Hoje um diálogo do Californication veio à minha mente.
Trixxie: One day I was blowing this persian guy and I tough. I wonder how hank is doing
Hank: Fuck, that’s romantic.
Sei que muitas pessoas poderiam se chocar com a linguagem utilizada pelos personagens, pois ela denota um certo niilismo. Um desrespeito às regras de linguagem, que proíbem qualquer tipo de alusão ao sexo nas conversas.
Assim, Porra, que não passa de uma expressão popular para definir a ejaculação masculina, passa a ser uma palavra proibida. Caralho, buceta, puta, foda. Tudo relacionado a sexo, e tudo proibido. Apesar do fato de que a merda é muito mais desagradável do que o sexo, esse palavrão é tido como “mais leve” do que um “puta que o pariu”.
Vejo isso como uma tremenda banalidade, pois não importam as palavras que uma pessoa usa, e sim seu significado. Nesse diálogo o que a Trixxie falou foi muito belo sim. Demonstrou que não esquece de quem gosta. E o Hank conseguiu sentir isso, dando outra resposta niilista. Os sentimentos dos dois eram bons, apesar de terem sido demonstrados com uma linguagem “inapropriada”.
Outro exemplo é quando o hank pede Karen em casamento:
“- I wanna spend the rest of my life knowing the shit out of you.”
Foi romântico sim, e expresso numa linguagem niilista, o que não tornou o significado menos atraente. Bem melhor do que articulações mirabolantes que só tem a forma a oferecer e nenhum conteúdo.
Qual é a diferença entre dizer: está chovendo abundantemente e está chovendo pra caralho?
Não vejo nenhuma, e evitar termos relacionados à sexualidade parece uma herança da repressão cristã ao sexo, e eu me recuso a aceitar uma coisa dessas.
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