Antes de falar o motivo pelo qual escolhi esse curso eu preciso entrar na questão do trabalho. A palavra não veio do “tripalium” por um motivo acasual. Essa ferramenta de tortura foi associada ao “laborar” da época pelo fato de que em ambos os casos os homens sofrem. Filosoficamente eu suo contra qualquer tipo de trabalho de cunho físico e mecânico (e isso inclui os burocráticos) porque esse tipo de trabalho castra nossa criatividade e nos torna somente mais uma peça na linha de montagem.
Partindo dessa premissa algumas profissões restam: Professor, psicólogo, pesquisador e escritor. Considero todas essas alternativas muito interessantes, pois são profissões exercidas pela alma. Usamos muito mais nosso intelecto e o nosso coração (excluindo a de pesquisador). Mas há de se observar barreiras práticas e íntimas. Que reduzem as possibilidades.
A profissão de pesquisador, para seu preparo, requer um certo nível social: para se formar como um doutor e ser pesquisador é necessário que tenhamos dinheiro, que eu não tenho. Logo, é inviável na prática uma pretensão vinda de mim de ser um pesquisador. Provavelmente eu pararia num mestrado e me tornaria um professor muito atarefado.
Eu admiro profundamente a profissão de professor, mas tenho motivos para crer que não tenho “vocação” para exercer essa profissão. Dentre estes motivos está o fato de que o que há de mais polarizado na minha personalidade é a introversão. Assim sendo, por não ter desenvolvido bem a extroversão(ainda), eu só me relaciono bem com as pessoas com quem tenho um contato mais profundo. Os verdadeiros amigos. Não tenho colegas e prefiro grupos pequenos, o que não pode ser uma exigência de um professor no nosso país. Como ainda não desenvolvi essa habilidade, todas as minhas boas intenções seriam vãs, pois, da minha parte, há um demasiado desprendimento em relação á maioria das pessoas.
O contato do psicólogo com o paciente é mais profundo, e melhor para um introvertido. Há momentos em que penso que um psicólogo é como um professor, só que suas turmas são de só um aluno, que o permitem ter maior concentração. Nessa profissão eu poderei me aventurar nas profundezas das pessoas, e esse é o tipo de relação que me atrai. Ser colega ou ter uma relação afetiva superficial não é algo que seja do meu gosto. Dessa forma, ser psicólogo é algo para que creio ter potencial.
Não creio que eu já tenha o conhecimento necessário e muito menos que já tenha alcançado a plenitude ao ponto de poder transmitir “a mensagem” aos demais. Pra mim esse crescimento é gradual e não pode ser forçado. Mas se formos esperar que todos os psicólogos alcancem a plena maturidade antes mesmo de ingressarem no curso de psicologia não haverá sequer um profissional.
Aliás, mesmo depois de se formar e de anos de profissão uma pessoa pode não ser, de fato, plena. Mas é aí que entra o principal atrativo, para mim, da profissão de psicólogo. Ao entrar em contato com os problemas alheios eu posso colocar os meus sob uma nova perspectiva. Assim, em paralelo a uma terapia aplicada em mim por outro psicólogo, estarei usando a experiência da profissão para descobrir a mim mesmo. Não dispenso, é claro, a sensação boa de ajudar uma pessoa, e isso também me agrada, mas não é o que mais me atrai na profissão.
Isso sem falar no fato de que eu tenho uma paixão pelo estudo teórico do tema, que será útil no decurso da graduação e que essa é uma profissão que pode ser exercida até o fim da vida.
Sou um escritor de coração, e tenho consciência de que essa também é uma ferramenta de autoconhecimento, mas não será uma ferramenta de sustento, pois meu estilo é um tanto incomum. As pessoas gostam de ler aventuras e roteiros. Meus livros são quase como os de Platão: não tem qualquer ação. Diálogos, monólogos, pensamentos. As ações quase não são narradas e não recebem qualquer importância, o que tornará, fatalmente, meus livros um tipo de leitura não atraente.
Dessa maneira, ao ser um psicólogo eu irei unir o útil ao agradável. Uma profissão que vai ajudar no meu desenvolvimento e sustento saudável: estarei trabalhando com algo que está totalmente de acordo com minha filosofia ética.
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