A batalha celestial

Eu tinha uma espada vermelha. Havia ódio nessa espada, sempre que a tocava eu o sentia.

- Porque!? Porque você fez isso!?

Era eu gritando com uma garota que nem reconheci na hora. O que sei é que eu sentia ódio, e que o ódio vinha da espada, não dela.

Ela não respondeu, mas abaixou a cabeça e chorou. Um choro daqueles de tristeza profunda, que não nos fazem berrar, porque a tristeza é tão grande que suga a energia.

Larguei essa espada e vi que tinha outra. Larguei também a outra e pulei. Cresci, ganhei três pares de asa e acabei descendo numa floresta. Nenhuma luz entrava ali a não ser a de duas espadas que eu tinha. Eram brilhantes, flamejantes. Eu vi olhos em todos os lados. Eram pequenos monstros. Pareciam goblins, mas eram negros e tinham sorrisos odiosos. Queriam me destruir, eu sabia disso. Peguei minhas espadas de fogo e lutei. Todos me atacaram de uma vez só, mas eu pude me defender deles. Soube que não era bom lutar no escuro então voei para cima. Assim que ultrapassei o ponto das arvores pude ver como eram as criaturas. Tinhas asas como de morcego. Alguns tinha buracos nas asas, mas ainda assim voavam de forma ágil. Um me atacou, e quando minha espada o tocou ele se tornou fumaça e cinza. E assim foi com todos os outros, enquanto eu fazia acrobacias para me esquivar de seus ataques. Depois de derrotar a todos eles eu ouvi uma trombeta

- A batalha começou! Lutem!

Eu subi, e passei pelas nuvens. A assim que ultrapassei todas, eu vi outros exatamente como eu. Cada um lutando contra outro idêntico, só que negro. Eram os demônios!

Um gigante bem do meu tamanho me atacou. Tinha quatro espadas, duas idênticas às que eu joguei fora e outros duas parecidas com as minha de fogo, só que negras. Nenhuma luz se refletia naquelas espadas, e ela soltava fumaça. Ele tinha apenas um olho.

- Vou te destruir!

- Nunca!

Lutamos e a luta parecia nunca dar vantagem e nenhum. Ele não me feria, e nem eu a ele. Lutavamos furiosamente, havia fogo dentro de mim.

De uma hora pra outra algo magnífico aconteceu. As nuvens foram afastadas de uma praia, e eu vi outro exatamente como eu, mas pelo menos cem vezes maior, lutando contra um dragão negro de sete cabeças. De alguma forma eu olhei para aquilo com apenas um olho, e mantive o outro focado no meu inimigo, mas ele só tinha um olho, e não me via. Ataquei e o matei. Virou fumaça negra.

Ninguém lutava contra mim, então fui atacando outros, eu era o unico que não tinha inimigo, e apenas um inimigo não podia enfrentar dois de nós. Todos aqueles que já não tinham um inimigo se uniam a mim para libertar os outros de seus demônios.

- Mate-o, Miguel!

O anjo Miguel tinha dificuldades, e nós já havíamos vencido nossos inimigos. Nosso grito de guerra penetrou dentro da minha alma. Pude sentir um poder nunca sentido antes.

- Ataquem o dragão!

Assim que eu gritei isso o dragão levantou todas as cabeças para o céu e gritou. O vento nos impedia de voar em sua direção, e uma explosão lançou longe a Miguel, e a todos nós. Fui lançado contra uma pedra, e a quebrei com o impacto do meu corpo. Virei fumaça branca, e subi às nuvens.

- Lutaremos novamente, e da próxima vez venceremos. Juntos mataremos o dragão, e o mundo será de Deus!

Foi o que um dos meus companheiros disse.

Acerca da miséria capitalista

Progresso é o que eles dizem... Mas que progresso?

A única coisa que eu vejo é estagnação. Esse sistema é como a idade média. Castra a humanidade como a igreja o fez. Vende ilusões e todo mundo compra.

Só precisam ver um homem sorrindo e falando que haverá progresso e que tudo vai melhorar para entregarem seu pouco poder. Seu voto...

Pensei que o mundo melhoraria quando o homem tomasse consciência de que a única coisa de que precisa para ser feliz é o amor, e que buscar a vida toda por dinheiro nunca seria útil. Foi o que pensei...

Mas de que valem essas minhas palavras (supondo que sejam verdadeiras) pra um menino de rua, que nem ler sabe? Pra ele o meu blog seria só uma tele estranha, com um monte de letras que ele não entende. E o que eu posso fazer?

Graças a esse sistema, algo perto de nada.

Se eu quiser ajudar, precisarei de dinheiro, e se quiser dinheiro vou ter que tomar de alguém, porque o capitalismo é a evolução do roubo. Se fizerem mais, ele passa a valer menos: esse sistema foi criado para que uns gananciosos estúpidos pudessem dar lugar á sua megalomania. Não haverá progresso enquanto não acabarem com essa desgraça.

A tecnologia só avança à medida que é lucrativa. Pesquisas só são dignamente financiadas se são lucrativas. Você vale o que você tem. O quanto pode consumir.

