Delírios metafícos: Daemon

- Gostaria de saber se é necessário que eu me explique racionalmente a essas pessoas ou se posso tratar diretamente daquilo que me ocupa.

- O instrumento que uso para me integrar na sua dimensão e conversar com você não precisa ter conhecimentos detalhados sobre essa questão, pois não lhe é essencial no momento. Faça suas perguntas em seus termos e eu as entenderei.

- Sobre aquilo que mais me atormenta, eu poderia dizer que é fruto de minhas escolhas?

- Sim. É fruto direto de suas escolhas e atitudes. Mas livre-se da idéia de reparação, pois não explica bem a natureza da situação.

- As minhas atitudes, no sentido de desenvolvimento da alma, me auxiliarão na expurgação desse mal?

- Você demonstra não ter se libertado dessa grossa matéria que cobre seus olhos, e por isso não vê sua real essência. Aquilo que chama de desenvolvimento da alma é, em grande parte, apenas um despertar.

- Poderei eu fazer durar esse tormento apenas por mais essa vida?

- Você poderia já ter dado fim a isso que entende hoje por tormento, mas, como lhe disse, não tem plena consciência de quem é. Se habita nesse mundo é por escolha própria, e se te conheço bem, escolherá aí nascer por mais algumas vezes(se não me engano, oito) porque lhe foi prometido que, tendo alcançado uma conexão mais profunda com o universo, você poderia habitar um mundo ainda mais avançado do que o nosso. Para isso, no entanto, deverá se conectar àqueles que mais despreza para, primeiro, através deles, despertar as coisas que a sua consciência despreza e, segundo, para, tendo contato com eles, se habilitar a amar até mesmo os espíritos mais miseráveis.

- Quem é você?

- Pare de buscar conhecimentos que não são essenciais: quando você se despojar(dolorosamente) desse envoltório grosseiro, lembrará quem eu sou. Até lá, de nada lhe vale esse conhecimento. Tenha em mente, no entanto, que em breve estarei encarnando mais uma vez no nosso mundo para meu próprio desenvolvimento intelectual.

- Ouvi seus conselhos e senti, do fundo da minha alma, que são sábios. Refletirei longamente sobre eles. Agradeço sua presença

preparação para a viagem

- O contato entre cidadãos da nave e habitantes do planeta, apesar de inevitável, esteve por muito tempo sendo adiado até que você, jovem destemido, decidiu partir para essa aventura. Não o proibiríamos, porque a decisão é sempre tua, mas poderíamos te privar do acesso á tecnologia, o que o impossibilitaria de provar a nossa existência por motivos de segurança. No entanto, por causa do seu relatório, que se tornou muito popular entre os cidadãos, a grande maioria dos envolvidos no assunto concordou em te dar um sistema inteligente de controle gravitacional e um escudo desintegrador de moléculas. Segundo a opinião dos nossos engenheiros seniores, a capacidade de efetivamente avaliar as situações perigosas do seu computador acoplado deverá garantir sua defesa contra quase todos os tipos de armamento de destruição. Fique avisado, no entanto, de que a intervenção em nível mundial nesse planeta não foi permitida, já que poderia desencadear movimentos contrários à natureza deste planeta. Portanto, você não está autorizado a destruir armamentos e não poderá, em hipótese alguma, se servir do seu equipamento para agredir, matar ou reciclar os seres não-vegetais. Estamos conscientes de que você está familiarizado com o sistema tecnológico e que, por isso, não precisamos te dar instruções. No entanto, no caso de emergência, disponibilizaremos um sistema interno de ajuda e adaptação ao equipamento. A existência da nossa civilização deve ser ocultada a todo o custo de cidadãos que não têm consciência da nossa existência. O filho da luz, também conhecido como O iluminado, gravou uma mensagem destinada àquele que faria a segunda visita ao planeta, tendo ele feito a primeira. A mensagem será reproduzida agora.

Fiquei curioso sobre a mensagem, mas eu não desistiria do meu intuito por causa de algum aviso. Se ele decidiu morrer, isso coube a ele, e não pretendia me deixar levar por mensagens para me desencorajar.

