Antes de começar o desenvolvimento da idéia é bom eu determinar o que deve-se entender pelo termo orgulho nesse contexto.
Orgulho
s. m.,
Exagerado conceito que alguém faz de si próprio;
Sentimento elevado da sua dignidade pessoal;
Soberba;
Pundonor;
Brio;
Vaidade;
Empáfia;
Aquilo de que alguém pode orgulhar-se.
Na verdade os conceitos se misturam entre si, mas para nosso contexto usaremos o ultimo significado dado pelo dicionário: aquilo de que alguém pode se orgulhar.
assim, eu posso ter orgulho do meu cão, que ensinei sentar, ou de uma pessoa, que aprendeu o que eu tinha para ensinar a ela.
Não pude, de fato, encontrar para a reflexão filosófica um propulsor maior do que a vaidade. Seja extrovertida, quando o indivíduo demonstra sua capacidade intelectual em meio a um grupo, seja introvertida, quando ele se contenta em demonstrar essa capacidade para si mesmo.
Em geral encontramos uma pessoa ou outra com a qual nos identificamos, seja por projeção ou identificação real. Se essa pessoa é mais velha e experiente, então ela se torna uma espécie de modelo, do qual nós tiramos nossas aspirações intelectuais. Por outro lado, se somos mais experientes, a pessoa mais nova se torna um depósito de esperanças: é ela que cuidará da nossa experiência acumulada e especialmente ela que dará continuidade ao nosso legado filosófico.
Jung e Freud são um bom exemplo disso.
Dessa forma, o orgulho que queremos sentir do aluno nos impulsiona vaidosamente a uma dedicação a ele. Se ele é mesmo parecido, tendência é sentirmos orgulho e se a semelhança não passa de projeção o resultado é a decepção.
Mas essa visão é muito pessoal, e pode ser ampliada à luz de Jung.
Um sujeito de tipo psicológico racional tende a se identificar com outro também de tipo racional, e o mesmo acontece com os sentimentais.
Mas verdade seja dita: a sensibilidade é uma qualidade tão grande quanto a inteligência.
O intelecto destituído de sentimentos simplesmente não pode se aprofundar na essência humana, pois nesta há sentimentos, e definições intelectuais destes não são suficientemente representativas.
Assim como a intelectualidade não engloba a sensibilidade, a sensibilidade não engloba a intelectualidade, sendo, portanto, de especial importância o desenvolvimento de ambas as faculdades. O mesmo se aplica às variáveis de introversão e introversão e sensação intuição, dos tipos psicológicos de Jung, mas não é necessário definir tudo agora, e eu o fiz somente de forma superficial a parte dos sentimentos e racionalidade para ilustrar a reflexão proposta.
É bom lembrar que não há tipos exclusivamente sentimentais ou tipos exclusivamente racionais.
A partir do momento que se admite a qualidade que não possuímos como qualidade real, é possível sentirmos orgulho de uma pessoa que nada tem de semelhante a nós. Um racional pode ter orgulho de um sensível que desenvolveu a sensibilidade graça a ele, e vice-versa.
Não é necessário ter sensibilidade latente para auxiliar um sensível a se desenvolver, e vice-versa, pois o desenvolvimento não é uma forma de doutrinação: eu não passo, como racional, passar meus conceitos para o próximo, mas o instigo a desenvolver a própria racionalidade(que pode resultar num eventual conflito de idéias).
No caso do sentimento é a mesma coisa: ele manifestará o sentimento que tem em si, resultado de sua relação consigo mesmo e com o mundo, não da minha instrução. Minha instrução serve apenas para mim.
Assim, é possível nos orgulhamos de ser responsáveis pelo desenvolvimento de uma qualidade em outra pessoa que nós mesmos não temos. e o prazer desse orgulho é o mesmo que sentimos quando temos orgulho de nós mesmo. Parece mesmo a vaidade, mas essa é altruística, pois é o prazer de ajudar ao próximo. E se ajudamos o tipo oposto ainda ganhamos o benefício de aprender com o progresso dele um pouco sobre a qualidade que nós mesmos não temos tão bem desenvolvida.
Assim, não há restrições para tipos que instruiremos. muito pelo contrário. Deve-se amplificar o campo de ação altruística mesmo para crescimento pessoal e individuação: ninguém progride sozinho, se isolar feito um Zaratustra, pois aí nós só progredimos no que temos dentro de nós. Ficamos polarizados e limitados sem contato com o mundo, além de não contribuirmos para o progresso da sociedade em que vivemos.
Daí percebe-se que chegamos a um novo conceito de orgulho, que é mesmo o orgulho próprio, pois estamos crescendo ao ajudar o outro.
Com esse texto pretendo demonstrar minhas conclusões de hoje sobre a aplicação do orgulho em uma forma positiva. Como a definição nos diz, orgulho e vaidade podem ser vistos como sinônimos, e o que pretendo demonstrar é isso: é por vaidade que ajudamos o outro.
Seja vaidade de ter orgulho interno ou externo (que se contém para si ou que se propaga para outros).
Portanto, essa é uma forma de aplicar de forma positiva características que são vistas em geral como essencialmente negativas.
É bom observar que eu não uso a terceira pessoa do plural com a intenção de englobar todas as pessoas de todos os tipos. Falo isso dos orgulhosos, assim como eu, que podem pensar que há sentido em seguir um pensamento altruísta.
Devo essas reflexões a um diálogo extremamente produtivo que tive ontem com minha amiga Sammy, que pode ter seu blog encontrado logo à esquerda nos seguidores.
então, querida, deixo meu agradecimento sincero por sua dedicação em relação ao meu desenvolvimento em todos os sentidos, e espero sinceramente ser capaz de te dar esse orgulho que acabei de definir (se é que seu modus operandi é assim) ou outro ainda mais exato e belo.
1 comentários:
Obrigada Silas!
Com certeza tenho orgulho de você.
Continue na sua jornada.
Beijão no coração!
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