Mas se você é um moleque de rua, que não sabe ler e não tem nada, então você não existe. Você não é nada...

“sabe quantas pessoas são empregadas por essa empresa, por todas as empresas? O dinheiro precisa girar, a economia está em crise, a bolsa de valores, fizeram dumping em tal lugar, o neo(imperialismo)liberalismo isso e aquilo”

É o que me dizem, um monte de palavras que só significam uma coisa: as formas de se roubar se tornam cada vez mais sofisticadas… E são aceitas!

Mas isso é tudo falso. Esse sistema é falso!

Não há progresso, nós temos recursos para todos, temos tecnologia para viver melhor. E o que fazemos?

Criamos uma sociedade doente, onde uns roubam os outros e acham isso justo. Quando alguém decide ser honesto e roubar de verdade esse é julgado.

“vá trabalhar” é o que dizem... Deveriam dizer: venda a sua energia vital. Venda a sua alma para o patrão e assim terá seu sustento. Se você decidir ir contra será excluído, desprezado.

Se não tiver nada de valioso, então venda seu corpo!

Aposto que alguém lerá isso e pensará: “Eis aí mais um rebelde sem causa, quando ficar velho vai entender que nada nunca muda.” Mas eu não agüento mais isso. Tenho que fazer alguma coisa.

Se todas as pessoas tivessem um trabalho algumas não seriam assim tão ricas, porque o dinheiro não tem nenhum valor. Nós é que damos valor a esse lixo. É por isso que existe um miserável. Porque algum espertinho pensa que trabalhou mais e que merece ser rico.

Pois eu digo que ninguém merece ser rico. Ninguém tem o direito de guardar milhões consigo. Não há necessidade de um homem ter tanto. Aliás, não necessidade de haver posses.

Mas as pessoas são não só estúpidas, como mesquinhas. Se você sair hoje de sua casa e começar a falar isso alguém, ele te dirá que não financia vagabundo, ou que isso nunca vai mudar. Vai culpar os políticos, da polícia...

Mas se você disser para uma comunidade inteira que o dinheiro nada vale, e que tudo isso é de mentira, eles irão rir. São dominados e impotentes. Alguém decide até o que a maioria tem que pensar, e se eu desafiar esse sistema acabo morrendo de fome.

Somos só mais uma peça, mais uma engrenagem. Uum dia você e eu seremos substituídos por uma maquina sofisticada, porque o rico não precisará de nosso trabalho. A tendência desse sistema é destruir a natureza e as pessoas, e quando digo que o capitalismo deve acabar as pessoas riem de mim.

Dizem que anarquismo é bagunça, mas nem sabem o que isso significa. Nós já vivemos na bagunça agora, e não sei como alguém pode achar que isso é normal...

The death of hope

Lonestar where are you out tonight?
This feeling I'm trying to fight
It's dark and I think that I would give anything
For yout o shine down on me


How far you are I just don't know
The distance I'm willing to go
I pick up a stone that I cast to the sky
Hoping for some kind of sign

(Norah Jones – Lonestar)

So the seed of love have fallen from the clouds. Those who would blind it’s eyes from the dust of the world. Up over there you can see the sun. In the night, there is the moon and the stars. Even though they’re distant, they’re still shining like that doesn’t matter. But what if it does?

Maybe the seed will grow again. Maybe the rock could choose to leave, or it could just find another land spot to grow in. Or not.

What if once a three falls, the seed is lost forever? Well then the sun would burn people’s skin.

Maybe I’ll be smiling soon, or maybe not. I just wished life to be simple, but it’s only simple when you choose to lie to yourself. “Dear Karen” for us, my love… Dear karen…

A saga da semente

Era época de calmaria. Não se ouvia falar em vento há tempos. Uma semente caiu no chão e germinou, mas havia pouca terra. Logo abaixo dessa terra havia uma grande rocha. Era indestrutível, intransponível.

A semente não tem olhos, e por isso, assim que se encontrou na terra, começou a crescer. Suas raízes se aprofundaram e começaram a surgir suas primeiras folhas. Logo surgiram galhos e também ramos.

A raiz tocou a rocha, e com isso parou de se aprofundar.

Por algum motivo ela pensou que a rocha se moveria, mas pedras não têm vontade. Elas não fazem escolhas e nós não decidimos nada por elas também.

A semente, que já era planta, continuou a ascender. Ela queria tocar as nuvens. As outras plantas se espantaram, pois o crescimento foi muito rápido. Ela crescia desenfreadamente, e nada entrava em seu caminho.

A terra era pouca, mas muito fértil. Se não fosse pela pedra, seria o melhor de todos os terrenos que existem.

A planta se tornou arvore, e ganhou um grosso tronco. Tinha filhas e frutos. Todos a admiravam.

Ela continuou crescendo. Não olhava para os lados, só para cima. Queria as nuvens. Ainda esperava a pedra decidir sair de baixo.

Depois se esqueceu da pedra e foi tão alto que seu topo ultrapassou a altura do norro, na base do qual ela havia germinado.

Veio uma forte ventania. Os ventos do destino finalmente chegaram. As outras árvores se mantiveram erguidas. Tinha raízes profundas.