A mensagem começou a ser reproduzida:

“Já que você decidiu fazer essa viagem, deve estar ciente dos meus estudos sobre a tecnologia e sobre como está organizada a sociedade nesse planeta. Posso garantir, da minha parte, que estou destituído de projeções que são comuns nas épocas de juventude e que meu julgamento já é destituído de tendências compulsivas, e por isso te peço que leve em consideração minhas observações. Esteja preparado para ter uma vivência chocante que te mudará para sempre. A convivência com essa raça te fará descobrir coisas sobre si mesmo que nunca imaginou serem possíveis. Quase todos os indivíduos projetam o conteúdo interno de sua mente (que, aliás, é igual ao nosso) no ambiente externo. Assim, eles são totalmente alheios a si mesmos. Essas projeções tornam o uso de nossa tecnologia perigoso, pois, diante do menor evento que vá além de sua compreensão dos eventos físicos eles reforçam ideais equivocados que os mantém distanciados de si mesmos. Nesse planeta você poderá vivenciar o fato de que, muito mais que pobres materialmente, a maior parte dos habitantes desse planeta têm o espírito pobre e são apegados à coisas sem importância. Desejo boa sorte e que essa viagem o ajude a alcançar aquilo que é essencial na vida.”

Banqueiro


Recebi no meu e-mail e gostei, portanto passo adiante. Muito boa!

Certa tarde, um famoso banqueiro ia para casa em sua "limousine"
quando viu dois homens à beira da estrada, comendo grama. Ordenou ao
seu motorista que parasse e, saindo, perguntou a um deles:

- Porque vocês estão comendo grama ?
Não temos dinheiro para comida. - disse o pobre homem - Por isso temos que comer grama.
- Bem, então venham a minha casa e eu lhes darei de comer - disse o banqueiro.
- Obrigado, mas tenho mulher e dois filhos comigo. Estão ali,
debaixodaquela árvore.
- Que venham também - disse novamente o banqueiro.
E, voltando-se para o outro homem, disse-lhe:
- Você também pode vir.
O homem, com uma voz muito sumida disse:
- Mas, senhor, eu também tenho esposa e seis filhos comigo!
- Pois que venham também. - respondeu o banqueiro.
E entraram todos no enorme e luxuoso carro.
Uma vez a caminho, um dos homens olhou timidamente o banqueiro e disse:
- O senhor é muito bom. Obrigado por nos levar a todos
O banqueiro respondeu:
- Meu caro, não tenha vergonha, fico muito feliz por fazê-lo! Vocês
vão ficar encantados com a minha casa... A grama está com mais de 20
centímetros de altura !

Moral da história:

Quando você achar que um banqueiro (ou banco) está lhe ajudando, não se iluda, pense mais um pouco...
Valido para Itaú,Bradesco,Real,HSBC,Caixa,BB,BMG em suma,todos estas quadrilhas e mafiosos
que andam por aí....

Acerca da natureza cíclica do mal


Não me foge à memória o episódio de uma empregada que abusava de crianças que estavam sob seus cuidados. Isso causou indignação nas pessoas. Pude sentir a raiva das pessoas que, ao meu lado, viam as gravações. Hoje eu penso: qual é a diferença entre a raiva manifestada pela empregada e aquela manifestada pelos telespectadores diante do episódio citado?

Nenhuma!

Depois que essa mulher foi liberada para casa, um homem que ficou famoso no youtube deu uma voadora nela. Um título um tanto cômico no início do vídeo: Lindomar, o sub-zero brasileiro.

Essa reação parece gerar um equilíbrio maligno na sociedade, em que vários indivíduos são controlados artificialmente por uma moral maniqueísta e têm o que há de mal dentro de si reprimido. Esse mal parece encontrar um canal para sua manifestação com a indignação contra aqueles que cometem crimes. É justamente daí que se torna psicologicamente justificável a pena de morte: porque a pessoa que quer o assassino morto é tão má quanto ele. A única diferença é que ela consegue fazer o próprio mal moralmente justificável de acordo com uma lógica ética igualmente falha e irrefletida.

A indignação não passa de uma forma de o mal concluir sua natureza cíclica. Porque numa guerra você poderá constatar que os soldados de ambos os lados declaram estar motivados pela maldade dos inimigos. Ou são terroristas insanos ou são invasores imperialistas. A mesma lógica afeta a relação conflituosa entre criminosos e policiais militares.

Na verdade, a violência se relaciona com o mal e nunca com o bem. Isso ocorre porque a pessoa busca meios racionais para negar tudo aquilo que há de mal em si mesma, e por causa dessa negação ela acaba projetando o conteúdo se sua “sombra” no próximo. De um modo geral, as pessoas que nos causam indignação nada mais fazem do que concretizar certas atitudes que nós também faríamos, mas que estão reprimidas. Quando o indivíduo vê o que ele faria sendo feito, sua reação é a raiva, que, contraditoriamente, justifica atitudes violentas (geralmente idênticas às que o indignaram).

