Em tempos remotos a força física era aquilo que dava valor a um homem, porque isso determinava a sua força de trabalho e sua capacidade de se defender. Hoje em dia, para ambas as funções, a força física se tornou praticamente irrelevante, já que existem armas de fogo e maquinaria industrial. A tendência, com a evolução da robótica, é o trabalho pesado ser totalmente erradicado. Assim, o homem não está sendo substituído pela maquina e se tornando irrelevante: ele está se libertando de trabalhos pesados que não permitiriam o pleno uso do raciocínio. Hoje em dia a força física, no homem, não passa de vaidade.
Nos tempos modernos existe o qi, que é a forma pela qual costumam medir a inteligência das pessoas. Há propagandas de teste de qi em cada canto da internet justamente porque querem passar a idéia de que ter o qi alto é ser mais inteligente. No entanto preciso apresentar minhas objeções sobre esse conceito de inteligência, pois não só ele é falso como também é prejudicial.
Um teste de qi possui operações de lógica mecânica. Noutras palavras, nele você irá resolver anagramas, associar logicamente seqüências de números, associar fugiras. Noutras palavras, você jamais será colocado para questionar qualquer coisa nesse teste. Irá apenas interpretar complicadas e inúteis operações lógicas. Se pergunte: será que Nietzsche tinha um qi alto?
O teste de qi jamais poderá medir a inteligência humana realmente, pois o que ele mede é a capacidade para calcular coisas mecanicamente, e são ínfimas as situações em que esse tipo de lógica é útil. Quase sempre o ser humano resolve problemas usando sua criatividade. Aliás, esse tipo de medida de inteligência negligencia totalmente a arte. Afinal, se a mulher melancia tiver um QI maior do que o Mozart nós deveríamos dizer que ela é mais inteligente?
Não só é falso esse tipo de visão sobre a inteligência como se torna cada vez mais irrelevante. As fórmulas que decoramos podem ser colocadas num programa simples. As operações matemáticas chatas que fazemos podem ser feitas por computadores. O Word pode decifrar nossos anagramas, e com o tempo a inteligência artificial será avançada o bastante para tornar todo esse exercício irrelevante. Os cálculos elementares, que dependem dessa lógica crua serão totalmente realizados por maquinas, sobrando para as pessoas apenas a liberdade de criar coisas a partir desses princípios, sem terem de se preocupar com cálculos.
Hoje em dia te dizem que sua mente é exercitada pelo exercício cansativo e repetitivo da matemática. Que a mente é como um músculo. Mas isso é uma fraude que existe para a alienação. A partir do momento em que você concentra sua energia em cálculos inúteis para os quais você não dará nenhuma aplicação que seja uma prova(vestibular) você na verdade está se tornando mais idiota, porque você não está criando. Está se tornando uma maquina de interpretar e calcular, que poderá, em breve ser substituída por um programa de computador. Aliás, pior, como esse tipo de exercício mecânico é exaustivo, você provavelmente não irá querer ficar perto do conhecimento que ele decorre depois de passar na prova. Exercitar a capacidade de calculo exaustivamente é um erro, e uma pessoa com boa capacidade para calcular não é inteligente! Uma pessoa capaz de dar aplicação prática sim, essa é inteligente. Porque inteligência é criatividade, e essa é a qualidade essencialmente humana que jamais será substituída pela maquina. Afinal de contas, criar não é exaustivo como levantar pesos e resolver equações matemáticas entediantes.
A criatividade é mais incrível porque não engloba só o pensamento e a inteligência. Também é uma qualidade que engloba a sensibilidade. Um artista é sensível e criativo. Uma pessoa só sensível e sem criatividade provavelmente só será constantemente movida por aproveitadores. É o caso de muitos religiosos. Se fossem criativos, no entanto, dificilmente cairiam nas garras de um religioso, pois teriam seus sentimentos canalizados na arte.
No futuro tudo o que restará ao homem será o raciocínio crítico e a criatividade, tanto sentimental quanto racional. Você seria capaz de sobreviver nesse futuro?
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