Mas não a semente, que virou planta e depois arvore. Ela foi empurrada pelo vento e caiu. Caiu por terra.

Outras sementes a viam como referência. ‘Devemos ser grandes’, diziam elas.

Mas agora a semente caiu do céu, e o sonho acabou.

Um monólogo/diálogo com a deusa

Uma mulher veio a mim e disse:

- Você tem o que eu busco. Porque não me dá?

- Meu coração não posso te dar. Você conhece bem as barreiras práticas em relação a isso. Minha idade é muito menor do que a sua, e logo minha imaturidade te seria irritante, enquanto que sua estética em breve me será um fardo, por causa da minha virilidade.

Ela me olhou com olhos de julgamento. Como quem diz: diga logo a verdade!

- Mas nós dois sabemos que eu sou movido é pelo coração, e que ignoraria qualquer aspecto prático para viver um amor fulminante e profundo. Sabes bem que te considero digna de receber o meu amor, embora eu não saiba se sou digno do seu. Mas eu não tenho amor para você. Tenho o amor, é verdade, mas ele já está ligado a alguém. Corre de mim um fluxo de dar-me a mim mesmo para essa pessoa.

- Me fale sobre essa pessoa e sobre esse fluxo.

- É um impulso involuntário e, muitas vezes, de natureza cíclica. Eis aí uma breve definição do impulso de sar-se a si mesmo. Fico me questionando a respeito do sentimento que tenho por ela. Tenho esse impulso irracional de querer satisfazer o coração das pessoas que por isso anseiam, e em geral elas se aproveitam disso para obter algum benefício banal e temporário. Mas nela eu vi algo diferente. Algo belo. Nesse sentido ela se mostrou semelhante a mim, e me encantei de tal forma que fui levado (e ainda estou sendo) por este impulso. Ela reagiu da mesma maneira que eu reagiria. No início se encantou, e gostou do meu carinho. O aceitou, e em certos momentos me foi tão carinhosa que nem pude acreditar que foi de verdade. Ela tem espírito, é Stela.

- E porque você está com esse olhar, então?

- Há barreiras morais entre nós dois. Barreiras que tornam nosso relacionamento romântico impossível. Pelo menos por agora. Tento contornar racionalmente. Aliás, tentei, mas concluí, hoje, que não há utilidade para a racionalidade. Não neste caso. Estou me sentindo triste, porque ela é uma ou, talvez, “a” pessoa que é realmente capaz de receber integralmente esse afeto, de me receber.É madura, sentimental, apaixonada, inteligente, íntegra. De que me valem os adjetivos?

- E eu?

- Você vem logo atrás dela, e pela quantidade de palavras que trocamos um com o outro eu diria que isso é uma façanha impressionante. Noutras circunstancias teria levado meu coração, te garanto. Mas a verdade é que sinto meu coração unido ao dela. Que me desculpem todas as mulheres que, de alguma maneira, tiveram contato comigo, mas sou obrigado a confessar que ela é o que já vi de mais belo nesse mundo. O que mais quero é me entregar a ela. Amá-la até o fim dos meus dias, e dedicar esses a ela em grande proporção. Quero um abraço, quero olha-la. Quero dar tudo, porque sei que ela pode receber. Fico atônito quando, repentinamente, ela me dá uma flor de ouro. Ela se entrega como eu, dá amor sem querer nada em troca.

- Eu também faço isso.

- Por favor, querida. Não torne as coisas assim tão difíceis para mim. Sabe que me dói não poder me entregar a você. Não queria que você estivesse assim só. Abandonada. Esse mundo não está preparado para uma presença como a tua. Mas nesse ponto não há nada que eu possa fazer. Meu coração está ligado ao dela.

- E o que ela tem de diferente das outras? O que você sente de diferente?

- Com as outras, confesso, minha relação era mais altruísta, só que com ela também penso em mim. Quero me entregar sim, mas também quero que ela se entregue a mim com toda a sua maravilhosa beleza física e espiritual. E em troca dou a mim mesmo de corpo e alma.

- Ainda não me falou o motivo do seu olhar.

- É isso que me deixa numa dicotomia entre alegria e tristeza. Fico alegre quando nossos espíritos se encontram, e triste quando abro os olhos e vejo as barreiras físicas e morais que existem entre nós. Aliás, o que mais me deixa triste é que tudo pode ser só ilusão. Ou pior, que pode ser unilateral.

- E se for ilusão?

- Vou para perto dela de qualquer maneira. A barreira física acabará, e a moral eu não sei. Mas se, lá, eu ao menos puder me entregar a ela, então assim ficarei contente. Talvez tudo isso seja uma grande ilusão, mas dentro de mim existe com tamanha intensidade que não há como negar. Sendo uma fantasia ou não, eu tenho que ir adiante. Acerca da moral eu falo como Zaratustra: “Tu deves, assim se chama o grande dragão; mas o espírito do leo diz: ‘eu quero’. O tu dever está postado em seu caminho, como animal escamoso de áureo fugor; e em cada uma de suas escamas brilha em douradas letras: ‘tu deves’”