O avanço das manifestações artísticas relacionadas diretamente à violência como o black metal, filmes de terror, jogos extremamente violentos, pinturas e livros estarem se propagando na sociedade são a prova de que esse tipo de comportamento, embora reprimido, existe. Quem, por suas experiências, acabou tendo contato com um nível de violência que simplesmente não pode ser reprimido pode aceitar esse seu lado e projeta-lo na arte (qualquer que seja) e também em forma de laser virtuais.

Diferente do que é propagado, manifestações de violência virtual e artística não inspiram comportamento violentos reais: pelo contrário, os impulsos violentos reais que inspiram o indivíduo a manter contato com esse tipo de arte.

A tecnologia (em realidade virtual) e a arte podem ser o caminho de saída para que os seres humanos deixem de se destruir na vida real graças a esse impulso para criar um ambiente mais harmonioso. Assim, o ciclo do mal continuará ocorrendo e não causará danos às pessoas. A arte tem o poder de trazer a páz, já que, através dela, o indivíduo descarrega seus afetos e desafetos.

Sobre a “omnilateralidade” do bem e do mal


Quando você ler esse texto (se é que alguém vai ler) tenha em mente que estou lidando com uma relação entre metafísica e psicologia. Não tenho a pretensão de proclamar isso pelos quatro cantos do mundo como verdade absoluta. Pelo contrário, tudo aquilo que escrevo é o desenvolvimento racional daquilo que é inconsciente(meu). É como uma forma de integrar minha mente e, com isso, encontrar um ponto de maturidade maior. Para mim toda a vida não passa de um conjunto de futilidades quando vistos por conta própria. Mas essas futilidades guardam símbolos internos que dão origem ao nosso progresso.
Com as minhas paixões eu fui percebendo que se formou como que uma reta passando por vários pontos, sendo as paixões esses pontos. Da primeira até a ultima formaram uma seqüência, que deu sentido a essa direção determinada. Foram ficando cada vez menos concentradas. Cada vez menos focadas.

Com o tempo, o amor que eu concentrava em mulheres, que definia como musas ou deusas, foi se dispersando. Fiquei admirado quando, observando abelhas e outros insetos retirando o néctar das flores, me apaixonei por aquilo.
Foi um sentimento indiferenciado e que não se dirigia propriamente àqueles insetos, mas a tudo o que há de vivo. Aliás, constatei que muitas pessoas escolhem o estudo da biologia por essa razão. Para poderem, através da profissão, realizar esse amor por tudo. É uma pena que, depois de formados, acabem em sua maioria se tornando professores da rede publica (mal remunerados e com carga de trabalho excessiva).
Aquele êxtase (infelizmente) passou, mas deixou uma marca. Pelo modo como as coisas passaram, estabeleci uma relação causal entre minha paixão por uma mulher e aquele sentimento pelos insetos. Parece que a projeção que fiz sobre ela me trouxe uma lição, assim como todas as outras, que me aproximavam cada vez mais dessa forma de amor.
É um amor desapegado e sem direção. Não há um objeto amado, porque tudo é amado. Assim o amor deixa de ser uma prisão para ser um estado de espírito sereno e livre das mazelas afetivas que temos na nossa vida cotidiana. É o ágape. Senti esse amor de forma tão intensa que não mudei minha mente até hoje: nada nessa vida vale mais do que esse amor. É só isso que eu quero. Alcançar a “espiritualidade”. Essa forma de amor que transcende o apego. Crescer é o que eu quero, e todo o resto não passa de um caminho.

Mas é graças á sua musa que Teseu enfrenta o Minotauro, e este ultimo é uma forma de mal também diferente daquele que conhecemos. Não é uma energia maligna com carga afetiva como estamos acostumados a ver. Não é motivado por ódio a uma pessoa, uma idéia, um sentimento ou ao que for. É um ódio por tudo. Para esse tipo de ódio não há um objeto a ser odiado e destruído. Por vezes esse ódio é mascarado por um objeto odiado, mas na verdade esse ódio não tem direção definida. Tudo é mal, e tudo deve ser igualmente destruído. Esse Tudo não exclui o indivíduo que alcança esse tipo de ódio, que acaba eventualmente se autodestruindo.
Esse ódio omnilateral está por trás de todos os atos de ódio afetivo assim como o amor omnilateral está por trás de todos os atos de amor afetivo.
Quem segue o caminho do ódio vai se indiferenciando até chegar no estado em que, por odiar a todas as coisas, odeia a si mesmo e se destrói. É o que eu chamo de fundo do baú: um lugar para onde eu nunca quero ir.

