Liberdade e integração: duas faces da mesma moeda

Parece contraditório dizer que um indivíduo é livre enquanto está integrado a algo maior, pois se ele é integrado nesse algo maior ele necessariamente serve à utilidades coletivas, o que fere o senso de liberdade individual.

Colocando em outra perspectiva, pode-se dizer que o amor integra e une, destituindo o indivíduo da liberdade e o prendendo inevitavelmente, e que a liberdade separa o homem, destituindo-o de integração, o que tornaria o amor impossível.

Mas a questão não pode ser vista só duma perspectiva racional, senão cairíamos no “tertium non Datur” (não há terceira alternativa). A forma como a plenitude funciona tem uma estrutura que independe do nosso pensamento lógico de tal maneira que eu abandonei a esperança de que toda a realidade pode ser conhecida através da racionalidade. A mim parece melhor viver as duas características sem considerar a validade lógica de se viver dessa forma.

Uma pessoa livre não se submete ao julgamento alheio para se construir, e não se baseia no pensamento do próximo para moldar os próprios pensamentos. Como os outros têm a terrível tendência de tentar impor seus julgamentos aos demais, a pessoa livre acaba se isolando.

Uma pessoa integrada não se submete à arbitrariedade e ambigüidade do mundo interior. Se sente segura integrada no coletivo e não suporta a solidão por este mesmo motivo. Procura negar (geralmente devido ao pensamento maniqueísta) certos aspectos de suas existência e com isso se prende, não chegando a alcançar sua própria identidade, mas sendo um expelho. “Um Eco”...

Mas ser livre e se integrado são coisas igualmente necessárias para se viver uma vida plena. Ambas têm função crucial para a vida saudável, e por isso há de se buscar uma forma de integrar as duas. Pensando racionalmente seria como unir fogo e água num só elemento, mas na prática as coisas se tornam bem simples.

Se começamos da liberdade para alcançarmos a plenitude, um raciocínio deve ser útil: Se por um lado nossas considerações pessoais são de extrema importância, quando há informações que vêm de fora elas se tornam mais ricas. A integração, nesse caso, seria uma forma de ampliar a liberdade, pois a partir do contato com os outros poderíamos colocar a realidade sob perspectivas que jamais imaginamos, já que essa perspectiva parte da individualidade de outra pessoa. Assim, o contato com o mundo externo torna o mundo interno rico, e o mundo interno rico prende-se menos. É uma ótima forma de nos livrarmos dos nossos próprios preconceitos.

Se começamos da integração para alcançarmos a plenitude, outro raciocínio deve ser útil: como parte de um todo, assim como num organismo, deve-se ter consciência da própria essência (por mais doloroso que isso seja) para que saibamos qual é o nosso lugar nesse todo. Se formos guiados por outros a tendência é a frustração. Como um braço que é designado para sustentar o peso do corpo no lugar da perna. As determinações coletivas são, muitas vezes, arbitrárias, e por isso a individualidade é fundamental para uma integração plena.

É algo que deve ser posto em prática. A dicotomia de ser parte de um todo e ser livre ao mesmo tempo, quando vivida, trás a felicidade e, acima de tudo, a paz. Uns dizem que o ser humano precisa pensar e se emancipar. Outros dizem que o ser humano precisa amar, e entender que somos todos um. Eu digo que somente quando os dois forem realidades simultâneas é que haverá progresso. Sem integração não há cooperação, e sem liberdade os homens são manipulados e adestrados.

Recomendo um post muito interessante e relevante do Blog do Duan Outsider à beira do abismo:

http://outsidercaos.blogspot.com/2009/05/lxii-acerca-do-papel-social-motriz-de.html

Fala de forma ácida sobre homens que abrem mão da liberdade para viverem uma vida de alienação e servidão.

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