tão calmo fez uma coisa dessas?”
É que sorriso não fecha ferida.
Eu já desisti de tentar de me convencer de que minhas intenções são boas. Recentemente isso se tornou inútil: sendo boas ou ruins, eu sempre acabo no mesmo lugar. Sempre cometo os mesmos erros. Tudo vai acontecendo diante dos meus olhos, cada vez com um disfarce mais complicado. Eu nunca consigo desvendar o mistério antes de ele ter invadido as minhas entranhas. Antes de sentir a dor.
É só quando a dor chega que me livro das ilusões. E aí fico me perguntando sobre como tudo veio a ser de tal maneira. Pergunto inutilmente, porque sei. Eu sei muito bem.
Minha barriga dói de fome, acho que tem vultos aqui no quarto. Eles sempre me visitam durante a noite. Sempre parece que tem gente andando por aqui. Que falam no meu ouvido e vou escrevendo loucuras que eles me dizem.
Tudo isso me fez ficar meio sem juízo e confessar meus pecados ao branco co Word. Isso mesmo. Nada romântico. Eu odeio escrever com caneta. Nunca nem vi uma pena usada pra escrever.
O caso é que eu dei mais um passo em direção ao fim dos tempos. Tal fim se apresentou recente e mortalmente. E, ironicamente, no momento foi tão doce.
Há aquela voz de sempre na cabeça. Intuição. “Tudo deveria mesmo ser assim”. “A gente só sente a dor pra aprender com ela”. “Tal provação não vai para além das suas possibilidades”. “Desperte sua verdadeira essência”. “Esse fantasma com o qual você se identifica é patético”. “Descubra de novo que você é e era já a mais de um século”. “Abra o terceiro olho”!
Acho que eu invento esses delírios religiosos mesmo pra fugir da realidade. A nua e crua: o meu sonho tá acabando. A alegria, o prazer, estão saindo. Em breve, como antes e, quem sabe, como sempre, chegará o meu próprio tormento.
Só que agora eu mudei as cores dele. O que era meio azulado ficou rosa. Mais escuro, com contraste. Ficou mais bonito.
Eu rio de mim mesmo quando imagino que alguém poderá ler isso. O que pensariam?
Não. Se alguém conseguir ler e entender o que eu estou escrevendo, meu destino se tornará pior. A interpretação dessas palavras confusas seria a própria bala atravessando meu crânio.
Nosso lar é onde o coração está. Aqui é o meu quarto já há uns 8 ou 9 anos. No entanto, tenho que ir pra casa. Meu desespero aumenta quando lembro que não faço idéia de onde é isso.
Pelo contrário: ela conseguiu, justamente com os capítulos que li, reavivar meu tormento.
Eu sabia que naquele dia um passo foi dado numa direção terrível. Como um bandido que vê uma bala quase penetrar-lhe o crânio e de repente toma consciência de que mais cedo ou mais tarde uma delas o destruirá. Tudo porque eu coloquei a cabeça na luz! Eu coloquei o coração na luz!
Que erro maior?
A música que ouvi praticamente o dia inteiro sem entender bem porque de repente fez todo o sentido: seu tempo acabou, seu tempo acabou. É o que ela diz. Muito boa, a música.
A parte dolorosa desse ciclo está chegando. Eu já sinto o cheiro de sangue no ar. Meu sangue, escorrendo sem ninguém ver. Meu sangue fluindo para fora e escondido pelo silêncio.
Eu vou acabar correndo de novo. Vou fugir pelas ruas e dirão que sou louco. Tudo de novo. “Como que aquele sujeito tão calmo fez uma coisa dessas?”
É que sorriso não fecha ferida.
Eu já desisti de tentar de me convencer de que minhas intenções são boas. Recentemente isso se tornou inútil: sendo boas ou ruins, eu sempre acabo no mesmo lugar. Sempre cometo os mesmos erros. Tudo vai acontecendo diante dos meus olhos, cada vez com um disfarce mais complicado. Eu nunca consigo desvendar o mistério antes de ele ter invadido as minhas entranhas. Antes de sentir a dor.
É só quando a dor chega que me livro das ilusões. E aí fico me perguntando sobre como tudo veio a ser de tal maneira. Pergunto inutilmente, porque sei. Eu sei muito bem.
Minha barriga dói de fome, acho que tem vultos aqui no quarto. Eles sempre me visitam durante a noite. Sempre parece que tem gente andando por aqui. Que falam no meu ouvido e vou escrevendo loucuras que eles me dizem.
Tudo isso me fez ficar meio sem juízo e confessar meus pecados ao branco co Word. Isso mesmo. Nada romântico. Eu odeio escrever com caneta. Nunca nem vi uma pena usada pra escrever.
O caso é que eu dei mais um passo em direção ao fim dos tempos. Tal fim se apresentou recente e mortalmente. E, ironicamente, no momento foi tão doce.
Há aquela voz de sempre na cabeça. Intuição. “Tudo deveria mesmo ser assim”. “A gente só sente a dor pra aprender com ela”. “Tal provação não vai para além das suas possibilidades”. “Desperte sua verdadeira essência”. “Esse fantasma com o qual você se identifica é patético”. “Descubra de novo que você é e era já a mais de um século”. “Abra o terceiro olho”!
Acho que eu invento esses delírios religiosos mesmo pra fugir da realidade. A nua e crua: o meu sonho tá acabando. A alegria, o prazer, estão saindo. Em breve, como antes e, quem sabe, como sempre, chegará o meu próprio tormento.
Só que agora eu mudei as cores dele. O que era meio azulado ficou rosa. Mais escuro, com contraste. Ficou mais bonito.
Eu rio de mim mesmo quando imagino que alguém poderá ler isso. O que pensariam?
Não. Se alguém conseguir ler e entender o que eu estou escrevendo, meu destino se tornará pior. A interpretação dessas palavras confusas seria a própria bala atravessando meu crânio.
Nosso lar é onde o coração está. Aqui é o meu quarto já há uns 8 ou 9 anos. No entanto, tenho que ir pra casa. Meu desespero aumenta quando lembro que não faço idéia de onde é isso.
2 comentários:
Boa sorte. É só o que posso dizer-lhe.
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