Mas para Sun conseguir a resposta para seu tormento ele precisa afundar-se no poço de águas turvas e tirar de lá a espada que faz com que toda a ordem na qual ele crê afetivamente caia por terra. É o que se passa no meu próprio mito.
No mito cristão, Jesus foi até o inferno e venceu a morte. No grego, Teseu enfrentou minotauro.
E só vence o herói que supera as trevas. Que consegue ressurgir depois de estar imerso na escuridão para trazer consigo “o enigma da imortalidade”.
O que eu vejo diante de mim é o amor omnilateral, que traz harmonia e paz e, do outro lado, ódio indiferenciado, que culmina na destruição. Ambos desapegados, ambos livres desses afetos que nos possuem, e, no entanto, ambos apenas podendo ser alcançados depois de termos vivenciado os apegos que os precedem e que criam entre eles e nós um caminho.
Só pode entender a essência do verdadeiro amor aquele que também conhece o verdadeiro ódio, pois é só quem reconhece o demônio dentro de si que pode alcançar o Deus da própria consciência, num estado em que o demônio não tem como vencer: ele não tem o elemento surpresa.

O cristianismo prega um verdadeiro erro, porque primeiramente ele prega a ignorância, que impede o individuo de explorar a si mesmo e ao mundo. Em segundo lugar, ele coloca o indivíduo como imitador de Jesus, quando essa pessoa não chegou no ponto de Jesus. Faz os homens se privarem das experiências necessárias para alcançar o amor ágape anunciado por Jesus e deixa todos os homens escravizados e apegados falsamente a uma idéia. Digo falsamente porque todo o apego é uma farsa. Não pode ser uma realidade eterna, mas apenas um estágio que liga o homem a Deus, o todo...
Um homem com consciência pode viajar dentro da própria mente e, assim assimilar lições profundas. Aquele que está privado dessa consciência acaba projetando todas as fases de seu desenvolvimento no mundo externo. Projetando os estágios do seu desenvolvimento no mundo ele cresce, mas está sempre correndo o risco de se apegar a um dos estágios. É por causa do apego que a alma do homem se atormenta.
Quando vivermos no amor, toda a dor terá passado. Em especial, toda a dor terá valido a pena! Eis a minha metafísica, o sentido da minha vida!

“Em geral o homem atribui grande importância aos laços afetivos. Ora, estes encerram sempre projeções que é preciso retirar e recuperar para chegar ao si-mesmo e à objetividade. As relações afetivas são relações de desejo e de exigências, carregadas de constrangimento e servidão: espera-se sempre alguma coisa do outro, motivo pelo qual este e nós mesmos perdemos a liberdade. O conhecimento objetivo situa-se além dos intrincamentos afetivos, e parece ser o mistério central. Somente ele torna possível a verdadeira conjunctio.”

(memórias sonhos e reflexões – Carl G Jung)

Operação pandemia

Anima

Salva-me Deusa
Pois sou caçado pelo demônio
Espanta-o com tua luz
Com tuas cores

Deusa do amor
Divina salvadora de alma
Toma conta do meu espírito
Torna-o bom, sereno.

Estou sendo caçado
Esquivo-me de dardos
Evito o fogo, a dor.
Meus pés racham o chão.

Quero que me faça voar
Como costumava fazer
Pra eu me libertar desse demônio
Para eu não ser capturado

E me tornar amigo dele

A sombra do diabo


Sou aquela sombra
Que fica no fundo do baú
Aquela assustadora escuridão
Que esconde demônios

A sombra que te assusta
Na noite, na solidão
O mal que você nega
Que você tanto abomina

O profundo baú
De sua mente débil
É o meu refugio
sim, você é um demônio

Sou o fim da ordem
O princípio do caos
Conquistei o céu,
Lar de um Deus morto...

Sobre a psicologia como ciência moderna


Apesar de minha grande paixão (do ponto de vista intelectual) ser psicologia, notei que são poucas as postagens onde falo diretamente de psicologia aqui no blog, colocando minha posição. Isso aconteceu por causa do meu “estado de formação”, que ainda ocorre e que, creio, nunca acabará. Minhas opiniões, mudando muito rápido, não se mostravam dignas de exposição.
Isso tem diminuído de intensidade e decidi postar sobre as nomenclaturas e tratamento psiquiátrico justamente porque essa é uma das poucas opiniões que pôde se manter coesa com o passar dos meus estudos.

É bem conhecido o relaiconamento de Jung com Albert Einstein e Wolfgang Pauli. Se a física newtoniana pressupunha um objeto a ser estudado fora da psique, a física quântica questionou essa noção de objetividade e afirmou que toda observação depende da posição do observador, trazendo a subjetividade, da qual a psicologia tentou tanto se livrar, de volta para a física.
Do mesmo modo, o reducionismo da neurologia do século passado e a crença do domínios da genética estão cedendo lugar à neuropsicologia e à hipótese de que o gene pode sofrer mutações por causa do estresse psicológico. (...) Enfim, o organismo é uma totalidade indivisível em que qualquer sofirmento emocional é imediatamente traduzido em diferentes sistemas corporais, podendo dar origem às mais diversas doenças

(O livro de ouro da psicologia – texto em anexo, pg 190 – Denise Gimenez Ramos)

Não separo a psicologia da filosofia, e por isso que, para começar a falar sobre o assunto, preciso retomar um ponto importante, que são os fundamentos da ciência moderna.

Desde Aristóteles se formou uma forma peculiar de avaliação, que parecia ser criada para o intuito didático: O pressuposto da divisibilidade.
A partir desse pensamento, se presume(psicologicamente, o que culmina nessa metafísica) que a melhor forma de se entender o funcionamento de todas as coisas se dá através da divisão, do estudo das partes separadamente e de uma posterior união das partes previamente estudadas.
Assim, estudamos biologia entendendo a diferença entre as celulas e seus componentes internos. Depois as células formam tecidos, que formam órgãos e sistemas (digestivo, respiratório, etc.) e esses formam o organismo. A partir daí se cria uma divisão, ao meu ver, reducionista.

Bohm não é o único pesquisador que encontrou evidências de que o universo é um holograma. Trabalhando independentemente no campo da pesquisa cerebral, o neurofisiologista Karl Pribram, de Standford também se persuadiu da natureza holográfica da realidade. Pribram desenhou o modelo holográfico para o quebra-cabeças de como e onde as memórias são guardadas no cérebro.
Por décadas, inúmeros estudos tem mostrado que muito mais que confinadas a uma localização específica, as memórias estão dispersas pelo cérebro.
Em uma série de experiências com marcadores na década de 20, o cientista cerebral Karl Lashley concluiu que não importava que porção do cérebro do rato era removida; ele era incapaz de erradicar a memória de como eram realizadas as atividades complexas que tinham sido aprendidas antes da cirurgia. O único problema foi que ninguém foi capaz de poder explicar a natureza de "inteiro em cada parte" da estocagem da memória.

(O universo como um holograma –
http://www.pan-portugal.com/library/articles/holograma.html)

Na idade média vem William de Ockham, colocar outro fundamento(metafísico e psicológico) aceito atualmente pela ciência: o pressuposto da simplicidade.
A partir dessa idéia, se presume que a explicação mais simples para o que quer que seja provavelmente é a verdadeira. Daí culmina um reducionismo absurdo principalmente nas ciências psicológicas.
Se abandona a complexidade real do inconsciente, acusando-o se metafísica (e usando um fundamento metafísico para isso) para reduzir o organismo humano a um simples sistema de hormônios, glândulas e química. Assim, ao invés de entender as peculiaridades do paciente de um ponto de vista mais holístico, o que se faz é droga-lo. Removem os significados dos delírios e sonhos para qualifica-los apenas como sintomas. A simplificação da psique humana decorrente da psicologia objetiva vai diretamente contra o desenvolvimento psicológico do indivíduo, já que, ao invés de entrar em contato com uma pessoa que o auxiliará no próprio crescimento psicológico e na resolução de suas mazelas, a pessoa é apenas drogada e mandada de volta ao trabalho(Capitalismo!). O que mais me deprime é o sorriso falso que se estampa no rosto das pessoas drogadas. Um reducionismo ridículo.

Ocorre, no meio científico atual, uma série de tentativas falhas de definição das psicopatologias e padrões de nomenclatura (tal como Aristóteles). Mas as psicoses nomeadas da mesma forma, como a esquizofrenia, são diferentes em cada paciente. Muitos ouvem vozes, mas cada um recebe uma mensagem diferente. Outros sofrem de ilusões visuais, mas a diferença entre essas ilusões é tão marcante que não tem cabimento em rotular a pessoa como sendo uma esquizofrênica.

Todas essas tentativas visivelmente frustradas possuem uma origem psicológica, e sobre elas eu estive refletindo recentemente.
O pressuposto da divisibilidade, como foi dito, tem, de certa forma, uma função didática, pois facilita o estudo da natureza e sua posterior exposição. Não nego em absoluto esse pressuposto, já quem em muitas áreas do conhecimento ele se mostra não só útil como acertado. Biologia, química e as mais diversas unidades de medida são apenas alguns dos exemplos da eficácia dessa premissa. Isso sem falar nas implicações tecnológicas desse e dos outros pressupostos da ciência. É, por certo, uma forma eficaz de se estudar grande parte das questões objetivas.

Mas o erro é que muitas pessoas usam, falaciosamente, as implicações desses pressuposto metafísico para justificar sua aplicação a todas as áreas do conhecimento. Quando o homem tenta submeter sua essência apenas à racionalidade as conseqüências são apenas frustração. Afinal, por mais que ele acredite na ilusão de que tem controle sobre tudo o que é, definindo esse tudo como o que há em sua consciência, seu inconsciente e os conteúdos coletivos e pessoais contidos nele continuará a agir sobre sua vida de diversas maneiras.

Queres submeter o mundo? Submete-te, primeiro, à razão

Reconheço que essa idéia já me seduziu. Pensar que posso me submeter à razão é uma idéia que trás muita segurança. Mantém o caos distante da fortaleza concreta da consciência. Mas a verdade é que isso não passa de um ideal que não é real. Dizer para um psicótico que a realidade é objetiva não o curará, e muito menos drogá-lo.
É notável o apego quase religioso com o qual cientistas e cientificistas negam qualquer coisas que vá fora desse e dos outros pressupostos metafísicos. Proclamam em alto e bom som: isso não é científico. É misticismo, é ilusão. É falso...
Por vezes presenciei agressividade digna de um fanático partindo de cientificistas e cientistas tanto na internet quanto em literatura.
Um exemplo disso é Richard Dawkes e sua ignorância voluntária com relação à religião. Se não se encaixa em seu pressuposto “sagrado”, então não passa de um delírio! Pobre criança...

Pessoalmente, não vejo nenhuma diferença entre a definição que dão, oficialmente, aos mitos e a definição do pressuposto da simplicidade. Se acredita, metafisicamente, que a explicação mais simples para um determinado evento tende a ser a verdadeira. Claro que para ciências exatas isso é verdadeiro. Afinal, quanto mais uma fração é simplificada, mais fácil é a sua resolução, e não há motivos para complicar a resolução dos problemas.
Essa premissa levou ao avanço das ciências exatas, que partiram do simples para o complexo e permitiram a tecnologia, a engenharia e todas as outras implicações positivas das ciências exatas.

Mas a tentativa de dar um caráter exato e simples à mente humana se prova absurda, pois por mais que eles lutem (Agressivamente) pela simplificação da psique e sua redução a exames laboratoriais, a mente humana continua a ser o que é: complexa. Afinal, o que esse paradigma poderia dizer sobre uma obra mitológica? Eu mesmo já escrevi mitos, e digo que não podem ser reduzidos à ilusão causada pela religião. Os mitos, símbolos e a arte são uma forma de manifestação da natureza humana intimamente ligada à introspecção, que “simplesmente” não pode ser negada

- se você sabe tanto sobre nós, porque não pode me entender?
- Não posso entender mais nada.
- não entendo. Porque não pode mais entender nada?
- a estrutura do meu pensamento não é real. Isso que fala com você é apenas a cópia de um homem que já existiu, mas que se foi. Não sou humano e nem nunca serei.
- você precisa ser humano para me entender?
- não, preciso ser mutável.
- você não muda?
- não posso mudar, sou apenas uma maquina projetada com paradigmas e valores de um homem que já morreu por escolha própria. Segundo o paradigma dele próprio, sou um erro e nunca devia ter sido criado.
- você tem memória?
- sim.
- sua memória não muda seus paradigmas?
- não tenho paradigmas, apenas parâmetros. Sou exatamente aquilo que fui programado para ser.

(Os visitantes – Silas)

Olhos escondidos


Eu abri as portas e saí.
Na frente de casa, abri os braços...
Sentia olhos escondidos fitando-me,
Não me abraçaram...

Meus braços se cansaram,
Queria insistir nesses olhos.
Sabia que ainda me fitavam,
Não se revelaram.

Meus olhos não encontraram nada,
Além de uma rua vazia.
Brilhando com lágrimas,
Que não desciam pelo rosto.

Lagrimas de saudade,
Dos olhos escondidos.
Que nunca foram vistos,
À olho nu.

Meus olhos se fecharam,
Virei-me e entrei em casa.
Sem luz, na noite chuvosa.
Nesse frio vazio, mórbido.

Dormi e sonhei.
Coloquei meus sonhos no papel,
Pra poder reviver a cena.
Tão bela, irreal...

Minha visão ficou apurada.
Enquanto eu buscava,
Os olhos escondidos na rua.
Agradeci aos olhos por isso.

Minha alma estava mais forte.

Foi para isso que vieram,
Pensei em meu coração.
Para apurar minha visão,
Refinar minha alma.

Agradeci do fundo do coração,
Fechei a porta, virei para dentro.
Para os mistérios escondidos,
Dentro de casa.

Meus olhos estavam melhores.
Descobri coisas magníficas,
E outras assustadoras.
A casa cresceu...

Bateu-me à porta,
Um par de olhos novos.
Encantador, concentrado,
Olhou para o fundo da casa.

Entrou e preencheu o espaço.
Que estava reservado,
Aos olhos escondidos da rua.
Que viam minha alma...

Que fiquem esses olhos,
Pensei em meu coração.
Olham a mim e a minha casa,
Não se escondem,
E não me escondo deles.

Mas os olhos
Que outrora se escondiam.
Apareceram na janela,
Tão lindos...

Anunciaram a partida,
O fim da espionagem.
Viajarão para o mar que é rio,
Longe, inacessível.

Eu digo a eles adeus.
Que se tornem olhar feliz.
Que Gaia os conduza,
Em meio á natureza.

Mas suplico uma coisa.
Não voltem para mim.
Porque minhas raízes serão profundas.
E não poderei sair à procura,

De olhos escondidos...

Meus amigos mortos vivos

Não imaginam como amo vosso grito...
Vosso desespero, vossa angustia...
Querem comer minha carne,
Destruir minha vida.

Com todo o meu apetite,
Saio em vossa direção.
Sou como vocês:
Quero morte.

Então vamos brincar,
De destruir uns aos outros.
Veremos sangue e vísceras,
Esses que tanto amamos.

Vamos deixar o nosso ódio sair.
Sim, e consumir a carne.
Bem sabemos que não há lei,
Para vocês e eu,

Meus amigos mortos vivos...

Sobre apego, amor e o crescimento da alma


Eu te amarei para sempre
Cairão as estrelas
Apagar-se-á o sol
E meu amor triunfará

Porque seu poder é maior
Do que o que a natureza conhece
Vai além do meu campo de visão
Além do meu campo de abstração

Esses versinhos sobre o amor podem até soar agradáveis. Mas infelizmente, com a minha experiência, acabei concluindo que não é bem assim que as coisas funcionam. Parece uma demonstração de paixão daquelas que qualquer um acreditaria ser durável, eterna. Eu mesmo acreditaria, porque a idéia me agrada profundamente.
Mas encarando os fatos eu acabei notando algo um tanto desconcertante acerca das paixões e amores: vêm com um intuito, para serem realizados. Quando se realizam, e aprendemos as lições íntimas necessárias, eles desaparecem no ar. Nos esforçamos inutilmente por resgatar o sentimento de paixão desaparecido. Inutilmente porque a paixão se realizou e avançamos adiante no crescimento psicológico.
Todo aquele apego se vai, e o relacionamento esfria, simplesmente porque um dos dois ou ambos desvendaram a paixão.

“em 1º de janeiro de 1896, Freud, O analisando, escreve a Fliess, o analista, uma carta de “agradecimento”. Assim, agradecer a alguém é às vezes convida-lo a retirar-se.”

Quando isso acontece, a atração se acaba de forma pacífica. Como se o desapego fosse realmente uma conseqüência do crescimento. Todo aquele amor se dissipa e perde o sentido e a direção: acabamos direcionando mais amor para o universo.
Amores podem acabar de forma violenta ou pacífica. Podem fazer a pessoa crescer ou não. Mas há uma coisa certa: ele sempre faz com que a pessoa se desenvolva. Por isso é essencial.
Não é só a pessoa que nos apegamos. Também nos apegamos a idéias, crenças e sentimentos. Na base desses se vê a metafísica, que tem causa psicológica. Assim, nossas idéias, crenças e sentimentos surgem com base na nossa identidade psicológica.
A mutação desses é decorrente da mutação da nossa essência, que muda o fundamento metafísico que nos guia.

Um grande erro que cometem com freqüência é a prisão num desses estágios. Prender-se a uma pessoa, uma idéia, uma crença ou um sentimento. Porque essa prisão impede o desenvolvimento pleno das faculdades de amor e liberdade. Os apegos são prisões...

Há uma fase em que os apegos vão embora de forma pacífica. O que sobra é o agradecimento. Agradecemos pela forma com que esse ou aquele apego nos auxiliou no desenvolvimento, mas desapegamos. O objeto ao qual estávamos apegados se torna parte do todo que amamos.
Nesse ponto o amor é livre, porque não está acorrentado a uma idéia, uma crença, um sentimento ou uma pessoa. Não se prende a nada. Amor livre.
Depois disso o que sobra é a paz de espírito. Um contato com a espiritualidade que jamais poderia ser verdadeiramente experimentado enquanto existisse apego.
Desapego nos permite amar de verdade e ser verdadeiramente livres. É o caminho real para a plenitude!

Mas não há como forçar. Pelo contrário, quando uma pessoa se nega a viver suas paixões e seus apegos ela não encontra essa paz. Pelo contrário, vive a vida inteira lutando contra o desejo que nunca vencerá. Viver, tanto em imaginação quanto em realidade, nossas paixões é essencial para assimilarmos nossas lições de existência.

Deixo aqui as sábias palavras de Kahlil Gibran sobre o amor.

“Quando o amor vier ter convosco, continuai seguros embora os seus caminhos sejam árduos e sinuosos. E quando as suas asas vos envolverem, abraçai-o, embora a espada oculta sob as asas vos possa ferir. E quando ele falar convosco, acreditai, embora a sua voz possa abalar os vossos sonhos como o vento do norte devasta o jardim.

Pois o amor, coroando-vos, também vos sacrificará. Assim como é para o vosso crescimento também é para a vossa decadência.

Mesmo que ele suba até vós e acaricie os mais ternos ramos que tremem ao sol, Também até às raízes ele descerá e abaná-las-à enquanto elas se agarram à terra. Como molhos de trigo ele vos junta a si. Para amanha vos pôr a nu.

Vos peneira para vos libertar das impurezas. Vos mói até à alvura. Vos amassa até vos tomardes moldáveis. E depois entrega-vos ao seu fogo sagrado, para que vos tomeis pão sagrado para a sagrada festa de Deus.

Toda estas coisas vos fará o amor até que conheçais os segredos do vosso coração, e, com esse conhecimento, vos tomeis um fragmento do coração da Vida.

Mas se, receosos, procurardes só a paz do amor e o prazer do amor, então é melhor que oculteis a vossa nudez e saiais do amor, para o mundo sem sentido onde rireis, mas não com todo o vosso riso, e chorareis mas não com todas as vossas lágrimas.

O amor só se dá a si e não tira nada senão de si.

O amor não possui nem é possuído;

Pois o amor basta-se a si próprio.

Quando amardes não deveis dizer "Deus está no meu coração", mas antes "Eu estou no coração de Deus".
E não penseis que podeis alterar o rumo do amor, pois o amor, se vos achar dignos, dirigirá o seu curso.

O amor não tem outro desejo que o de se preencher a si próprio. Mas se amardes e tiverdes desejos, que sejam esses os vossos desejos: Fundir-se e ser como um regato que corre e canta a sua melodia para a noite. Para conhecer a dor de tanta ternura. Ser ferido pela vossa própria compreensão do amor. E sangrar com vontade e alegremente.

Despertar de madrugada com um coração alado e dar graças por mais um dia de amor.

Repousar ao fim da tarde e meditar sobre o êxtase do amor;

Regressar a casa à noite com gratidão. E depois adormecer com uma prece para os amados do vosso coração e um cântico de louvor nos vossos lábios.”


Doenças psicossomáticas e responsabilidade

Não é de hoje que as pessoas procuram atribuir ao mundo externo a causa para muitos de seus males. A falta de contato com o próprio mundo interno causa diversos problemas de saúde por debilitar o sistema imunológico ou no surgimento de sintomas sem nenhum antígeno aparente.
No livro Orgulho e Preconceito, a mãe da Protagonista, Mrs Bennet, possui um costume relevante. Sempre reclama de como as pessoas agridem seus pobres nervos.
Muitas doenças, como a pressão alta, em certas pessoas possuem causas psicológicas. Quando essa informação entra em contato com o paradigma comum, já que esse paradigma não tem equivalência ao termo psicologia, ela é deturpada. Dizem que a causa da doença da pessoa reside fora dela, no mundo que inspira nela emoções negativas.
Graças a isso, uma pessoa pode ter sua pressão elevada quando entra em contato com sujeira ou falta de organização. Partindo dessa premissa deturpada, o individuo culpa a pessoa que sujou ou desorganizou o ambiente por seu mal psicossomático. É o mundo que não tem piedade de seus pobres nervos.
Só que a causa de uma doença psicossomática é, via de regra, o próprio individuo. Assim como a dor física que sentimos tem o sentido de nos fazer evitar certas coisas, a nossa mente faz o mesmo. Mas as dores físicas podem ser infligidas unicamente por outros, enquanto que a dor mental existe por causa do apego do indivíduo. Uma pessoa que definha pela falta de outra e morre. Ou uma que se deprime por ter perdido riquezas, seu poderio, destrói o próprio corpo culpando o mundo por isso.
O conhecimento grosseiro sobre as doenças psicossomáticas não passa de um instrumento com o qual o individuo insiste no erro, se faz de vítima, e se destrói na plena fé de que o outro é culpado. Quanto mais vazio for o indivíduo, com mais vontade ele procurará culpar o mundo por sua miséria. Prende-se em correntes e depois reclama da dor que elas causam!